05/05/2012
IHU - O núncio da Grã-Bretanha, o arcebispo Antonio Mennini, ex-núncio em Moscou, lançou a ideia de criar uma aliança entre cristãos, mulçumanos e judeus em oposição ao projeto de David Cameron, que redefine o casamento no país. O projeto está elevando, enormemente, a polêmica entre secularistas e não secularistas. No dia 27 de abril, em Leeds, o arcebispo disse: “Eu me pergunto se não teremos que buscar um apoio maior entre as denominações cristãs e, verdadeiramente, entre pessoas de credos diversos. Parece-me que em relação à instituição do matrimônio e, sobretudo, na retidão da vida humana, temos muita coisa em comum com a comunidade judaica, do Rabino Chefe, e com muitos dos mais significativos representantes do Islã”.
A reportagem é de Marco Tosatti, publicada no sítio Vatican Insider, 04-05-2012. A tradução é do Cepat.
O arcebispo de Southwark, Peter Smith,
tem lhe feito eco, ao afirmar que não houve até este momento contatos
formais com a comunidade judaica, mas que seria uma boa ideia criar uma
frente comum. “Trabalhamos com todos aqueles que estejam de acordo
conosco na ponderação de que redefinir o casamento não é algo bom para a
sociedade e que conduzirá para uma maior confusão”. Smith
acrescentou que em nenhum programa, seja de que partido for, foi falado
na legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo. “E agora,
bruscamente, surge esta estranha proposta”. O arcebispo definiu como
“perigoso” o plano do governo, e sublinhou que a iniciativa foi tomada
sem a realização de consultas, num raio amplo, sobre o assunto.
O mundo judaico se encontra dividido. As sinagogas “reformadas” apoiam a ideia, mas os rabinos da principal corrente, a United Synagogues, tem expressado sua oposição. As vozes críticas para o projeto são numerosas e, de maneira particular, o rabino Yuzchak Schochet, da Mill Hill United Synagogue no norte de Londres, que é o conselheiro principal do Rabino Chefe, Lord Sacks, acusou a coalizão no governo de “desencadear uma agressão aos valores religiosos”.
O arcebispo Mennini falava
na reunião dos bispos de Gales e da Inglaterra, e previa “uma campanha
longa e difícil”, sobre este assunto, antes de lançar a ideia de se
procurar aliados, no campo religioso, para neutralizar o ataque do
governo. Segundo Smith, a Igreja anglicana
“sustenta uma posição muito parecida à nossa em relação a este assunto.
Particularmente, para eles são difíceis de entender os motivos das
ramificações legais do problema. Existem quase três mil citações de
casamento em vários estatutos e está absolutamente claro que o governo
não avaliou, em profundidade, as implicações das mudanças que propõe”.
Se judeus e anglicanos apresentam alguma diferença em relação ao problema dos casamentos gays, este não é o caso do Islã,
ainda que a falta de um organismo, ou de uma figura representativa de
toda a comunidade mulçumana, torne menos aguda a tomada de posição. Que,
em todo caso, existe. O Conselho Islâmico britânico declarou que “redefinir o casamento não é útil nem necessário”.
Nos últimos dias, o Conselho de Imãs
elaborou uma resolução conjunta, descrevendo a iniciativa do governo
como “um ataque à fé e aos valores fundamentais”. “Não existe espaço
para um compromisso sobre este assunto. Dizemos simplesmente não ao
casamento gay”. Lord Singh, chefe da Rede de Organizações Sikh, declarou que a reforma proposta representa “um ataque oblíquo à religião”.
A ideia do arcebispo Mennini encontrou, especialmente, voto favorável de Majid Katme, o chefe da Associação Médica Islâmica,
que tem incitado os dois milhões de mulçumanos, que vivem na
Grã-Bretanha, a apoiar “uma Santa Aliança” junto aos cristãos e aos
outros credos contra a proposta do governo. “O casamento no Islã é somente entre um homem e uma mulher”, disse o professor Katme.
“Isto é o que acreditam dois milhões de mulçumanos, na Grã-Bretanha, e
quase 30 milhões de mulçumanos que vivem na Europa Ocidental. Também, é o
que acreditam os 1,6 bilhões de mulçumanos no mundo. É o mesmo
ensinamento presente no judaísmo e no cristianismo”.
E declarou:
“É chegado o momento de estabelecer uma Santa Aliança de todos os
credos, com as pessoas sensatas que não são crentes, para fazer oposição
ao casamento gay em qualquer novo tipo de lei”. Katme exortou aos mulçumanos para assinarem a petição “Coalition form Marriege” promovida por Lord Carey, ex-primaz da Igreja anglicana, que reuniu quase meio milhão de assinaturas, uma das petições mais apoiada da história inglesa.
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