Angelus de Bento XVI em Castel Gandolfo
CIDADE DO VATICANO, segunda-feira, 09 de julho de 2012(ZENIT.org)-
Ao meio dia de ontem (08) no primeiro Ângelusem Castel Gandolfoo Papa
falou sobre o evangelho de São Marcos que narra as dificuldades dos
habitantes de Nazaré em reconhecer a divindade de Jesus.
Queridos irmãos e irmãs!
Gostaria de abordar brevemente a passagem do Evangelho deste domingo, de cujo texto foi extraído o famoso ditado "Nemo propheta in patria",
isto é, nenhum profeta é bem-vindo entre o seu povo, que o viu crescer
(cf. Mc 6,4). De fato, Jesus com trinta anos deixa Nazaré e depois de um
período em que pregou e realizou curas em outros lugares, retorna ao
seu país e começa a ensinar na sinagoga. Os seus concidadãos "ficaram
escandalizados" com sua sabedoria e, conhecendo-o como o "filho de
Maria", o "carpinteiro" que vivia no meio deles, em vez de acolherem com
fé, ficaram escandalizados (cf. Mc 6,2-3). Isto é compreensível porque
a familiaridade no plano humano dificulta o ‘ir além’ e abrir-se à
dimensão divina.
Que este filho do carpinteiro fosse o filho de Deus era difícil de
acreditar. Jesus mesmo traz como exemplo a experiência dos profetas de
Israel, que em sua própria pátria foram objeto de desprezo, e se
identifica com eles. Devido a este fechamento espiritual, Jesus não pôde
realizar "nenhum prodígio, mas ele pôs as mãos sobre alguns doentes e
os curou" (Mc 6,5). Na verdade, os milagres de Cristo não são exibições
de potência, mas sinal do amor de Deus, que atua onde encontra a fé do
homem na reciprocidade.
Orígenes escreve: "Assim como para os corpos há uma atração natural
de alguns para com outros, como o imã em relação ao ferro... assim
também a fé exerce uma atração sobre a potência divina" (Comentário do Evangelho de Mateus 10, 19 ).
Portanto, parece que Jesus deu sentido à recepção hostil que
encontrouem Nazaré. E, no final da história, descobrimos uma observação
que diz justamente o contrário. O Evangelista escreve que Jesus "foi
surpreendido com a incredulidade deles" (Mc 6,6). Ao espanto de seus
concidadãos, que se escandalizam, corresponde a maravilha de Jesus. Ele
também, de certa forma, se escandaliza!
Apesar de saber que nenhum profeta é aceito em sua pátria, no
entanto, o fechamento do coração do seu povo permanece para Ele obscuro e
impenetrável: como é possível que eles não reconheçam a luz da Verdade?
Por que não se abrem para a bondade de Deus, que quis compartilhar a
nossa humanidade? Na verdade, o homem Jesus de Nazaré é a transparência
de Deus, nEle Deus vive plenamente. E enquanto nós procuramos outros
sinais, outros prodígios, não nos damos conta de que o verdadeiro sinal é
Ele mesmo, Deus feito carne; Ele é o maior milagre do universo: todo o
amor de Deus escondido em um coração humano, em uma face humana.
Aquela que verdadeiramente compreendeu esta realidade foi a Virgem
Maria, bem-aventurada, porque acreditou (cf. Lc 1,45). Maria não se
escandalizou com o seu Filho: a sua surpresa por Ele é cheia de fé,
cheia de amor e alegria em vê-lo tão humano e ao mesmo tempo tão divino.
Aprendamos então dela, nossa Mãe na fé, a reconhecer na humanidade de
Cristo a perfeita revelação de Deus.
(Após o Ângelus)
Queridos irmãos e irmãs, tenho o prazer de recebê-los aqui,em Castel
Gandolfo, onde cheguei há alguns dias. Saúdo cordialmente a comunidade
local e espero que todas as famílias tenham um momento de repouso e de
recarga física e espiritual.
Saúdo com afeto, provenientes de vários países, as Irmãs de Santa
Isabel, que vivem um especial encontro, dez anos após a Profissão
perpétua. Queridas Irmãs, o Senhor as renove profundamente com o seu
amor!
Por fim, dirijo uma cordial saudação aos peregrinos de língua
italiana, especialmente as crianças do Jardim de Infância Verdellino, na
diocese de Bergamo. Desejo a todos um bom domingo e uma boa semana.
Saudações.
(Tradução:MEM)
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