24 de julho de 2012
Numa entrevista exclusiva ao Portal Fé em Jesus, o psicanalista, escritor e conferencista Heitor de Paola disse que a presidente Dilma mentiu na campanha eleitoral ao dizer que defendia a manutenção da legislação atual sobre o assunto.
"Ela afirmou que, uma vez eleita, não tomaria a iniciativa de propor
alterações de pontos que tratem da legislação do aborto. Dilma não tomou
pessoalmente a iniciativa, mas designou a socióloga Eleonora Menicucci
para Ministra da Secretaria de Políticas das Mulheres", disse De Paola.
Ontem,
o Portal Fé em Jesus denunciou que a ministra Menicucci e uma assessora
viajaram este mês a Nova York, às custas do contribuinte, apenas para
participar das comemorações dos 30 anos do CEDAW (veja aqui),
um dos comitês de Direitos Humanos da ONU que oficialmente é
responsável por cobrar dos países membros o cumprimento de políticas em
favor das mulheres. No entanto, na prática, o Comitê opera em favor da
descriminalização do aborto nestes países, como o Brasil.
Veja
abaixo a entrevista com o psicanalista, membro da International
Psychoanalytical Association e Clinical Consultant, Boyer House
Foundation, Berkeley, Califórnia, e Membro do Board of Directors da Drug
Watch International. Heitor de Paola possui trabalhos publicados no
Brasil e exterior.
Na entrevista, ele também aborda o avanço das
políticas em favor dos homossexuais, a tirania do Conselho Federal de
Psicologia e o kit gay.
Fé
em Jesus - Em recente audiência pública na Câmara dos Deputados, a
psicóloga Marisa Lobo, acusada por ativistas homossexuais de propor a
"cura gay" voltou a ser hostilizada por criticar resoluções do Conselho
Federal de Psicologia que proíbem estes profissionais de atender quem
deseja mudar sua orientação sexual. Como o senhor avalia essa polêmica? O
senhor acredita que alguém pode receber tratamento para deixar de
sentir atração pelo mesmo sexo?
Heitor de Paola - Tenho que
dividir a resposta em duas. Em primeiro lugar a própria existência
desses conselhos profissionais que foram fundados com a expressa função
de orientar profissionais de sua área, avaliar processos de natureza
ética e autorizar novas técnicas é questionável. O que se dizia
pretender era a melhor organização da profissão, mas na verdade durante
alguns anos funcionaram como guardiões de reserva de mercado. Desde a
tão decantada ‘redemocratização’ estão totalmente politizados,
transformaram-se em Sindicatos. Aqui no Rio, p. ex. o Sindicato dos
Médicos está esvaziado por falta de filiados em número suficiente para
sua manutenção e sobrevivem da famigerada contribuição sindical
obrigatória. Mas a inscrição no CRM é obrigatória por lei, são entidades
ricas e que assumiram as funções sindicais com uma política de
orientação revolucionária. Inscreveram-se, portanto, como ONGs
ativistas. É óbvio que o CFP extrapola de suas funções e opera, neste
caso, como parte do movimento gaysista de imposição de normas de
conduta. Este pessoal tem um medo danado de que algum homossexual deixe
de sê-lo, o que evidenciaria que toda sua cantilena de ‘minorias
perseguidas’, descriminação social e ‘opção sexual’ se mostre mentirosa.
Alguém já se perguntou por que os heterossexuais não se preocupam com
estas coisas? Por que não existem movimentos hetero nem estes querem
impor suas preferências a ninguém? Por que ninguém procura tratamento
para se tornar homossexual?
Quanto ao problema da
homossexualidade é mais complexo. Devo esclarecer que não trabalho com o
conceito de ‘doença mental’, derivado da psiquiatria, neste sentido não
uso termos como ‘cura’.
A homossexualidade não é uma opção nem
orientação sexual, é uma inversão do impulso sexual e uma manifestação
de um delírio alucinatório que faz com que uma pessoa de um sexo se
sinta, delirantemente, como do outro. É alucinatória porque o indivíduo,
em graus variáveis, se enxerga possuindo um corpo diferente do seu
corpo real.
A idéia de que existam homossexuais geneticamente
formados é uma falácia. Todos os seres humanos possuem dois pares de
cromossomos sexuais: X e Y. Se na fecundação se originar um ser XX é
fêmea, se for XY é macho. Não existem variações possíveis, com exceção
de anomalias como o hermafroditismo em que a pessoa nasce com órgãos
sexuais dos dois sexos, mesmo assim eles costumam optar por um, opção às
vezes muito sofrida. Mas isto foge à discussão.
É interessante
ressaltar que os gays, tão ciosos de sua condição de minoria ‘normal’
não admitindo o epíteto de condição patológica, não hesitam em criar,
eles mesmos, uma nova condição psicopatológica para os que têm outras
preferências: homofobia. Fobia, termo técnico da psiquiatria, é usado
por eles com o significado de aversão, mas deriva da palavra grega para
medo.
Fé em Jesus - A mesma psicóloga foi notificada, desta vez
pelo Conselho Regional de Psicologia do Paraná, a remover das suas
páginas e perfis na rede social qualquer menção ao fato de ela ser
cristã. Alega o CRP/PR que a dra. Marisa Lobo faz "proselitismo" ao
declarar sua fé em Cristo. Um parece da OAB/PR considerou a notificação
"descabida", além de inconstitucional por ferir a liberdade de expressão
religiosa. Um profissional declarar a sua fé em alguma crença pode ser
considerado uma infração?
Heitor de Paola - Obviamente a OAB deu
um parecer correto. A psicóloga Marisa Lobo deveria processar o CRP-PR –
e também o CFP. Se não o fizer, estas estupidezes anticonstitucionais
nunca vão parar. Ninguém pode ser impedido de declarar sua fé - ou falta
de – em nenhum local, em nenhuma circunstância e sob nenhuma alegação. E
se for declaração de ateísmo, pode? Aposto que sim! Note-se o viés
revolucionário com a intervenção inaceitável na liberdade individual.
Eu
iria ainda mais longe: ao tornar pública sua crença ela está deixando
claro o que será encontrado por quem procurá-la, o que é consoante com a
verdadeira ética e permite o direito de livre escolha dos seus
eventuais pacientes. Isto é inaceitável para quem esconde quem realmente
é, pois seus pacientes se arriscam a ‘comprar gato por lebre’.
Os
psicólogos competentes estão em seus trabalhos clínicos ou aplicados e
não têm tempo para participar destas assembleias ‘populares’ permanentes
dos Conselhos, que, então, ficam nas mãos de incompetentes. Esta vem
sendo a situação nos Conselhos de todas as profissões técnicas.
Como
a psicóloga é a mesma e os temas estão relacionados, é claro que
CFP/CRP parece partir do princípio que o grande obstáculo à
homossexualidade são as crenças religiosas. Apenas parece, porque sabem
que ninguém é obrigado a seguir os Mandamentos Bíblicos. Mas há uma
coisa à qual as religiões são poderosos obstáculos: à total dominação
cultural revolucionária. A homossexualidade, aqui, não passa de cortina
de fumaça para atacar as religiões.
Fé em Jesus - Ainda em
relação aos homossexuais, num de seus últimos congressos, a ABGLT
exortou seus participantes a lutar para que os brasileiros aprendam
desde criança a declarar sua homossexualidade além de encarar com
naturalidade a chamada "diversidade". O assunto trouxe à lembrança o
famigerado Kit Gay. O senhor acredita numa "infância gay"? Como o senhor
avalia a política dos ativistas gays lançada sobre alunos das redes
públicas de ensino?
Heitor de Paola - Como já disse na primeira
pergunta, ninguém nasce gay, nasce homem ou mulher com sexo
geneticamente definido. A palavra sexo é, portanto, abominada e
substituída por ‘gênero’. Ora, gênero é uma qualidade literária variável
de um idioma para outro. P., ex., muitas palavras que são do gênero
masculino em Português são femininas em Alemão. E é exatamente por isto
que querem substituir sexo – que é geneticamente determinado e imutável –
por gênero: um termo vago e variável. O kit gay e a tentativa de
influenciar crianças são uma aberração abominável, típica de
administração revolucionária.
Fé em Jesus - Em relação a mais
nova onda abortista no país, como o senhor avalia o financiamento, pelo
Ministério da Saúde, de convênios e viagens que têm como objetivo o
aprendizado de técnicas do chamado "aborto seguro" e estudos sobre a
despenalização do aborto, conforme recentemente denunciado por
movimentos pela Vida e pela Frente Parlamentar Evangélica?
Heitor
de Paola - O aborto pode ser seguro para quem? Certamente não para o
feto que será trucidado! E nem para a mãe e provavelmente para o pai.
Estes aborteiros, em função de seu materialismo, só pensam em termos de
manipulação física. As conseqüências psicológicas para a mãe, segundo
minha experiência na clínica – minha e de ouvir colegas – são
devastadoras. Há algum tempo publiquei o relato de uma audiência pública
em que uma centena de mulheres de olhos esbugalhados gritava
histericamente: “Abaixo o Feto”!
(http://www.heitordepaola.com/publicacoes_materia.asp?id_artigo=309) Nem
em Congressos Nazistas jamais se viu coisa igual! Eles tinham algum
pejo de gritar em público o que decidiam em reuniões de gabinete e
praticavam em segredo.
Há total coerência com a ideologia
comunista deste governo o financiamento público e os projetos para
despenalizar o aborto e, não se surpreendam: logo virá a despenalização
da eutanásia e da manipulação genética desenfreada, primeiramente a
voluntária – como já é na Holanda – e depois imposta por lei. Pouco se
fala, mas foi Salvador Allende, comunista, amigo íntimo de Fidel Castro,
fundador da OLAS (Organización Latino Americana de Solidariedad), e não
um nazista, que introduziu no nosso Continente a idéia de eugenia já na
sua tese de término do curso médico sobre higiene mental e
delinqüência, mais tarde como Ministro de Salubridad do presidente Pedro
Aguirre Cerda (1938-41) quando redigiu um projeto de lei em favor da
esterilização de doentes mentais aos moldes nazistas. Existem relatos
não confirmados de algumas clínicas, melhor seria dizer antros
abortistas, que não se desfazem dos fetos abortados, mas vendem para
laboratórios de manipulação genética. Se for verdade é o comércio mais
macabro desde os campos de concentração nazistas!
Há um outro
ponto controverso em relação ao aborto: a questão de quando começa a
vida? Na fecundação? Aos três meses? Ao nascimento? No meu entender a
vida começou uma única vez e durante a fecundação ela apenas flui de
dois seres- de duas células vivas (gametas), espermatozoide e óvulo,
cada um com 23 cromossomos - para formar um novo. O que se inicia na
fecundação é um novo ser que já é humano por possuir 23 pares de
cromossomos (46), característica exclusiva do organismo humano que já
está presente na primeira célula diploide (células que se organizam em
pares de cromossomos), o zigoto. Dela jamais evoluirá outra coisa que o
embrião humano – inicialmente por uma divisão chamada mitose (formam-se
duas células com o mesmo número de cromossomos). Os gametas por serem
células haploides (possuem a metade dos cromossomos) fenecem se não
houver o encontro.
As leis da genética não são discutíveis ou
modificáveis pela lei civil. Portanto, geneticamente falando, o aborto
em qualquer tempo é um homicídio. O que a lei civil pode determinar é a
partir de qual momento o ser humano pode ser considerado uma pessoa, com
direitos e deveres. Consequentemente é uma falácia afirmar que algum
tribunal possa decidir em que momento da gestação o embrião ou feto
passa a ser considerado um ser humano. Já o é desde o zigoto. É um ser
humano no primeiro estágio evolutivo que só terminará com a morte. Esta
noção é importante também para as ideias eugênicas e de eutanásia
‘caridosa’.
Fé em Jesus - Em que pese a então candidata Dilma
Rousseff ter negado, durante a campanha, que faria ações em favor da
descriminalização do aborto, o tema parece não ter saído da agenda
governamental. O governo diz uma coisa, mas realiza outra?
Heitor
de Paola - Sem dúvida! A mentirosa declaração da Dilma candidata foi:
"Sou pessoalmente contra o aborto e defendo a manutenção da legislação
atual sobre o assunto. Eleita Presidente da República, não tomarei a
iniciativa de propor alterações de pontos que tratem da legislação do
aborto e de outros temas concernentes à família”. Dilma não tomou
pessoalmente a iniciativa, mas designou a socióloga Eleonora Menicucci
para Ministra da Secretaria de Políticas das Mulheres. A nova Ministra,
que também integra o grupo de estudo sobre o aborto, fez apologia do
mesmo, relatou ter-se submetido pessoalmente duas vezes a esta prática e
afirmou que levaria para o governo sua militância pelos “direitos
sexuais e reprodutivos das mulheres” expressão eufemística para abrir
espaço ao direito ao aborto. Ela também declarou ter participado na
Colômbia de um curso de autocapacitação para que pessoas não médicas
pudessem praticar o aborto pela técnica da aspiração manual
intrauterina.
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