juliosevero
18 de maio de 2012
O FBI e as
autoridades de segurança lutam para acompanhar as milhares de denúncias
Chelsea
Schilling
(MATERIAL
EXPLÍCITO: Esta reportagem contem detalhes explícitos de abuso sexual de
crianças, conforme mostrado em várias páginas do Facebook. O WND imediatamente
denunciou as imagens de pornografia infantil e abuso sexual de crianças ao FBI.
As fotografias censuradas aqui publicadas estão entre as mais moderadas que encontrados.)
Em um sótão escuro, uma menininha
de não mais de 9 anos aparece com um olhar desconfiado, usando apenas um top.
Ela olha de rabo de olho para a câmera. Os muitos comentários abaixo de sua
foto dizem:
“Tão bonitinha!” declara um homem.
“Uhhh, isso aí”, diz outro.
Ela é apenas uma das 40 outras
pré-adolescentes em um único perfil vestidas de trajes de banho sensuais ou
sutiãs ou completamente nuas.
É apenas uma foto entre milhares de
imagens explícitas e vídeos de exploração sexual de crianças, todas disponíveis
na rede social utilizada por 901 milhões de pessoas que tanto a conhecem e
adoram: o Facebook. A maioria dos usuários dos EUA não tem ideia de que a rede
social abriga uma enorme coleção de pornografia infantil e violência sexual não
denunciada.
Conforme
anteriormente noticiado pelo WND,
a maioria desses predadores não está simplesmente procurando imagens de
pornografia infantil. Um estudo conduzido em 2007 pela Agência Federal de
Prisões, no qual psicólogos conduziram uma pesquisa de opinião detalhada sobre
o comportamento sexual de agressores virtuais, 85% deles afirmaram ter cometido
abuso sexual contra menores, desde toques inapropriados a estupros.
Em um sótão escuro, uma menininha de não mais de 9 anos aparece com um olhar desconfiado, usando apenas um sutiã top. |
O Ministério de Justiça dos EUA
explica:
Infelizmente, o mercado de
pornografia infantil disparou com o advento da internet e das tecnologias
digitais avançadas. A internet fornece uma base para os indivíduos criarem,
acessarem e compartilharem imagens de abuso sexual de crianças ao redor do
mundo com um simples clique… Os criminosos de pornografia infantil podem se
conectar a redes e fóruns de internet para compartilhar seus interesses,
desejos e experiências com o abuso de crianças, além de vender, compartilhar e
colecionar imagens.
Além disso, comunidades online
promoveram o contato entre os criminosos de pornografia infantil, normalizando
os seus interesses por crianças e insensibilizando-os para os danos físicos e
psicológicos infringidos nas pequenas vítimas. Comunidades online também atraem
e promovem novos indivíduos para se envolverem com a exploração sexual de
crianças.
Notícias sobre a resposta do Facebook à pornografia infantil
Como parte de uma investigação
secreta, o WND utilizou perfis falsos no Facebook e localizou dezenas de
imagens de pornografia infantil após adicionar vários prováveis pedófilos e
predadores que trocam milhares de fotos pornográficas na rede social. O WND
imediatamente denunciou imagens explícitas de abuso sexual de crianças ao FBI.
Outra opção de página para perfis de pedófilos: “12 to 13 boy sex” (Sexo garotos 12 a 13 anos) |
No início da investigação, o
Facebook foi lento para remover as fotos e os perfis; e em alguns casos,
pareceu não agir de forma alguma. Após três semanas de observação, alguns
perfis denunciados primeiro foram removidos em 48 horas. No entanto, a maioria
dos vídeos explícitos e grupos de interesse continuam na rede social até hoje,
e novos perfis de pedófilos são espantosamente fáceis de encontrar.
Apesar das repetidas solicitações
ao longo de quase dois anos, o Facebook não respondeu às ligações telefônicas
nem aos e-mails do WND a respeito das imagens e vídeos numerosos que são
compartilhados por seus usuários contendo crianças abusadas sexualmente ou
posando nuas. No entanto, depois que a parte 1 desta série foi publicada, a rede social forneceu
uma breve declaração por e-mail que o WND postou aqui.
(Várias outras fontes noticiaram
respostas similares do Facebook há poucos meses, após uma
enxurrada de reclamações sobre várias páginas que promoviam e faziam piadas
sobre o estupro.)
Raymond Bechard, autor de “The Berlin
Turnpike: A True Story of Human Trafficking in America,”
(“Pedágio de Berlim: Uma História Verídica do Tráfico de Pessoas nos Estados
Unidos”), lançou a campanha Men Against Prostitution And Trafficking (Homens
Contra a Prostituição e o Tráfico), uma comissão de ação política contra o
tráfico de pessoas nos EUA. Bechard utilizou perfis falsos no Facebook para
encontrar predadores de crianças e denunciá-los às autoridades federais.
“Se você denunciar as imagens ao
Facebook, o sistema deles é, infelizmente, muito incompetente e extremamente indiferente
para denunciar crimes dessa natureza”, disse Bechard ao WND. “Você denuncia ao
Facebook, mas não sabe realmente se algo aconteceu. Não há resposta, nunca, e
você tem que voltar e ver se o conteúdo já foi removido. Se uma foto ou um
vídeo de fato desaparecer, como realmente desaparece, não existe uma maneira de
saber se o crime que você testemunhou foi denunciado às autoridades”.
Em um dos casos, quase 80 fotos de
uma jovem, de cerca de 8 anos, revelava uma criança posando de fio dental
escalando uma árvore. A menina abria as pernas enquanto o fotógrafo tirava
fotos das suas nádegas e de sua genitália a poucos centímetros de distância da
criança.
Quando o WND denunciou as fotos à
rede social por telefone e pelo seu aplicativo online em 20 de março, o
Facebook não retornou as ligações nem removeu as imagens. Elas ainda estavam lá
em 3 de abril, quando o WND notificou o FBI.
Dentro de 24 horas da ocorrência
registrada no FBI, todo o perfil do usuário foi removido.
Um aviso do Facebook informa aos usuários que as fotos denunciadas podem não ser removidas do site. |
“Não falamos das nossas relações de
trabalho com o setor privado, então não posso comentar”, disse Shearer ao WND,
recusando-se a discutir as interações de segurança com o Facebook ou o Twitter
nos casos de pornografia infantil.
Ao ser perguntada se a rede social
está se tornando um atrativo para a pornografia infantil, ela respondeu,
“Parece que as pessoas utilizam os sites de redes sociais para todo tipo de
interesses, incluindo os que podem envolver, infelizmente, a sedução de crianças”.
Em sua Declaração de Direitos
e Responsabilidades, o Facebook diz a seus
usuários: “Você não publicará conteúdo que: seja detestável, ameaçador ou
pornográfico; incite violência; ou contenha nudez ou violência explícita ou
desnecessária”.
Ironicamente, a rede social
bloqueou as contas falsas do WND devido a “razões de segurança” imediatamente
após dezenas de imagens e vídeos de abuso sexual de crianças terem sido
denunciados por essas contas. Em muitos casos, o material denunciado estava
postado durante meses e havia sido visto e compartilhado por dezenas, até
centenas de pedófilos.
Remoção de fotos: “É como caçar baratas”
Richard
Lepoutre esteve ativamente envolvido na
luta para proteger crianças do abuso sexual por mais de 25 anos, e é cofundador
da luta contra pedófilos no Facebook com a campanha Stop Child Porn on
Facebook (Detenham a Pornografia Infantil
no Facebook). Ele também trava uma batalha contra a exploração sexual comercial
por meio do seu trabalho nas campanhas Stop Online Exploitation (Parem com a
Exploração Online) e Men Against Prostitution and Trafficking (Homens Contra a
Prostituição e o Tráfico).
Grupo
“10-17 teen bisexual"
|
Lepoutre afirma que “essa
comunidade de pervertidos e criminosos” tem o seu próprio fenômeno “viral”.
“Pode ter certeza de que uma foto
popular que aparece em algum momento é distribuída e compartilhada provavelmente
milhares de vezes em poucas horas”, disse. “É como caçar baratas. Você pensa
que está pegando-as, mas a imagem é como a conhecida barata que se clona
indefinidamente. Ela se esconde, e está em toda parte. Você liga a luz e elas
dispersam. Mas só porque você não as vê, não quer dizer que não estão lá”.
O Ministério de Justiça dos EUA comenta:
“As vítimas da pornografia infantil sofrem não apenas do abuso sexual
infringido nelas para produzir tal material, mas também de saber que suas
imagens podem ser vistas e colecionadas por pessoas do mundo todo. Uma vez que
a imagem esteja na internet, é irreparável, e pode continuar a circular para
sempre. O registro permanente do abuso sexual de uma criança pode alterar sua
vida para sempre. Muitas vítimas de pornografia infantil sofrem de sensações de
impotência, medo, humilhação e descontrole, uma vez que suas imagens estão
disponíveis para serem vistas para sempre”.
Durante o curso do seu trabalho,
Bechard e Lepoutre denunciaram numerosas imagens e perfis ao Facebook. Embora
contas e links para materiais de pornografia infantil possam ser desativados
pelo site, muitos pedófilos reaparecem dentro de semanas, ou mesmo dias,
afirmam. Em tais casos, os reincidentes repostam seus gigantescos álbuns de
abusos.
“Por que eles não estão evitando
que isso seja postado em primeiro lugar?” pergunta Bechard. “E o que estão
fazendo para investigar suas origens? Existe alguma mineração de dados que eles
podem fazer para descobrir se elas estão saindo de algum lugar em particular?
Por que não concentrar recursos nisso para realmente investigar da forma como
crimes dessa gravidade merecem ser investigados?”
Lepoutre listou nomes de alguns dos
maiores sites de vídeos pornográficos do mundo. O material dos websites é
cadastrado e enviado por indivíduos, em um processo parecido com a postagem de
vídeos no YouTube ou no Facebook.
“Você pode ir a qualquer um desses
gigantescos sites, e não irá encontrar pornografia infantil neles”, afirma. “É
lógico que eles possuem os meios, a tecnologia e aparentemente a motivação para
não permitir que materiais de pornografia infantil sejam enviados. Logo,
tecnicamente falando, do ponto de vista dos recursos, por que o Facebook não
pode fazer o mesmo que esses grandes sites de pornografia?”
Moderadores estrangeiros ganhando US$ 1/hora?
O Facebook divulgou muito pouco a
respeito do seu processo de filtragem de conteúdo. No entanto, em 16 de
fevereiro, o blog de notícias Gawker.com noticiou que havia entrevistado Amine
Derkaoui, um marroquino de 21 anos que diz ter passado semanas fazendo
treinamento para filtrar conteúdo ilegal no Facebook por meio de uma empresa
terceirizada da Califórnia, oDesk.
Derkaoui afirma que recebeu US$ 1
por hora.
De acordo com o Gawker, Derkaoui
forneceu documentos internos explicando como o Facebook censura seu conteúdo.
Ele afirma que a equipe de
moderação de conteúdo utilizava uma ferramenta da web para visualizar fotos,
vídeos e postagens denunciadas por usuários do Facebook. Os moderadores possuem
três opções de ação: 1) confirmar a sinalização e excluir o conteúdo, 2) não
confirmá-lo e deixar o conteúdo como está ou 3) encaminhar o conteúdo para uma
alçada superior de moderação para ser examinado por funcionários do Facebook.
“Após passar por um teste escrito e
por uma entrevista, Derkaoui foi convidado a juntar-se à equipe da oDesk, de
cerca de 50 pessoas de vários países do terceiro mundo (Turquia, Filipinas,
México, Índia) para trabalhar com a moderação de conteúdo do Facebook”,
explicou Gawker. “Eles trabalham em casa em turnos de 4 horas e ganham US$ 1
por hora mais comissões (o que, de acordo com a lista de empregos, deveria dar
um valor estimado de US$ 4 por hora)”.
De acordo com a reportagem, o
anúncio da vaga não fazia menção ao Facebook. Derkaoui disse também que os
administradores da oDesk nunca disseram abertamente que o cliente era o
Facebook. No entanto, observa Gawker, um porta-voz do Facebook confirmou que a
rede social era cliente da oDesk.
Outras fortes que alegam terem sido
moderadores do Facebook reclamaram da natureza do seu trabalho na limpeza do
site.
“Pense em um canal de esgoto”,
disse uma pessoa durante um bate-papo no Skype com o blog, “e toda a sujeira do
mundo passa por ele e você tem que limpar tudo”.
Outra pessoa desistiu após três
semanas no trabalho de moderação.
“Pedofilia, necrofilia,
decapitações, suicídios, etc.” lembra. “Saí porque valorizo a minha sanidade
mental”.
Quando o WND perguntou ao Facebook
a respeito da reportagem, um porta-voz respondeu com a seguinte declaração:
Em um esforço para processar
rapidamente e de maneira eficiente os milhões de denúncias que recebemos todos
os dias, decidimos contratar empresas terceirizadas para fazer a classificação
prévia de uma pequena porção do conteúdo denunciado. Essas contratadas estão
sujeitas a um rigoroso controle de qualidade, e implantamos várias camadas para
proteger os dados das pessoas que utilizam o nosso serviço. Além disso, nenhuma
informação de usuário além do conteúdo em questão e da fonte da denúncia é
compartilhada. Precisamos encaminhar as denúncias mais sérias para o âmbito
interno, e continuaremos a fazê-lo, e todas as decisões feitas pelas
contratadas estão sujeitas a exaustivas auditorias. Estamos constantemente
aprimorando nossos processos, e frequentemente inspecionamos as nossas
contratadas. Esse documento fornece uma base a respeito dos nossos padrões com
relação a uma dessas contratadas; para informações mais atualizadas, favor
visitar Facebook.com/CommunityStandards”.
Facebook e PhotoDNA
Tanto o Centro Nacional de Crianças
Desaparecidas e Exploradas (NCMEC, na sigla em inglês) quanto o Facebook
divulgam a utilização do software PhotoDNA para combater a pornografia
infantil. O PhotoDNA cria um código digital para representar uma imagem em particular
(uma espécie de impressão digital ou assinatura) e localiza aquela imagem
dentro de grandes grupos de dados. A ferramenta é capaz de encontrar imagens
específicas mesmo se tiverem sido alteradas.
A Microsoft doou o software para o
NCMEC em dezembro de 2009. No ano passado, o Facebook começou a utilizar o
PhotoDNA para buscar milhares de imagens ilegais registradas que foram enviadas
por seus usuários. O software possui uma taxa de precisão de 99,7% nos testes.
Ela encontra e remove apenas as imagens conhecidas, denunciadas e específicas
de exploração sexual de crianças na pré-puberdade.
Chris Soderby, assistente do
conselho geral do Facebook, foi promotor da Secretaria de Justiça dos EUA
durante 12 anos. De 2006 até a metade de 2010, Sonderby foi representante da
Secretaria na Ásia, na embaixada dos EUA em Bangkok, onde trabalhou com
autoridades americanas e estrangeiras em assuntos criminais transnacionais de
larga escala. Antes de sua viajem a Bangkok, Sonderby trabalhou como
chefe da unidade de Segurança em Informática e Propriedade Intelectual da
Procuradoria Geral dos EUA em San Jose, Califórnia.
Ele declarou em um evento ao vivo
em 20 de maio de 2011 chamado “Facebook
D.C. Live: Protecting Kids Online”
(“Facebook ao Vivo de Washington: Protegendo as Crianças Online”):
O PhotoDNA é realmente uma
tecnologia que vai virar o jogo nessa luta, e estamos animados com a
oportunidade de implantá-lo em nosso site e de conseguirmos reduzir
consideravelmente a quantidade de imagens de exploração sexual que deixamos
proliferar. No nosso caso, pretendemos colocar a tecnologia em ação contra
cerca de 200 a 300 milhões de imagens que são enviadas ao Facebook todos os
dias. Dessa forma, a tecnologia irá permitir que bloqueemos seu envio, para
prevenir sua distribuição e a nova vitimização das crianças mostradas nessas
imagens, e irá também permitir que rapidamente consultemos e denunciemos essas
amostras às autoridades, para que tomem ações imediatas. Reiteramos, mais uma
vez, que acreditamos que isso vai mudar o jogo, e estamos animados por sermos
parte dessa parceria e ansiosos para continuarmos trabalhando nisso juntos.
Michelle Collins, vice-presidente
da divisão de exploração infantil do NCMEC, disse ao WND, “Sinto mesmo que na
indústria… embora obviamente o problema continue crescendo, cresce também a
resposta de muitas das empresas, e certamente também a resposta das
autoridades".
Collins acrescenta, “Temos várias
iniciativas voluntárias com grandes empresas aqui nos EUA, em que fornecemos a
eles o PhotoDNA, com o qual buscam especificamente por imagens de pornografia
infantil para removê-las. É como buscar uma agulha em um palheiro. É uma
quantidade enorme de imagens que passam pelos seus servidores. Eles utilizam
uma tecnologia que os permite identificar e remover as imagens que já são
identificadas como pornografia infantil”.
Collins diz ainda “uma adoção mais
ampla do PhotoDNA por grandes empresas seria benéfico no sentido de eliminar a
pornografia infantil dos seus servidores”.
No entanto, o Microsoft DNA não
localiza nem remove novas fotos de abuso. Ela encontra apenas as que foram
identificadas e listadas em um banco de dados de fotos do NCMEC.
Além disso, a tecnologia de
comparação de imagens não localiza vídeos de abuso sexual de crianças para
removê-los.
Em um dos comunicados dos Facebook
sobre o assunto, ele afirma: “[O PhotoDNA] não será capaz de identificar novas
imagens de pornografia infantil, nem irá sinalizar suas típicas fotos de
crianças como pornografia. Ele irá identificar apenas as conhecidas pelo
NCMEC”.
Lepoutre afirma que a utilização do
software PhotoDNA pela rede social é um passo positivo, mas não é um “esforço preventivo”
para prevenir que as fotos apareçam no Facebook em primeiro lugar:
“Eu pergunto: De que forma utilizar
o PhotoDNA para correr atrás de uma foto que já foi publicada é ‘preventivo’?
Mas que conversa fiada! Não é incrível? Talvez tenha um pessoal passando o olho
no material lá no Marrocos, mas nada disso é ‘preventivo’”.
Ao ser perguntada a respeito da
limitação do PhotoDNA, Collins disse ao WND: “É verdade. Para que a assinatura
do PhotoDNA seja gerada, é preciso ter a imagem. Nós, é claro, vemos novas
imagens e novos vídeos surgindo na internet”.
E acrescenta, “Há 20 anos, as
pessoas tinham o risco de exposição ao tentar encontrar indivíduos que tivessem
os mesmos interesses sexuais em crianças. Com a internet e essas ferramentas, é
fácil para as pessoas sentirem-se protegidas no anonimato, e são capazes de
normalizar e validar seus interesses sexuais em crianças ao conversar com
pessoas pelo mundo. Isso certamente estimula a produção de mais imagens e
vídeos”.
Facebook responde a questionamento de legislador
Em um e-mail de 4 de agosto de 2011
para o gabinete do dep. John Larson, democrata de Connecticut, o Facebook
respondeu a um questionamento sobre a pornografia infantil em seu website. Ele
afirmava:
Há vários mecanismos que utilizamos
no Facebook para trazer à tona os materiais [de pornografia infantil] e seus
fornecedores. Inclui aqui algumas das nossas proteções:
* Implantação de tecnologia
sofisticada para detectar grupos, tanto públicos quanto fechados, que tratam do
abuso de crianças de qualquer forma, incluindo o trabalho com líderes do setor
tecnológico para, em parceria, desenvolvermos novas tecnologias.
* Isso tudo além das nossas
tecnologias já existentes, que monitoram e sinalizam comportamentos suspeitos
de indivíduos.
* Isso inclui os termos óbvios, mas
também códigos e palavras-chave que esses grupos costumam utilizar para evitar
serem detectados.
* Toda essa tecnologia é
complementada por olhos e ouvidos humanos especializados, que procuram
constantemente fechar grupos e bloquear usuários.
* Identificamos as palavras e
técnicas mais atualizadas utilizadas por grupos de exploração de crianças por
meio da inteligência do NCMEC e da Interpol.
* Trabalhamos também em conjunto
com o Centro de Exploração Infantil e Proteção Online (sigla em inglês CEOP) e
com o NCMEC para compartilhar informações e sinalizar casos em instâncias raras
sobre interesses especificos.
Nada é mais importante para o
Facebook do que a segurança das pessoas que utilizam o nosso site, e esse
material definitivamente não tem lugar no Facebook.
Infelizmente, as pessoas vêm
tentando utilizar a tecnologia para distribuir conteúdo ilegal e extremamente
ofensivo desde os primeiros dias da internet pública. Nossa tolerância é zero
para essa atividade no Facebook, e somos extremamente agressivos na prevenção e
remoção de conteúdo de exploração de crianças, assim como na denúncia dos seus
responsáveis às autoridades de segurança. Construímos sistemas técnicos
complexos que bloqueiam a criação desse conteúdo, inclusive em grupos privados,
ou o sinaliza para rapidamente ser analisado pela nossa equipe de
investigadores.
Além disso, mantemos uma robusta
estrutura de denúncias que estimula as mais de 500 milhões de pessoas que
utilizam o nosso site a ficarem de olho para materiais ofensivos e
potencialmente perigosos. Essa estrutura de denúncias inclui links de denúncia
em páginas pelo Facebook, sistemas para priorizar as denúncias mais sérias, e
uma equipe treinada de analistas que respondem a denúncias e as encaminham para
as autoridades, conforme a necessidade. Essa equipe trata as denúncias de
conteúdo de exploração com o máximo de prioridade.
Trabalhamos também com o NCMEC, com
o Procurador Geral do Estado de Nova Iorque, Andrew Cuomo, e com o CEOP do
Reino Unido para utilizar nossos bancos de dados de material de exploração
infantil para aprimorar a nossa detecção e levar os responsáveis à justiça.
Como resultado dessa
correspondência específica, afirma Bechard, o Facebook simplesmente concordou
em remover a página “Nude Teen” (Adolescentes Nuas). No entanto, ele afirma que
os resultados para “Nude Teen” revelam que a frase costuma voltar, mais popular
do que nunca, e que o problema geral das páginas explícitas parece não ter
melhorado.
“É frustrante”
Algumas pessoas, inclusive da área
de segurança pública, estão ficando frustradas nos seus esforços para denunciar
o conteúdo no Facebook.
“Acabei de receber uma ligação de
um policial aposentado do Meio Oeste do país que estava bastante nervoso”,
afirma Lepoutre. “Ele ligou porque encontrou pornografia infantil no Facebook e
afirmou, ‘Sou um policial aposentado. Pensei que talvez pudesse contactar o
Facebook e denunciar o que havia visto’”.
O homem afirma que tentou contato
com o Facebook pelo telefone, mas seus esforços foram em vão.
“Ele viu o mecanismo de ‘denunciar
imagem’, mas ele queria falar com alguém e denunciar o problema”, afirma
Lepoutre. “Após várias horas tentando falar com o alguém no Facebook, disse a
ele o que poderia e o que não poderia ser feito com relação ao formulário de crimes
virtuais do FBI. Ele disse que iria preenchê-lo”.
E acrescentou, “Além desse aparente
isolamento do site com relação a pessoas como nós, que estudamos o assunto, as
pessoas que querem denunciar esse tipo de coisa também não podem fazer nada a
respeito”.
Depois que os executivos do
Facebook leram a parte 1 dessa série do WND, eles entraram em contato com o
Sgto. Greg Lombardo, comandante da força de trabalho de Crimes Virtuais Contra
a Criança no Vale do Silício, e pediram que ele conversasse com o WND sobre
suas experiências no trato com a rede social com relação a esse problema.
O WND falou com Lombardo sobre as
limitações do PhotoDNA, sobre quão fácil é para os pornógrafos abrirem várias
contas falsas no Facebook, e por que o Facebook tolera grupos e páginas
explícitas, ele respondeu:
“Entendo o que está dizendo. Penso
que a maioria das coisas das quais falou será melhor respondida pelo Facebook.
Tudo o que posso dizer é sobre a nossa comunicação com o Facebook e sobre a
cooperação que recebemos deles. Nos últimos seis meses, eles realmente fizeram
muito para nos ajudar. Se precisávamos de informações de mandado de busca, eles
nos mandavam imediatamente. Eles na verdade abriram um novo portal que nos
permite acessar informações do Facebook imediatamente, e nós o utilizamos
muitas vezes. Estão trabalhando conosco, então não tenho do que reclamar. Penso
que ultimamente eles têm sido ótimos. Tenho certeza de que existem áreas onde
eles podem melhorar, e é provavelmente por isso que temos pessoas como vocês,
que investigam e tentam descobrir o que está acontecendo.”
E acrescenta:
“Li o artigo de vocês, e estava bem
escrito. Só quero deixar claro que eles estão cooperando conosco. Não tenho
nenhum problema com relação a eles. Se há coisas que eles podem melhorar a
partir do que vocês descobriram, perfeito, porque todos estamos tentando o
mesmo aqui. Todos estamos tentando acabar com isso. Vocês podem ter encontrado
outras coisas para eles olharem aqui.”
No entanto, Bechard explicou que um
agente especial do FBI disse a ele que já demorou até oito meses para o que o
Facebook respondesse a um único inquérito de pornografia infantil.
Bechard perguntou ao WND, “Alguém
está comparando o número de perfis e vídeos denunciados e removidos do Facebook
como pornografia infantil e, portanto, criminal, com o número de denúncias
feitas às autoridades? Esse número deveria ser o mesmo. Se eles derrubarem
algum conteúdo, sabendo que isso é um crime, eles devem denunciar o crime às
autoridades. A frustração maior é que não parece que isso esteja acontecendo.
Os crimes parecem estar sendo repreendidos somente em nível de Facebook”.
Ao ser perguntado se existe uma
maneira de comparar os números de denúncias de pornografia infantil que o
Facebook recebe dos seus usuários ao número de denúncias que o Facebook envia
às autoridades de segurança, Lombardo afirma, "Essa é outra boa pergunta a
ser feita ao Facebook, porque o que recebemos é o que o NCMEC nos envia.
Não posso comparar com o número de denúncias que o Facebook recebe. Não posso
responder a essas perguntas, porque não sei”.
Bechard, frustrado com o processo
de denúncia, explica:
“Não consigo pensar em outro crime,
pelo menos não desse nível de perversidade, que as pessoas podem testemunhar e
1) não terem ideia de como denunciar e 2) todos na área de segurança pública
dizer-lhes para procurarem uma agência externa, sem fins lucrativos, para
denunciar [NCMEC]. E essa agência é o órgão centralizador do material
investigativo de utilização dos órgãos de segurança. Não sei de outro crime que
é denunciado dessa forma”.
Ao ser perguntado sobre como ele
responderia às alegações do Facebook de que a empresa tem implantado inúmeras
medidas proativas para garantir que a pornografia infantil seja erradicada do
seu site, e que no geral está fazendo um grande trabalho nas áreas de prevenção
e eliminação do conteúdo, Bechard responde:
“Eu os colocaria em frente a um
computador, e em trinta segundos mostraria a eles materiais de pornografia
infantil no Facebook. Um monte deles!”
As pessoas que se importarem podem
fazer o seguinte:
Se você deparou com algum conteúdo
que aparente ser de pornografia infantil, denuncie imediatamente à FBI’s Internet
Crime Complaint Center
(A parte 3 desta série irá examinar
como a questão da pornografia infantil no Facebook poderia entrar em jogo
quando a empresa fizer a sua oferta pública inicial de ações, quais
investidores darão apoio quando investirem na empresa e como, conforme um
especialista, “eles não terão as mãos limpas” e ignorarem esse problema.)
Traduzido
por Luis Gustavo Gentil do artigo do WND: “Can Facebook’s child-porn explosion be stopped?”.
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