Dom Robert Zollitsch |
Entrevista com o Presidente da Conferência Episcopal Alemã
Jan Bentz
ROMA, sexta-feira, 13 de julho de 2012 (ZENIT.org) - Para marcar o 50º aniversário da abertura do Concílio Vaticano II, Bento XVI convocou um Ano da Fé, que começa em 11 de outubro de 2012.
Em entrevista exclusiva a ZENIT, o presidente da Conferência Episcopal Alemã, dom Robert Zollitsch, bispo de Friburgo, falou sobre o evento e sobre a situação da fé na Alemanha.
Por causa das muitas mudanças das últimas décadas e do impacto delas na sociedade, nós vivemos, por um lado, uma grande secularização e alienação da fé da Igreja, e, por outro, uma busca relativamente nova de auto-transcendência, para colocar a própria vida numa esfera maior, de desejo de experimentar a Deus.
Muitos países, onde a religião, particularmente a religião cristã, conseguia criar relações comunitárias ativas, hoje se caracterizam pela indiferença ou pela multiplicidade de opções religiosas. Isto não significa que tenha sido perdida a disponibilidade para a espiritualidade cristã nem a abertura para uma interpretação especificamente cristã. A questão é proclamar e testemunhar de forma credível e autêntica o evangelho da proximidade de Deusem Jesus Cristo, em uma época que mudou. Neste sentido, uma nova evangelização tem que promover a abertura e a profundidade de uma fé pura e sólida, além ser uma força de verdadeira libertação.
Da participação vem o particular, inclusive o testemunho pessoal de fé. Temos que garantir que as pessoas encontrem Deus em todas as coisas, pessoas e eventos. Mas a evolução espiritual nas últimas décadas não pode ser facilmente revertida. A proclamação do evangelho é um processo longo. Requer muita atenção aos detalhes, mesmo que eles sejam aparentemente insignificantes, de pessoa para pessoa, de família para família.
Na Alemanha, nós tivemos muitas experiências positivas com a nova evangelização, aplicações práticas do que o Santo Padre espera. Nós trazemos esta experiência para o debate e estamos gratos pelo que aprendemos com as outras igrejas locais. Por exemplo, eu estou impressionado com a minha experiência na Nigéria: lá eu experimentei o grande serviço que é prestado pelos catequistas, especialmente nas áreas rurais. Acredito que cada igreja local tem algo para compartilhar. E podemos caminhar juntos pela estrada de uma fé adulta.
(Trad.ZENIT)
ROMA, sexta-feira, 13 de julho de 2012 (ZENIT.org) - Para marcar o 50º aniversário da abertura do Concílio Vaticano II, Bento XVI convocou um Ano da Fé, que começa em 11 de outubro de 2012.
Em entrevista exclusiva a ZENIT, o presidente da Conferência Episcopal Alemã, dom Robert Zollitsch, bispo de Friburgo, falou sobre o evento e sobre a situação da fé na Alemanha.
Cinquenta anos depois do Concílio Vaticano II, que teve como
objetivo promover uma nova evangelização, agora precisamos de uma
iniciativa como o Ano da Fé. Por quê?
Dom Robert Zollitsch: Jesus enviou os apóstolos
dizendo "Ide por todo o mundo". A Igreja, portanto, tem a obrigação de
proclamar o evangelho de Jesus Cristo com perseverança em todo momento e
lugar. Esta era também a convicção dos padres do Concílio Vaticano II
e, justamente por isso, o concílio começou uma nova onda evangelizadora.
Hoje, cinquenta anos depois, muita coisa mudou e é bom para dar uma
nova dinâmica a este impulso. O Ano da Fé, como afirma o Santo Padre, se
baseia no concílio e quer atender essa nova necessidade. Este é o apelo
da nova evangelização.Por causa das muitas mudanças das últimas décadas e do impacto delas na sociedade, nós vivemos, por um lado, uma grande secularização e alienação da fé da Igreja, e, por outro, uma busca relativamente nova de auto-transcendência, para colocar a própria vida numa esfera maior, de desejo de experimentar a Deus.
Muitos países, onde a religião, particularmente a religião cristã, conseguia criar relações comunitárias ativas, hoje se caracterizam pela indiferença ou pela multiplicidade de opções religiosas. Isto não significa que tenha sido perdida a disponibilidade para a espiritualidade cristã nem a abertura para uma interpretação especificamente cristã. A questão é proclamar e testemunhar de forma credível e autêntica o evangelho da proximidade de Deusem Jesus Cristo, em uma época que mudou. Neste sentido, uma nova evangelização tem que promover a abertura e a profundidade de uma fé pura e sólida, além ser uma força de verdadeira libertação.
O senhor é membro do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização. Qual é o seu papel específico?
Dom Robert Zollitsch: Para nós, membros deste
conselho pontifício que ainda é muito jovem, não existem áreas
específicas. Para mim é muito importante aproveitar as oportunidades
deste trabalho para aprender dos outros países como é a situação da nova
evangelização por lá. E é claro que eu gostaria de transmitir ao
conselho a experiência da nova evangelização na Alemanha. Já temos
iniciativas entusiasmantes de longo prazo. Há doze anos, os bispos
alemães lançaram as bases para as reflexões do Santo Padre no documento Zeit der Aussaat - missionarisch Kirche sein (Temporada de semeadura - ser uma Igreja missionária).
Qual é o coração da nova evangelização?
Dom Robert Zollitsch: É a transmissão da fé para as
pessoas de hoje. A fé apoia e fortalece. Quem acredita nunca está
sozinho, disse o Santo Padre. Isto inclui a abertura do caminho para as
pessoas que podem fazer a experiência de Deus como Cristo a proclamou. É
transmitir para as pessoas valores fortes e fundamentados numa vida de
fé cristã. Precisamos de pessoas que convençam e que transmitam a
evangelização com o testemunho pessoal da fé. Isso não é possível sem
uma viva e confiante comunidade em família, sem relacionamentos amorosos
e sem comunidades fortes. O indivíduo é colocado no comunitário e
dentro de uma união que sustenta a fé dos outros. Cristo nos fez
participar da sua fé. Mais: Deus nos fez participantes da Sua vida
através de Jesus Cristo, até hoje.Da participação vem o particular, inclusive o testemunho pessoal de fé. Temos que garantir que as pessoas encontrem Deus em todas as coisas, pessoas e eventos. Mas a evolução espiritual nas últimas décadas não pode ser facilmente revertida. A proclamação do evangelho é um processo longo. Requer muita atenção aos detalhes, mesmo que eles sejam aparentemente insignificantes, de pessoa para pessoa, de família para família.
Como é a ligação com a Igreja na Alemanha? E a união com o papa em Roma?
Dom Robert Zollitsch: A Igreja local na Alemanha
está muito bem integrada com a Igreja universal. Nós temos uma intensa
troca entre as conferências episcopais no contexto europeu. Isso é
evidente até nas nossas organizações humanitárias, engajadas na Igreja
em todo o mundo. E a Conferência dos Bispos da Alemanha, é claro, está
em estreito contato com o nosso Santo Padre,em Roma. Eu mesmo me reúno
com ele regularmente. Através da minha nomeação para o Conselho
Pontifício para a Nova Evangelização, eu vivo isso como um reforço.Na Alemanha, nós tivemos muitas experiências positivas com a nova evangelização, aplicações práticas do que o Santo Padre espera. Nós trazemos esta experiência para o debate e estamos gratos pelo que aprendemos com as outras igrejas locais. Por exemplo, eu estou impressionado com a minha experiência na Nigéria: lá eu experimentei o grande serviço que é prestado pelos catequistas, especialmente nas áreas rurais. Acredito que cada igreja local tem algo para compartilhar. E podemos caminhar juntos pela estrada de uma fé adulta.
(Trad.ZENIT)
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