quinta-feira, 17 de maio de 2012

"Não rezemos o terço mecanicamente, mas com o coração"

Entrevista ao cardeal Prosper Grech, depois da Missa de Nossa Senhora de Fátima celebrada em Santa Maria delle Grazie alle Fornaci, em Roma
Por Salvatore Cernuzio

ROMA, quinta-feira, 17 de maio de 2012 (ZENIT.org) - "Vocês conhecem as fontes da Praça de São Pedro? Aquelas de dois andares, onde da fonte principal jorra a água que molha o primeiro nível e depois cai para o segundo? Pois, esta é a graça de Maria: uma graça que superabunda, que a preenche primeiro e depois chega a todos nós".

Este é um dos muitos exemplos significativos utilizados pelo Cardeal maltese Prosper Grech, na Missa vespertina de ontem, junto à igreja de Santa Maria das Graças à noite, na Igreja de Santa Maria delle Grazie alle Fornaci, em Roma, onde a imagem da Virgem de Fátima estará até o dia 20 de maio, juntamente com as relíquias dos Beatos Francisco e Jacinta.
Ontem foi a jornada dedicada aos doentes e aos que sofrem. No final da sua homilia, toda voltada para a oração da Ave Maria, o cardeal distribuiu o óleo sagrado para unção dos enfermos para muitos fiéis enfermos que foram à igreja para cumprimentar a Virgem peregrina.
"Maria é saúde dos enfermos", lembrou em sua meditação, "Ela dá a força para suportar o sofrimento e os males”. Lembrando a importância da oração e convidando os fiéis a "não abandoná-la neste mês mariano", o cardeal Grech destacou que Nossa Senhora "é caminho seguro que conduz a Cristo, refúgio certo para a salvação".
Em uma entrevista concedida à Zenit, o cardeal explicou que "depende da nossa fé" acreditar no poder de intercessão de Maria e, portanto, na eficácia da oração.
"Também é possível rezar para Maria sem fé – afirmou – e Ela, na sua misericórdia, também pode escutar." Mas só através de "uma relação pessoal com Cristo e, em seguida, com Sua Mãe", é possível chegar a "uma oração que sai do coração e que responde com o coração de Maria".
"Quantas Ave-Marias nós rezamos na nossa vida? Milhares e milhares, eu acredito ", continuou o cardeal," e o que é que nós rezamos? Rogai por nós pecadores agora e na hora de nossa morte. "
"Maria naquele último momento – explicou – nos segurarará a mão, não só para confortar-nos, mas para dar-nos a fé para dar aquele pulo nos braços de Cristo, para que ele nos apresente a Jesus e Jesus ao Pai".
"A penitência, o jejum e a oração, são formas concretas de salvação ensinadas por Maria", disse na sua homilia, o Cardeal.
Mesmo durante a entrevista, combateu esse conceito, dizendo: "Jesus pregou em todo o seu Evangelho a penitência pelos nossos pecados para entrar no Reino de Deus. E a Sua Mãe o repete em toda aparição: a confissão, ato de verdadeira e sincera contrição, e a oração”.
A oração, em particular, é um ato fundamental para a vida cristã, especialmente aquela dirigida à Nossa Senhora: "Aquilo que não nos atrevemos a pedir ao Pai ou por medo ou por falta de fé – disse – o colocamos nas mãos da Mãe".
E Ela, acrescentou o cardeal, muitas vezes “indicou o Terço como un instrumento forte nas mãos do Cristão, ao qual devemos retornar. Um caminho não só de oração, mas de meditação”.
Uma forma de oração que parece passada ou que, como observou o cardeal, é recitada mecanicamente.
"No terceiro mistério glorioso, por exemplo, dizemos: o Espírito Santo desceu sobre os apóstolos ... Pai nosso que estais no céu ... Ave Maria, e assim por diante. Mas o que isso significa para nós? Realmente estamos refletindo sobre o fato de que o Espírito Santo desceu sobre os Apóstolos, sobre a Igreja e, portanto, sobre mim? Temos de entrar plenamente no significado dessas palavras ", afirmou.
Quando perguntado sobre o significado deste mês mariano, tempo de graça onde florecem tantas iniciativas que fazem voltar o coração à Maria, o cardeal Grech disse que esse é "um momento cheio de oportunidades para nós, porque redescobrimos a devoção pela Mãe de Deus que na Igreja Católica começou desde o início e vai continuar  sempre enquanto unida intimamente ao Senhor. "
Um último pensamento o Cardeal dirigiu aos doentes e  aos que sofrem, na jornada de ontem, dedicada a eles: “No meu brasão está escrito ‘In te Domine speravi’ e naturalmente ‘non confundar in aeternum’, ou seja, Em Ti, Senhor, esperei, em Ti confio para que não esteja perdido para sempre. Esta deveria ser a nossa oração constante. A entreguemos à Maria, a Mãe, para que ela a ofereça a Jesus"
[Tradução Thácio Siqueira]

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