5 de abril
Vicente nasceu em Valência, na Espanha, em 1350. Passou a infância e a
juventude junto aos padres dominicanos, que tinham um convento próximo
de sua casa. Percebendo sua vocação, pediu ingresso na Ordem dos
Pregadores (dominicanos) aos dezessete anos.
Vicente estudou em Lérida, Barcelona e
Tolosa, doutorando-se em filosofia e teologia, e ordenando-se sacerdote
em 1378. Pregador nato, nesse mesmo ano começou sua peregrinação por
toda a Europa, durante um período negro da história, quando ocorreu a
Guerra dos Cem Anos, quando forças políticas, alheias à Igreja, tinham
tanta influência que atuavam até na eleição dos papas.
Assim, quando um italiano foi eleito
papa, Urbano VI, as correntes políticas francesas não o aceitaram e
elegeram outro, um francês, Clemente VII, que foi residir em Avinhão, na
França. A Igreja dividiu-se em duas, ocorrendo o chamado cisma da
Igreja ocidental, porque ela ficou sob dois comandos, o que durou trinta
e nove anos.
Vicente Ferrer, pregador, já era muito
conhecido. Como prior do convento de Valência, teve contato com o
cardeal Pedro de Luna, que o convenceu da legitimidade do papa de
Avinhão, e Vicente aderiu à causa. Em 1384, o referido cardeal foi
eleito papa Bento XIII e habilmente fez do dominicano Vicente seu
confessor, sendo defendido por ele até 1416, como fazia Catarina de
Sena, sua contemporânea, pelo italiano Urbano VI.
O coração desse dominicano era dotado de
uma fé fervorosa, mas passando por uma divisão dessas, e juntando-se o
panorama geral da Europa na época: por toda parte batalhas sangrentas,
calamidades públicas, fome, miséria, misticismo, ignorância, além da
peste negra, que dizimou um terço da população. Tudo isso fez que a
pregação de Vicente Ferrer ganhasse a nuance do fatalismo.
Ele andou pela Espanha, França, Itália,
Suíça, Bélgica, Inglaterra e Irlanda e muitas outras regiões, defendendo
sempre a unidade da Igreja, o fim das guerras, o arrependimento e a
penitência, como forma de esperar a iminente volta de Cristo. Tornou-se a
mais alta voz da Europa. Pregava para multidões e as catedrais
tornavam-se pequenas para os que queriam ouvi-lo. Por isso fazia seus
sermões nas grandes praças públicas. Milhares de pessoas o seguiam em
procissões de penitência. Dizem os registros da Igreja, e mesmo os que
não concordavam com ele, que Deus estava do seu lado. A cada procissão
os prodígios e graças sucediam-se e podiam ser comprovados às centenas
entre os fiéis.
O cisma da Igreja só terminou quando os
dois papas renunciaram ao mesmo tempo, para o bem da unidade do
cristianismo. Vicente retirou seu apoio ao papa Bento XIII e, com sua
atuação, ajudou a eleger o novo papa, Martinho V, trazendo de novo a
união da Igreja ocidental. As nuvens negras dissiparam-se, mas as
conversões e as graças por obra de Vicente Ferrer ficarão por toda a
eternidade.
Ele morreu no dia 5 de abril de 1419, na
cidade de Vannes, Bretanha, na França. Foi canonizado pelo papa Calisto
III, seu compatriota, em 1458, que o declarou padroeiro de Valência e
Vannes. São Vicente Ferrer foi um dos maiores pregadores da Igreja do
segundo milênio e o maior pregador do século XIV.
São Vicente Ferrer, rogai por nós!
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