19/04/2012
IHU - Do contrário é cisma. Mas Roma fará de tudo para evitar o irreparável. Da Austrália, o teólogo John Lamont mostra que uma reconciliação é possível.
A reportagem é de Sandro Magister e está publicada no sítio Chiesa, 13-04-2012. A tradução é do Cepat.
Para os próximos dias, espera-se a resposta da Fraternidade Sacerdotal São Pio X à última chamada da Igreja de Roma para a sua volta ao redil.
A reportagem é de Sandro Magister e está publicada no sítio Chiesa, 13-04-2012. A tradução é do Cepat.
Para os próximos dias, espera-se a resposta da Fraternidade Sacerdotal São Pio X à última chamada da Igreja de Roma para a sua volta ao redil.
Os prognósticos oscilam entre o otimismo e o pessimismo. O jogo em andamento entre a Santa Sé e a comunidade fundada pelo arcebispo Marcel Lefebvre
começou no dia 21 de janeiro de 2009 com a remissão da excomunhão aos
quatro bispos da comunidade ilegitimamente ordenados pelo próprio Lefebvre.
Entrou no fundo da questão com oito encontros em Roma entre ambas as
partes, entre o mês de outubro de 2009 e o mês de abril de 2011,
culminando com a entrega aos lefebvrianos, no dia 14 de setembro de
2011, por parte da Congregação para a Doutrina da Fé, de um Preâmbulo Doutrinal
como “base fundamental para a consecução da plena reconciliação”. E
continuou com a aceitação apenas parcial deste preâmbulo por parte dos
lefebvrianos, aceitação julgada “insuficiente” por Roma para sanar a “fratura”.
Até aqui os tempos regulamentares do jogo, com o apito que soou no dia 16 de março passado com um comunicado emitido pela Santa Sé.
Mas nesse mesmo dia começou a prorrogação, que pode ainda durar muito
tempo. No mesmo comunicado de 16 de março, Roma ofereceu aos
lefebvrianos a possibilidade de uma ulterior resposta; é a que está
sendo aguardada agora de um dia para o outro.
Mas, qual é
exatamente a causa doutrinal da divisão? E por que há fratura entre Roma
e os lefebvrianos por sua recusa a algumas doutrinas do Concílio
Vaticano II, ao passo que, ao mesmo tempo, outras correntes católicas de
sinal oposto continuam vivendo tranquilas na Igreja, não obstante
também elas rechaçarem ensinamentos centrais do mesmo Concílio?
Estas são as perguntas a partir das quais surge a nota de John R. T. Lamont, reproduzida mais abaixo.
Seguem
outras três perguntas concatenadas, que não chegam a respostas
exaustivas, mas permitem ter um novo olhar sobre a controvérsia, às
vezes inesperada: não é hostil de maneira prejudicial em relação à Fraternidade Sacerdotal São Pio X; antes, parece mesmo muito compreensiva sobre suas razões.
O autor, licenciado em Filosofia em Oxford e em Teologia em Ottawa com o grande teólogo dominicano Jean-Marie-Tillard, vive na Austrália e ensina em Sidney no Instituto Católico e na Universidade de Notre Dame, com o mandato canônico da arquidiocese para o ensinamento da teologia.
Publicou vários livros e ensaios, também em revistas não especializadas como a americana First Things.
No último número da revista internacional Divinitas, dirigida por Brunero Gherardini,
saiu nestes dias um artigo seu sobre como interpretar o ensinamento do
Concílio sobre a liberdade religiosa: “Pour une lecture pieuse de
Vatican II au sujet de la liberté religieuse”, Divinitas vol. 55, 2012/1, pp. 70-92.
A seguinte nota foi escrita por John R. T. Lamont expressamente para o sítio Chiesa.
As perguntas de um teólogo, por John R. T. Lamont
Em um comunicado de 16 de março de 2012, a Santa Sé anunciou que o bispo Bernard Fellay superior geral da Fraternidade Sacerdotal São Pio X foi informado de que a resposta da Fraternidade ao Preâmbulo Doutrinal apresentado pela Congregação para a Doutrina da Fé foi julgada “insuficiente para resolver os problemas doutrinais que estão na base da fratura entre a Santa Sé e esta Fraternidade”. O comunicado não esclarece se este juízo foi emitido pela Congregação para a Doutrina da Fé e aprovado pelo Papa, ou se é o juízo do próprio Papa. Este juízo é o último, até agora, de um processo de discussão sobre as questões de doutrina entre a Congregação para a Doutrina da Fé e a Fraternidade Sacerdotal São Pio X.
A natureza e a seriedade deste juízo colocam importantes perguntas para
um teólogo católico. O dever deste artigo é responder a estas
perguntas.
A reserva dos colóquios doutrinais em curso dificulta
expressar um comentário sobre o juízo. A razão desta reserva é difícil
de compreender, pois os argumentos da discussão não se referem aos
detalhes práticos de uma enumeração de uma ordem canônica – que se teria
beneficiado claramente da discrição – mas matérias de fé e de doutrina,
que dizem respeito não apenas às partes implicadas, mas a todos os
fiéis católicos. Contudo, já se falou bastante em público sobre a
posição da Fraternidade Sacerdotal São Pio X para permitir uma avaliação da situação. Há duas coisas que é preciso considerar aqui: a fratura entre a Santa Sé e a Fraternidade produzida pelos problemas doutrinais em discussão, e a natureza destes mesmos problemas doutrinais.
Em uma réplica a um estudo de Fernando Ocáriz sobre a autoridade doutrinal do Concílio Vaticano II, o padre Jean-Michel Gleize da Fraternidade enumerou os elementos deste Concílio que a Fraternidade considera inaceitáveis:
“Ao
menos quatro pontos do ensinamento do Concílio Vaticano II estão de tal
maneira em contradição lógica com as declarações do precedente
magistério tradicional, que é impossível interpretá-los na linha dos
outros ensinamentos já contidos nos documentos precedentes do magistério
da Igreja. O Vaticano II quebrou, portanto, a unidade do magistério, na
medida em que quebrou a unidade de seu objeto. Os quatro pontos são os
seguintes.
A doutrina da liberdade religiosa, assim como se expressa no n. 2 da Declaração Dignitatis Humanae, contradiz os ensinamentos de Gregório XVI na Mirari vos e de Pio IX na Quanta cura, assim como as de Leão XIII na Immortale Dei e as de Pio XI na Quas primas.
A doutrina da Igreja, assim como se expressa no n. 8 da Constituição Lumen Gentium, contradiz os ensinamentos de Pio XII na Mystici corporis e na Humani generis.
A doutrina sobre o ecumenismo, assim como se expressa no n. 8 da Lumen Gentium e no n. 3 do Decreto Unitatis Redintegratio, contradiz os ensinamentos de Pio IX nas proposições 16 e 17 do Syllabus, as de Leão XIII na Satis cognitum e as de Pio XI na Mortalium animos.
A doutrina da colegialidade, assim como se expressa no n. 22 da Constituição Lumen Gentium, inclusive o n. 3 da Nota Prévia, contradiz os ensinamentos do Concílio Vaticano I sobre a unicidade do sujeito do supremo poder na Igreja, e a Constituição Pater aeternus.”
O Padre Gleize esteve presente na discussão doutrinal entre a Fraternidade e as autoridades romanas, assim como também Ocáriz. Podemos assumir de forma razoável as afirmações citadas como uma descrição dos pontos doutrinais sobre os quais a Fraternidade não quer transigir e que foram considerados pela Santa Sé como inevitável origem da fratura.
O Vaticano II como a razão da fratura?
A primeira pergunta com a qual um teólogo tropeça em relação à posição da Fraternidade diz respeito à questão da autoridade do Concílio Vaticano II. O artigo de Ocáriz ao qual o padre Gleize replicou, publicado no número de 2 de dezembro de 2011 no L’Osservatore Romano, parece sustentar que uma recusa da autoridade do Vaticano II seja a base da fratura verificada pela Santa Sé. Mas para quem estiver a par tanto da posição teológica da Fraternidade como do clima de opinião teológica na Igreja católica, esta tese é difícil de entender. Os pontos mencionados pelo padre Gleize são apenas quatro do volumoso ensinamento do Vaticano II. A Fraternidade não rechaça o Vaticano II em sua globalidade: pelo contrário, o bispo Fellay afirmou que a Fraternidade aceita 95% de seus ensinamentos. Isso significa que a Fraternidade é mais fiel aos ensinamentos do Vaticano II que boa parte do clero e da hierarquia da Igreja católica.
Consideremos as seguintes asserções deste Concílio:
Dei Verbum
11: “A santa mãe Igreja, segundo a fé apostólica, considera como santos
e canônicos os livros inteiros do Antigo e do Novo Testamento com todas
as suas partes, porque, escritos por inspiração do Espírito Santo, têm
Deus por autor, e como tais foram confiados à própria Igreja. Todavia,
para escrever os livros sagrados, Deus escolheu e serviu-se de homens na
posse das suas faculdades e capacidades, para que, agindo Ele neles e
por eles, pusessem por escrito, como verdadeiros autores, tudo aquilo e
só aquilo que Ele queria”.
Dei Verbum 19: “Estes
quatro Evangelhos, cuja historicidade afirma sem hesitação, transmitem
fielmente as coisas que Jesus, Filho de Deus, durante a sua vida
terrena, realmente operou e ensinou para salvação eterna dos homens, até
ao dia em que subiu ao céu”.
Lumen Gentium 8:
“A sociedade organizada hierarquicamente, e o Corpo místico de Cristo, o
agrupamento visível e a comunidade espiritual, a Igreja terrestre e a
Igreja ornada com os dons celestes não se devem considerar como duas
entidades, mas como uma única realidade complexa, formada pelo duplo
elemento humano e divino”.
Lumen Gentium 10: “O
sacerdócio comum dos fiéis e o sacerdócio ministerial ou hierárquico,
embora se diferenciem essencialmente e não apenas em grau, ordenam-se
mutuamente um ao outro; pois um e outro participam, a seu modo, do único
sacerdócio de Cristo. Com efeito, o sacerdote ministerial, pelo seu
poder sagrado, forma e conduz o povo sacerdotal, realiza o sacrifício
eucarístico fazendo as vezes de Cristo e oferece-o a Deus em nome de
todo o povo; os fiéis, por sua parte, concorrem para a oblação da
Eucaristia em virtude do seu sacerdócio real, que eles exercem na
recepção dos sacramentos, na oração e ação de graças, no testemunho da
santidade de vida, na abnegação e na caridade operosa”.
Lumen Gentium
14: “O Concílio ensina que esta Igreja, peregrina sobre a terra, é
necessária para a salvação. Com efeito, só Cristo é mediador e caminho
de salvação e Ele torna-Se-nos presente no Seu corpo, que é a Igreja; ao
inculcar expressamente a necessidade da fé e do Batismo (cfr. Mc.
16,16; Jo. 3,15), confirmou simultaneamente a necessidade da Igreja,
para a qual os homens entram pela porta do Batismo”.
Gaudium et Spes
48: “Por sua índole natural, a instituição do matrimônio e o amor
conjugal estão ordenados por si mesmos à procriação e à educação da
prole, que constituem como que a sua coroa”.
Gaudium et Spes
51: “A vida desde a sua concepção há de ser salvaguardada com o máximo
cuidado; o aborto e o infanticídio são crimes abomináveis”.
A
grande maioria dos teólogos nas instituições católicas da Europa, da
América do Norte, Ásia e Austrália tende a rechaçar todas ou a maior
parte destes ensinamentos. Estes teólogos são seguidos nestas áreas pela
maior parte das ordens religiosas e por uma parte consistente dos
bispos. Seria difícil, por exemplo, encontrar um jesuíta que ensina
teologia em qualquer instituição jesuíta que aceite um só destes textos.
Os textos citados são uma seleção dos ensinamentos do Vaticano II que
são rechaçados por estes grupos; e poderíamos ter acrescentado outros.
Pois bem, estes ensinamentos fazem parte justamente desses 95% do Vaticano II que a Fraternidade aceita. E ao contrário dos 5% desse Concílio rechaçado pela Fraternidade,
os ensinamentos referidos mais acima são centrais para a fé cristã e a
moral católica e incluem alguns dos ensinamentos fundamentais do próprio
Cristo.
A primeira pergunta que o comunicado da Santa Sé faz a um teólogo é: por que o rechaço por parte da Fraternidade Sacerdotal São Pio X de uma pequena parte dos ensinamentos do Vaticano II origina uma fratura entre a Fraternidade Sacerdotal São Pio X e a Santa Sé,
ao passo que a recusa de ensinamentos do Vaticano II mais numerosos e
importantes por parte de outros grupos da Igreja deixa estes grupos
tranquilos em seu lugar e em posse de uma plena condição canônica? A
recusa da autoridade do Vaticano II por parte da Fraternidade Sacerdotal São Pio X não pode ser a resposta a esta questão. Na realidade, a Fraternidade mostra maior respeito pela autoridade do Vaticano II do que a maior parte das ordens religiosas na Igreja.
É interessante observar que os textos do Vaticano II rechaçados pela Fraternidade Sacerdotal São Pio X
são aceitos por esses grupos dentro da Igreja que rechaçam outros
ensinamentos deste Concílio. Poder-se-ia, portanto, supor que são
justamente estes textos específicos – sobre a liberdade religiosa, a
Igreja, o ecumenismo, a colegialidade – que causam o problema. A fratura
entre a Santa Sé e a Fraternidade Sacerdotal São Pio X nasce porque esta última rechaça estes elementos particulares do Vaticano II, não por uma intenção da Santa Sé de defender o Vaticano II em bloco. Enquanto a fratura não surge com grupos diferentes da Fraternidade Sacerdotal São Pio X,
os quais rechaçam muito mais do Vaticano II ao aceitarem, estes grupos,
estes elementos particulares. Mas se este é o caso, a primeira pergunta
se recoloca, simplesmente, com maior força.
Problemas com a doutrina católica?
Se a fratura entre a Santa Sé e a Fraternidade Sacerdotal São Pio X não nascesse da recusa da autoridade do Concílio Vaticano II por parte da Fraternidade, poder-se-ia dar o caso que a fratura surgisse da posição doutrinal da própria Fraternidade. Depois de tudo, há dois aspectos da posição da Fraternidade Sacerdotal São Pio X
sobre o Vaticano II. O primeiro aspecto é a tese segundo a qual algumas
afirmações do Vaticano II são falsas e não devem ser aceitas; este é o
aspecto que rechaça a autoridade do Concílio. O outro aspecto é a
descrição positiva da doutrina que deveria ser aceita em lugar das
supostas falsas afirmações. Este segundo aspecto é o mais importante da
discussão entre a Fraternidade e as autoridades
romanas. Depois de tudo, a finalidade da existência dos ensinamentos
magisteriais é comunicar a verdadeira doutrina aos católicos, e sua
autoridade sobre os católicos deriva desta finalidade. Este aspecto da
posição da Fraternidade Sacerdotal São Pio X consiste
em afirmações sobre as doutrinas que os católicos deveriam crer,
afirmações que em si mesmas não dizem nada sobre os conteúdos ou a
autoridade do Vaticano II. Devemos, portanto, considerar se estas
afirmações podem dar origem a uma fratura entre a Santa Sé e a Fraternidade Sacerdotal São Pio X.
Ao julgar a posição doutrinal da Fraternidade Sacerdotal São Pio X deve ter-se em conta que há uma diferença essencial entre a posição da Fraternidade sobre
o Vaticano II e a posição desses setores dentro da Igreja que rechaçam
os ensinamentos acima citados tanto da Dei Verbum, como da Lumen Gentium
e da Gaudium et Spes. Estes setores simplesmente defendem que certas
doutrinas da Igreja católica não são verdadeiras: eles rechaçam o
ensinamento católico e ponto final. Ao contrário, a Fraternidade não
defende que o ensinamento da Igreja católica seja falso: sustenta que
algumas das afirmações do Vaticano II contradizem os ensinamentos
magisteriais que têm maior autoridade e, portanto, aceitar as doutrinas
da Igreja católica exige aceitar estes ensinamentos mais autorizados,
rechaçando a pequena porção de erros presentes no Vaticano II. Ela
sustenta que o ensinamento real da Igreja católica deve encontrar-se em
afirmações precedentes e mais autorizadas.
Em positivo, portanto, a posição doutrinal da Fraternidade Sacerdotal São Pio X consiste em sustentar os ensinamentos de uma parte dos pronunciamentos magisteriais. O padre Glaize enumera os mais importantes pronunciamentos em questão: a encíclica de Gregório XVI Mirari vos, a encíclica de Pio IX Quanta cura com o relativo Syllabus, as encíclicas de Leão XIII Immortale Dei e Satis cognitum, as encíclicas de Pio XI Quas primas e Mortalium animos, as encíclicas de Pio XII Mystici aeternus.
Todos estes são pronunciamentos magisteriais de grande autoridade e, em
algum caso, incluem definições dogmáticas infalíveis, o que não ocorre
com o Concílio Vaticano II.
Isso coloca a segunda pergunta em relação à posição da Santa Sé sobre a Fraternidade Sacerdotal São Pio X, que induz um teólogo a ser perguntar: como pode haver objeções à Fraternidade quando esta defende a verdade de pronunciamentos magisteriais de grande autoridade?
É uma pergunta que tem em si mesmo a resposta: não pode haver semelhantes objeções. Se a posição da Fraternidade Sacerdotal São Pio X
sobre a doutrina pode ser julgada objetável, deve se sustentar que sua
posição não coincide com o que realmente ensinam os pronunciamentos
magisteriais e, portanto, a Fraternidade falsifica o significado de tais
pronunciamentos. Esta tese não é fácil de sustentar, pois quando esses
pronunciamentos precedentes foram promulgados, deram origem a um
considerável corpo de estudos teológicos cujo fim era sua interpretação.
O significado que a Fraternidade lhes dá deriva deste
conjunto de estudos e corresponde a como esses pronunciamentos foram
entendidos no tempo em que se produziram.
Isso faz com que a
terceira pergunta que surge em um teólogo seja ainda mais precisa e
urgente: o que ensinam na realidade esses pronunciamentos, se não é o
que a Fraternidade diz que ensinam?
A resposta
que muitos dão é que os significados efetivos desses pronunciamentos são
dados por, ou ao menos estão em harmonia com, os textos do Concílio
Vaticano II que a Fraternidade Sacerdotal São Pio X rechaça.
Podemos admitir esta resposta como verdadeira, mas isso não ajudaria a
responder à pergunta. Os textos do Vaticano II não oferecem muitas
explicações sobre o significado desses pronunciamentos precedentes. Por
exemplo, a Dignitatis Humanae diz
simplesmente que seu ensinamento “deixa íntegra a doutrina tradicional
católica sobre o dever moral dos homens e das sociedades para com a
verdadeira religião e a única Igreja de Cristo”. Com isso não oferece
nenhuma explicação sobre o conteúdo desta doutrina.
A
insuficiência desta resposta conduz à quarta pergunta, que é a seguinte:
qual é o ensinamento autorizado da Igreja católica sobre os pontos
disputados entre a Fraternidade e a Santa Sé:
Não
há nenhuma dúvida que as discussões doutrinais entre ambas as partes
implicam um exame da questão, mas a reserva destas discussões deixa o
resto da Igreja na obscuridade sobre esta matéria. Sem uma resposta à
quarta pergunta, não há possibilidade de resposta a esta quinta
pergunta: por que as posições doutrinais da Fraternidade Sacerdotal São Pio X dão origem a uma fratura entre a Fraternidade e a Santa Sé?
Mas
esta quinta pergunta, embora significativa, não tem a importância da
quarta. A natureza do ensinamento da Igreja católica sobre a liberdade
religiosa, o ecumenismo, a Igreja e a colegialidade é de grande
importância para todos os católicos. As perguntas suscitadas pelas
discussões entre a Santa Sé e a Fraternidade dizem respeito a toda a Igreja, não apenas às partes envolvidas na discussão.
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