26/04/2012
IHU - As palavras da Última Ceia, quando Jesus convidou para beber o seu sangue, lembram que ele deveria ser derramado "por muitos" ou "por todos"?
A análise é do jornalista e escritor italiano Armando Torno, publicada no jornal Corriere della Sera, 25-04-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O Evangelho de João não as cita, mas os sinóticos – Mateus, Marcos e Lucas – as referem com variações. O texto, mesmo que Jesus falasse com os discípulos em aramaico, chegou até nós em grego e se espalhou no Ocidente na versão de Jerônimo, a Vulgata latina.
Se "por muitos" levanta discussões e alguns preferem "por todos" (a reforma de Paulo VI sugeriu isso em 1969), deve-se dizer que o Evangelho de Mateus (26, 28) relata peri pollôn (que se tornou pro multis). Marcos (14, 24), ao contrário, escolhe uper pollôn, que Jerônimo traduz novamente por pro multis.
As duas expressões gregas podem ter em italiano – a sugestão é de Luciano Canfora anos atrás, durante os debates sobre o caso – significados como "por muitas razões" (Mateus) ou "em defesa de muitos" (Marcos). Lucas (22, 17) se expressa com uper umôn, que, na Vulgata, se tornou pro vobis e não contrasta com o italiano "por vós".
As palavras da tradição litúrgica, no entanto, retomam o grego peri pollôn e o latim pro multis, que são um traço do semítico la-rabbîm: que significa "pelas multidões" ou mesmo "por todos". Traduzir por "muitos" nos parece impróprio com relação ao original hebraico.
A análise é do jornalista e escritor italiano Armando Torno, publicada no jornal Corriere della Sera, 25-04-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O Evangelho de João não as cita, mas os sinóticos – Mateus, Marcos e Lucas – as referem com variações. O texto, mesmo que Jesus falasse com os discípulos em aramaico, chegou até nós em grego e se espalhou no Ocidente na versão de Jerônimo, a Vulgata latina.
Se "por muitos" levanta discussões e alguns preferem "por todos" (a reforma de Paulo VI sugeriu isso em 1969), deve-se dizer que o Evangelho de Mateus (26, 28) relata peri pollôn (que se tornou pro multis). Marcos (14, 24), ao contrário, escolhe uper pollôn, que Jerônimo traduz novamente por pro multis.
As duas expressões gregas podem ter em italiano – a sugestão é de Luciano Canfora anos atrás, durante os debates sobre o caso – significados como "por muitas razões" (Mateus) ou "em defesa de muitos" (Marcos). Lucas (22, 17) se expressa com uper umôn, que, na Vulgata, se tornou pro vobis e não contrasta com o italiano "por vós".
As palavras da tradição litúrgica, no entanto, retomam o grego peri pollôn e o latim pro multis, que são um traço do semítico la-rabbîm: que significa "pelas multidões" ou mesmo "por todos". Traduzir por "muitos" nos parece impróprio com relação ao original hebraico.
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jbpsverdade: Para que entendamos se "por todos" ou se "por muitos", vamos recorrer ao profeta Isaias, vejamos... Mas aprouve ao Senhor esmagá-lo pelo sofrimento; se ele oferecer sua vida em
sacrifício expiatório, terá uma posteridade duradoura, prolongará seus dias, e a
vontade do Senhor será por ele realizada.
Após suportar em sua pessoa os tormentos, alegrar-se-á de conhecê-lo até o enlevo. O Justo, meu Servo, justificará muitos homens, e tomará sobre si suas iniquidades.
Eis por que lhe darei parte com os grandes, e ele dividirá a presa com os poderosos: porque ele próprio deu sua vida, e deixou-se colocar entre os criminosos, tomando sobre si os pecados de muitos homens, e intercedendo pelos culpados. (Is 53, 10-12)
Com efeito, nem todos irão se beneficiar do sangue de Cristo e isto não é vontade d'Ele. A Sua vontade é que todos se salvem, pois foi para isso que Ele veio.
Quando falamos do sangue de Jesus, só lembramos a cruz como se fosse o único momento em que o sangue de Jesus foi derramado para a nossa salvação, mas não, eis o momento em que o sangue de Cristo começou a molhar o chão em remissão pelos nossos pecados... Ele entrou em agonia e orava ainda com mais instância, e seu suor tornou-se como gotas de sangue a escorrer pela terra. (Lc 22, 44)
Após suportar em sua pessoa os tormentos, alegrar-se-á de conhecê-lo até o enlevo. O Justo, meu Servo, justificará muitos homens, e tomará sobre si suas iniquidades.
Eis por que lhe darei parte com os grandes, e ele dividirá a presa com os poderosos: porque ele próprio deu sua vida, e deixou-se colocar entre os criminosos, tomando sobre si os pecados de muitos homens, e intercedendo pelos culpados. (Is 53, 10-12)
Com efeito, nem todos irão se beneficiar do sangue de Cristo e isto não é vontade d'Ele. A Sua vontade é que todos se salvem, pois foi para isso que Ele veio.
Quando falamos do sangue de Jesus, só lembramos a cruz como se fosse o único momento em que o sangue de Jesus foi derramado para a nossa salvação, mas não, eis o momento em que o sangue de Cristo começou a molhar o chão em remissão pelos nossos pecados... Ele entrou em agonia e orava ainda com mais instância, e seu suor tornou-se como gotas de sangue a escorrer pela terra. (Lc 22, 44)
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