[campistadeniteroi]
Recente
filme sobre São Francisco lançado na Itália traz cena que faz pensar:
Francisco caminha à frente e Clara um pouco atrás. Alguém comenta:''Vejo
que segues Francisco!'',ao que ela retruca: ''Enganas-te.Sigo caminhos
mais profundos.''O santo,ao ouvir o diálogo, sorri, satisfeito.
Qual
a razão da alegria de Francisco? Não teria ele preferido ouvir algo
como:''Sim, sigo o pai Francisco para toda a vida!''. Certamente não. Na
verdade,tal resposta o teria desgostado profundamente. Seu objetivo não
era que seus discípulos o seguissem, mas que seguissem Jesus.
Tudo
o que Clara e os outros deixaram teve como motivação um amor maior e
mais profundo do que tinham uns pelos outros e todos por Francisco: a
descoberta radicalmente ''convertedora'' do amor de Deus. Os abismos
inatingíveis desse amor, cuja largura, profundidade, comprimento e
altura são incalculáveis e inatingíveis consistiam os caminhos de Clara.
Inevitável
pensar, neste outubro, em Francisco e Clara em sua sincera e simples
busca do céu pelos profundos caminhos do amor de Deus e vivência do
Evangelho. Ao meu redor, a cidade poluída por todo tipo de propaganda
política em busca de seguidores. Na imprensa escrita, nos twitters, na
TV, nas rádios, esforços de milhares de marqueteiros a serviço dessa ou
daquela pessoa que almeja conquistar seguidores.
Ser
seguido, hoje, é ter poder de influência sobre as pessoas, é aumentar o
prestígio, o poder de barganha, a fama, a boa imagem. Hoje isso vale
uma fortuna, além de inflar o ego dos já cheios de si.
O
pensamento se volta, então, para a cena do filme. Como Teresinha,
também de outubro, Francisco e Clara deixaram tudo: fortuna, juventude,
pai, mãe, boa mesa, boa cama, estabilidade, sonhos, planos. Encontraram o
amor maior. Andaram na contramão dos que contabilizam seguidores no
twitter. Nadaram contra a corrente dos que gastam fortuna para serem
seguidos, apreciados, ouvidos, aplaudidos.
Escolheram
ser os menores, servos de todos. Teresinha e Clara trilharam o profundo
caminho do silêncio, da contemplação, da pobreza absoluta, da castidade
e obediência, do radical seguimento de Jesus… e o conheceram e amaram
de uma forma que não conseguiram descrever. Ele foi seu tudo, sua
plenitude, deixou-se conhecer pelo amar e ser amado.
Francisco
trilhou os caminhos da evangelização, do ''pessoa a pessoa'', do
''porta a porta''. Desposou a Dama Pobreza, a Irmã Castidade, a Donzela
Obediência. Foi livre, inteiramente livre. Não se importou com a opinião
de ninguém e anunciou Jesus sem medo. Desafios? Sim, ele os teve, não,
contudo, a ponto de desanimar no cumprimento de sua missão de serviço à
Igreja e aos homens. Quanto a Jesus… conheceu-o e o amou com todas as
suas forças, de todo seu coração, com tudo o que tinha e era. Conheceu-o
pelo amor recíproco e, segundo o próprio Jesus, ninguém nesta terra
conheceu e entendeu melhor seu amor divino.
''Sigo
caminhos mais profundos'', disse a adolescente Clara.Que diriam hoje as
de sua idade? Sigo Jesus através de Francisco, quis dizer Clara. Quem
seguimos nós através dos nossos ídolos? Seguramente, ninguém, a não ser
eles mesmos. Seguimos caminhos rasos, superficiais, barulhentos, sem
peso de vida eterna.
Caminhos
mais profundos dão sentido à vida, levam ao céu, são intermináveis e
insaciáveis em busca do Senhor que amamos. Supõem silêncio, solidão
bendita, oração. Caminhos superficiais retiram o sentido da vida,
adoecem, enojam, levam a nós mesmos e, no melhor dos casos, a uma pessoa
que nos decepcionará. Supõem ruído e agitação, geram solidão maldita e
estéril irreflexão.
E
tu? A quem segues? Segues twitters? Segues ídolos? Segues a ti mesmo?
Ou segues caminhos mais profundos? Importa responder. Disso depende a
qualidade de tua vida, teu caminho para seres tu mesmo, teu amor a Deus,
teu céu.
- – - – - – - – - – - – - – - – - – - – - – - -
Fonte: Comunidade Shalom
Nenhum comentário:
Postar um comentário