FELIPE BÄCHTOLD
NATÁLIA CANCIAN
NATÁLIA CANCIAN
noticias.bol - A família de um garoto autista de 14 anos se diz vítima de preconceito
por parte de um padre, que se negou a dar a primeira comunhão a ele.
O caso aconteceu no domingo, em Bom Princípio, cidade gaúcha de 12 mil habitantes a 68 km de Porto Alegre.
O pai, Letus Maldaner, 56, havia preparado uma festa para depois da
missa em que um grupo de jovens receberia o sacramento, entre eles o
filho, Cássio -o garoto tem autismo, transtorno de desenvolvimento que
afeta principalmente a interação social.
Antes da celebração, porém, o padre Pedro Ritter, 45, avisou que Cássio
não poderia ir ao altar para receber a hóstia -que representa, para os
católicos, o corpo de Cristo.
O religioso argumenta que, em um ensaio, semanas antes, o garoto havia
se recusado a abrir a boca, e que tomou a atitude para preservar a
família de constrangimentos.
REAÇÃOOs Maldaner dizem que foram surpreendidos. Vizinhos e amigos também se indignaram. "Simplesmente ele chegou no dia e disse que não iria fazer a primeira comunhão. As catequistas ficaram chocadas", afirma o pai.
Ritter nega preconceito e diz que deixou claro, duas semanas antes, que não podia dar o sacramento ao garoto. "Não posso abrir a boca à força para alguém receber a hóstia."
Cássio, que frequenta uma escola para crianças com necessidades especiais, não passou pelo curso preparatório de dois anos para a primeira comunhão. O padre orientou a mãe para que ensinasse o significado do ritual ao filho.
Dom Paulo de Conto, bispo da Diocese de Montenegro, à qual a paróquia pertence, diz que vai analisar o caso. Segundo ele, o garoto deve receber a comunhão em breve, mediante "preparo especial".A versão do pai do garoto!
"A pessoa tem que ter um pouco de consciência [do que está acontecendo]", diz.
Ele nega que tenha havido algum tipo de veto. "A eucaristia nunca foi negada, mas sim adiada."
Chorei durante toda a missa, diz pai de menino!!!
Pai do garoto de 14 anos que teve a primeira comunhão negada por um
padre no Rio Grande do Sul, Letus Maldaner, 56, diz que foi uma
"crueldade" do padre barrar a primeira comunhão pouco antes da missa.
Para Maldaner, o religioso nunca se entusiasmou com a ideia de um
autista participar da eucaristia.
Folha - Como o sr. recebeu a decisão?
Letus Maldaner - Fiquei fraco, comecei a chorar.
A mãe teve que segurar ele [o menino] para não ir lá na frente, porque ele queria ir. Chorei toda a missa.
Ficamos lá só assistindo e não fomos convidados a ir à frente. Foi preconceito. A comunidade se revoltou mais do que a família.
Houve ensaios?
Foi combinado fazer vários ensaios para ele. Na última semana, ninguém se manifestou, no último ensaio não tinha padre nenhum na paróquia. Deixamos a festa toda organizada. Pensamos que ia ser tudo normal. Na entrada da igreja, ele chega curto e grosso e diz aquilo para nós.
Pretende ainda refazer a celebração?
Não sabemos. Estamos em estado de choque. Qualquer coisa a gente chora.
Como é a vida do seu filho?
Ele vai todos os dias a uma escola de crianças especiais. Tudo que nós falamos ele entende, só que ele não fala. Ele gosta muito de andar de carro, de música. Tudo o que queríamos era ter um momento feliz e o padre faz uma coisa assim.
Letus Maldaner - Fiquei fraco, comecei a chorar.
A mãe teve que segurar ele [o menino] para não ir lá na frente, porque ele queria ir. Chorei toda a missa.
Ficamos lá só assistindo e não fomos convidados a ir à frente. Foi preconceito. A comunidade se revoltou mais do que a família.
Houve ensaios?
Foi combinado fazer vários ensaios para ele. Na última semana, ninguém se manifestou, no último ensaio não tinha padre nenhum na paróquia. Deixamos a festa toda organizada. Pensamos que ia ser tudo normal. Na entrada da igreja, ele chega curto e grosso e diz aquilo para nós.
Pretende ainda refazer a celebração?
Não sabemos. Estamos em estado de choque. Qualquer coisa a gente chora.
Como é a vida do seu filho?
Ele vai todos os dias a uma escola de crianças especiais. Tudo que nós falamos ele entende, só que ele não fala. Ele gosta muito de andar de carro, de música. Tudo o que queríamos era ter um momento feliz e o padre faz uma coisa assim.
A versão do sacerdote!
O padre Pedro Ritter, da paróquia de Bom Princípio (RS), diz que avisou à família, antes da cerimônia, que não havia como concretizar a comunhão do garoto de 14 anos porque, no ensaio feito duas semanas antes, o garoto ainda não aceitava fazer o ritual.
Segundo o religioso, os moradores da cidade fizeram uma "tempestade em copo d'água".
Folha - Por que tomou essa atitude?
Padre Pedro Ritter - A Igreja sempre inclui, mas tem regras
mínimas. A gente exigiu o mínimo: que ele abrisse a boca para a hóstia,
que consentisse, que não fosse à força. Fazer o menino vir à frente e
ele não aceitar seria um constrangimento. Sem isso, não iria acontecer o
sacramento.
Houve preconceito?
Jamais haveria discriminação. Ele não foi tirado, participou da
celebração junto com outras crianças. Eu quis preservar a família, não o
expondo lá na frente.
Foi um mal-entendido?
Ela [a mãe] sabia: não é o momento ainda. [Ela falou:] "Padre, ele não
aceita ainda, o que a gente faz? A gente preparou a festa". Eu disse:
façam a festa, a festa vocês sempre podem fazer. "E a missa?" Falei que
poderiam vir à missa.
O que vai ser feito?
O dia em que a família quiser fazer, não haverá problema. Não poderia ser feito de mentirinha, é uma coisa tão sagrada para nós.
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