6 de abril
Marcelino foi um sábio e dedicado religioso, amigo e discípulo de
Agostinho, bispo de Hipona, depois canonizado e declarado doutor da
Igreja. Entretanto Marcelino acabou sendo vítima de um dos lamentáveis
cismas que dividiram o cristianismo. Foram influências políticas, como o
donatismo, que levaram esse honrado cristão à condenação e ao martírio.
Tudo teve início muitos anos antes, em
310.
O imperador Diocleciano ordenara ao povo a entrega e queima de
todos os livros sagrados. Quem obedeceu, passou a ser considerado
traidor da Igreja. Naquele ano, Ceciliano foi eleito bispo de Cartago,
mas teve sua eleição contestada por ter sido referendada por um grupo de
bispos traidores, os mesmos que entregaram os livros sagrados.
O bispo Donato era um desses e, além
disso, tinha uma posição totalmente contrária ao catolicismo ortodoxo.
Ele defendia que os sacramentos só podiam ser ministrados por santos,
não por pecadores, isto é, gente comum. Os seguidores do bispo Donato,
portanto, tornaram-se os donatistas, e a Igreja dividiu-se.
Em Cartago, Marcelino ocupava dois
cargos de grande importância: era tabelião e tribuno, funcionando,
assim, como um porta-voz da população diante das autoridades do Império
Romano. Era muito religioso, ligado ao bispo Agostinho, de Hipona,
reconhecido realmente como homem de muita fé e dedicação à Igreja.
Algumas obras escritas pelo grande teólogo bispo Agostinho partiram de
consultas feitas por Marcelino. Foram os tratados “sobre a remissão dos
pecados”, “sobre o Espírito”, e o mais importante, “sobre a Trindade”,
porém nenhum deles pôde ser lido por Marcelino.
Quando Marcelino se opôs ao movimento
donatista, em 411, foi denunciado como cúmplice do usurpador Heracliano e
condenado à morte. Apenas um ano depois da execução da pena é que o
erro da justiça romana foi reconhecido pelo próprio imperador Honório.
Assim, a acusação foi anulada e a Igreja passou a reverenciar são
Marcelino como mártir. Sua festa litúrgica foi marcada para o dia 6 de
abril, data de sua errônea execução.
São Marcelino, rogai por nós!
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