ultimosegundo - Assassinato não aconteceu, mas Cláudio Antônio Guerra revela que se disfarçou de padre durante ação contra ex-líder de esquerda
Brizola entre Franco Montoro e Ruth Escobar cantam o Hino Nacional no Comício Pró-Diretas, em 1984 |
O ex-delegado do DOPS (Departamento de Ordem Político
Social) do Espírito Santo, Cláudio Antônio Guerra, revela no livro
“Memórias de uma Guerra Suja” que se disfarçou de padre para tentar
assassinar Leonel Brizola, fundador do PDT e um dos líderes da
resistência contra a ditadura militar. O disfarce era uma estratégia
para responsabilizar a Igreja Católica pelo atentado.
Segundo Guerra, a operação foi comandada pelo coronel de Exército
Freddie Perdigão (Serviço Nacional de Informações - SNI) e pelo
comandante Antônio Vieira (Centro de Informações da Marinha - Cenimar).
“Os militares também andavam muito aborrecidos com a Igreja Católica,
que estava se alinhando à esquerda, pela abertura política”, afirma
Guerra. Perdigão e Vieira também estavam à frente do atentado ao
Riocentro.
Guerra levava também uma pasta com um revólver calibre 45. A arma era
a preferida dos cubanos. A intenção também era ligar o governo de Fidel
Castro ao assassinato. “Eu me lembro do boato de que Fidel Castro
estava aborrecido por Brizola ter ficado com o dinheiro enviado por Cuba
para financiar a guerrilha do Caparaó (o primeiro movimento de luta
armada contra a ditadura militar). Os militares estimulavam esses boatos
nos quartéis e entre nós”, revela Guerra. “Com o retorno de Brizola, os
comentários sobre o dinheiro de Fidel apareciam aqui e ali”.
“O objetivo (do atentado) era implicar a Igreja Católica –
resolveríamos dois problemas de uma vez só – e envolver os cubanos,
insatisfeitos com a suspeita de desvio de verba para a guerrilha do
Caparaó; daí a arma calibre 45”, aponta. “O objetivo, como sempre, era
tumultuar o processo de redemocratização do Brasil”, reafirma o
ex-delegado em depoimento ao jornalistas Rogério Medeiros e Marcelo
Netto no livro que acaba de ser publicado pela editora Topbooks.
Ex-delegado do DOPS fala sobre atentado contra Brizola, veja:
A tentativa de assassinato ocorreu quando Brizola morava em
Copacabana, no Rio de Janeiro. A data é incerta. Guerra conta que foi
entre “a chegada dele do exílio, em 1979 e antes da demissão do chefe da
Casa Civil, Golbery do Couto e Silva” em 1981. O ex-delegado afirma no
livro que se hospedou no Hotel Apa, na rua República do Peru. O hotel
existe até hoje. Ele se registrou com identidade e CPF falsos,
concedidos pela Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro na
época. “Quando precisava incorporar um personagem para realizar uma
missão, eles forneciam tudo: CPF, identidade, tudo”, relata.
O ex-delegado revela no livro “Memórias de uma Guerra Suja” foi até a
porta do prédio onde Brizola montado na garupa de uma moto conduzida
pelo tenente Molina, um militar do Cenimar. Normalmente o líder de
esquerda saía de casa “um pouco antes do meio-dia”, pelas informações do
SNI repassadas ao ex-delegado do DOPS. Naquele dia, Brizola não desceu e
o atentado foi abortado. “Havia o interesse da comunidade de
informações em eliminar Brizola, só que depois houve um retrocesso, uma
mudança”, afirma Guerra.
Brizola sofreu uma tentativa de assassinato no Hotel Everest, no Rio
de Janeiro, em 18 de janeiro de 1980, quatro meses depois de chegar do
exílio. Uma bomba foi deixada na porta do apartamento do líder de
esquerda mas desativada em seguida.
*Colaborou Adriano Ceolin, iG Brasília
Um comentário:
Pois é, aqui em Campos dos Goytacazes/RJ, esta estória está dando o que falar.Conta em um dos capítulos do livro que, com a ajuda de um dono de usina(já falecido), Guerra teria mandado incinerar os corpos de 10 militantes de esquerda na Caldeiraria da Usina Cambahyba, na mesma cidade.Se você quiser saber um pouco mais, é só clicar nesses dois links.
http://robertomoraes.blogspot.com.br/2012/05/usina-cambahyba-e-ditadura-militar-na.html
http://robertomoraes.blogspot.com.br/2012/05/livro-relata-que-militantes-de-esquerda.html
Um abraço e só uma correção, tire a expressão ICAR do seu blog, é feio.
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