O fundador dos Frades Franciscanos da Imaculada explica a virtude mariana da prudência
Por padre Stefano M. Pio Manelli
ROMA, sábado, 05 de maio de 2012 (ZENIT.org) - Não é errado dizer que a primeira virtude demonstrada por Nossa Senhora na Anunciação foi a virtude cardeal da prudência. Na verdade, nas extraordinárias palavras de saudação do anjo Gabriel - "Ave, ó cheia de graça, o Senhor está contigo! (Lc 1, 28) - o evangelista São Lucas diz que a Virgem Maria ficou rapidamente amedrontada, tocada ou perturbada. Por quê? Por causa da intervenção da virtude da prudência!
Está na natureza da virtude da prudência, de fato, o dever de alertar
a pessoa de toda precipitação ou juízo precipitado das coisas, ajudando
a dar-se conta primeiramente do que escuta, do que vê e do que
acontece. A estas palavras notáveis do Anjo, a virtude da prudência se
fez presente e colocou em guarda a jovem virgem Maria, comprometendo-a a
refletir para avaliar prudentemente o significado destas palavras
angelicais, em vez de exaltar-se sem dar-se conta do seu real
significado.
Literalmente, de fato, o evangelista São Lucas diz que às belas
palavras de saudação do Anjo, a Virgem Maria, muito prudentemente, antes
de exaltar-se, “pôs-se a pensar no que significaria semelhante
saudação” (Lc 1, 29). Prudência e deliberação caminham lado a lado com
estas palavras do evangelista, e muito mais, unem-se profundamente no
comportamento da virgem Maria.
Junto com a perturbação inicial de Nossa Senhora, de fato, o Anjo
Gabriel, em seguida, dá uma explicação, não menos extraordinária também:
"Não tema, Maria, pois encontraste graça diante de Deus. Eis que
conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. Ele será
grande e será chamado Filho do Altíssimo e o Senhor Deus lhe dará o
rono de seu pai Davi; e reinará eternamente na casa de Jacó, e o seu
reino não terá fim” (Lc 1, 30-33 ).
Nas palavras do Anjo, portanto, continua a revelação de coisas
realmente extraordinárias; coisas grandes, coisas enormes, coisas
humanamente incríveis, que, querendo, podem ser resumidas nas palavras:
Tu, Virgem Maria, serás mãe do mesmo Filho de Deus!
A estas palavras do Anjo, agora, poderiamos pensar que imediatamente,
por parte da Virgem Maria, não havia mais nada a fazer, a não ser
alegrar-se e exaltar-se até o sétimo céu, regozijando-se de uma alegria
divina sem medida. Porém, isso não aconteceu. Por quê?
Maria, de fato, até mesmo depois das outras palavras do Anjo,
apresenta-se com a sua prudência e circunspecção, não se exaltando para
nada com as palavras tão sublimes que o Anjo Gabriel disse à ela e que
diz respeito especificamente ao plano de Deus para ela.
É próprio da virtude da prudência, de fato, observar com cuidado cada
coisa, para saber discernir o bem do mal, evitando assim, qualquer
risco de dano a si ou aos outros. A este respeito, no entanto, surge uma
pergunta: mas era possível que por parte do Anjo Maria recebesse algo
de mal ou de inconveniente? Trata-se de um anjo enviado por Deus!
A resposta a esta razoável pergunta fica ainda no ar, porque Maria,
refletindo prudentemente nas palavras do Anjo, capta um ponto
problemático com relação à sua condição pessoal de virgem consagrada a
Deus, e por isso ela pode imediatamente perguntar como acontecerá isso
que o Anjo disse, tendo ela já consagrado a sua virgindade a Deus: "Como
é possível? Eu não conheço homem"(Lc 1, 34). Isto é: como ela poderá se
tornar Mãe do Filho de Deus sem trair a oferta da sua virgindade a
Deus? O problema, portanto, era realmente grande para Maria, era
crucial.
Se é verdade que ela deveria rapidamente exaltar-se com o projeto de
uma tão sublime maternidade divina, como conciliá-lo, no entanto, com a
já consagrada virgindade dela a Deus? De alguma forma ela pode tirar de
Deus o que já lhe tinha doado e que pertence somente a Ele? Será que Ela
pode não mais prestar atenção à sua virgindade dada a Deus? ... São
perguntas realmente delicadas e intrigantes!
Prudência e circunspecção respondem não. Neste caso, só Deus podia
resolver o assunto, porque é sagrado dever da criatura salvaguardar
sempre o direito de Deus ao qual pertencia a virgindade que Maria já lhe
tinha oferecido.
E aqui estão as últimas palavras do Anjo à Virgem que tem se mostrado
tão atenta e prudente: "O Espírito Santo virá sobre ti, e a potência do
Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Aquele que nascerá será,
portanto, chamado Santo e Filho de Deus"(Lc 1, 35).
Neste ponto, a conclusão desta lição altíssima sobre a virtude
cardeal da prudência foi a resposta final de Maria ao Anjo que agora
pôde dizer-lhe com toda a sua alma: "Eis aqui a serva do Senhor, faça-se
em mim segundo a tua palavra "(Lc 1, 38).
Que a "Virgo Prudens " nos ensine também a preciosa virtude cardeal da prudência!
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