25 de julho de 2012
Julio Severo
Pe.
Luiz Carlos Lodi da Cruz
Um amigo que várias vezes
defendeu-me enquanto estava sendo processado pelo uso da palavra “abortista”
publicou um artigo em que afirma não crer que o homossexualismo seja
antinatural.
Não é fácil nem agradável corrigir
um amigo. Mas a Escritura fala da correção fraterna como de um dever grave, por
cuja omissão deveremos prestar contas a Deus (ver, por exemplo, Ez 3).
Constrangido pelo dever, escrevo no
intuito de demonstrar que os atos libidinosos praticados entre pessoas do mesmo
sexo são antinaturais. Servir-me-ei de Santo Tomás de Aquino: não de sua
autoridade, mas de sua argumentação, que é puramente racional e não cita um
versículo sequer de Bíblia quando trata desse assunto.
Na Suma Teológica, o santo doutor
pergunta “se o vício contra a natureza é o pecado maior nas espécies de luxúria”
(II-II, q. 154, a. 12). Começando por enumerar as possíveis objeções à sua tese
— como costuma fazer - o Aquinate depois vai ao “corpo” do artigo e explica que
“a pior corrupção é a do princípio”. Um pecado que corrompe a natureza do ato
conjugal — como o a bestialidade (conjunção carnal com animais), o
homossexualismo (conjunção carnal entre pessoas do mesmo sexo), as práticas
aberrantes no acasalamento (entre pessoas de sexo diverso) e a masturbação
(excitação sexual solitária) — é mais grave do que um pecado que “apenas
contraria o que está determinado pela reta razão, resguardando-se os princípios
naturais” — como o adultério (ato sexual entre uma pessoa casada e outra que
não o próprio cônjuge) e a fornicação (ato sexual entre um homem e uma mulher
solteiros).
O homossexualismo pertence à
primeira classe dos pecados de luxúria. Ele não se contenta em usar da natureza
contra a reta razão: viola a própria natureza. Entre os vícios contra a
natureza, ele ocupa o segundo lugar, perdendo apenas para a bestialidade.
Talvez seja por sua especial gravidade que esse pecado tenha sido escolhido
como motivo de “orgulho”, com marchas, campanhas e ameaça de perseguição aos
discordantes (“homofóbicos”). Quem exalta o homossexualismo deve fazê-lo com a
intenção de afrontar a Deus ao máximo.
Mas o que é a natureza? O mesmo que essência
ou quididade. É aquilo que
caracteriza a coisa em sua intimidade. Responde à pergunta: “o que é a coisa?”
Se perguntarmos: “o que é o ato
sexual?”, a resposta deverá incluir três notas: a dualidade, a complementaridade
e a fecundidade. Não pode haver um
ato sexual solitário (masturbação), pois isso fere a dualidade. Não basta que haja duas pessoas, é preciso que elas
sejam complementares (fisiológica e
psicologicamente): um homem e uma mulher. É preciso ainda que tal ato seja
realizado de modo a abrir-se à procriação: ele é naturalmente fecundo. Nada disso existe nos atos de
homossexualismo.
Segundo o Direito Canônico — que
extrai suas fontes tanto da Revelação quanto do Direito Natural — diz-se que o
matrimônio foi consumado “se os cônjuges realizaram entre si, de modo humano, o
ato conjugal apto por si para a geração da prole, ao qual por sua própria
natureza se ordena o matrimônio, e pelo qual os cônjuges se tornam uma só carne”
(cânon 1061, §1º). Este ato consiste em: erectio
(ereção), penetratio (penetração), ejaculatio in vaginam (ejaculação dentro
da vagina).
Os que não entendem que o
homossexualismo seja antinatural, talvez usem “natural” no sentido de “habitual”.
O hábito, porém, não se confunde com a natureza. Um hábito acrescentado à
natureza produz uma inclinação que a natureza, por si só, não tem. Um hábito contrário
à natureza é capaz de inclinar a faculdade a agir contra a natureza. Tal
inclinação habitual, não é, porém, natural.
No entanto, diz um provérbio que “o
hábito é uma segunda natureza”, isto é, tanto o hábito quanto a natureza
produzem alguma tendência. Se a tendência produzida pelo hábito aperfeiçoa a
natureza (a tendência de comer moderadamente, adquirida pela repetição de
mortificações do paladar), ótimo. Se a tendência produzida pelo hábito corrompe
a natureza (a tendência de praticar conjunção carnal com pessoas do mesmo sexo
adquirida pela repetição de atos homossexuais), péssimo.
O movimento homossexualista tem
tudo a ver com a causa antivida. Ele tenta destruir a família, que o saudoso
Beato João Paulo II chamava “o santuário da vida”. Se quisermos verdadeiramente
defender a vida, temos que defender com todas as forças a virtude da castidade, que regula o instinto sexual
segundo a razão. É aos puros de coração que Jesus fez esta maravilhosa
promessa: “verão a Deus” (Mt 5, 8).
Fonte:
Não
Matar
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