sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Bispos fiéis ao Evangelho e não às modas do mundo

Discurso do Cardeal Bertone, Secretário de Estado, aos bispos recém-ordenados, reunidos no Regina Apostolorum para o congresso promovido pela Congregação para os Bispos
Por Salvatore Cernuzio

ROMA, quinta-feira, 13 de setembro de 2012 (ZENIT.org) – Foi um convite à verdade, à clareza e à solidez na fé, o discurso do cardeal Secretário de Estado, Tarcisio Bertone, dirigido aos bispos ordenados nos últimos doze meses, durante a Missa celebrada ontem, quarta-feira, 12 de setembro, no Pontifício Ateneu Regina Apostolorum.
"Um cristão, especialmente um padre e um bispo, não deve conformar-se com o mundo pelo medo de ser criticado ou pelo desejo de que todos falem bem dele” disse o cardeal. Uma frase decisiva que sintetiza a clara indicação que ele quis dar aos bispos – reunidos para participar do Congresso promovido pela Congregação dos bispos – ao desempenhar o próprio ministério.
Comentando a passagem do Evangelho de Lucas sobre as bem-aventuranças propostas pela liturgia de ontem (Lc 6, 26), o cardeal de fato exortou: “Se as pessoas nos criticam porque não vivemos fielmente a nossa vocação e a nossa missão, certamente devemos examinar-nos e mudar”.
"Mas - acrescentou - se somos criticados porque não seguimos os critérios do mundo e as modas do momento, devemos permanecer serenamente firmes na nossa fidelidade ao Evangelho e ao ensinamento autêntico da Igreja. Assim a felicidade prometida pelo Senhor está em nós já desde agora".
O Secretário de Estado então comentou a Epístola aos Coríntios, onde São Paulo intervem "nas questões dos cristãos de Corinto, para indicar-lhes os princípios e critérios inspiradores”. Entre as várias questões postas pelo Apóstolo, de fato, haviam “algumas sobre o matrimônio e a escolha do estado de vida para as diferentes categorias de pessoas".
"A partir do contexto da Carta - o cardeal explicou – conclui-se que em Corinto um grupo de cristãos era orientado por uma linha de absoluta intransigência em âmbito conjugal", segundo o qual “o matrimônio era pouco conveniente para os batizados”. A vontade de São Paulo é portanto a de “ajudar os cristãos a fazer uma escolha do estado de vida inspirada pela verdadeira liberdade evangélica, que tem o seu fundamento na relação com o Senhor".
Ele realizou esse propósito eliminando antes de mais nada “os prejuízos derivantes dos medos e distorções do ambiente, afirmando que nenhum estado de vida, matrimônio ou virgindade, é em si mesmo salvífico. Quem salva é o Senhor. Por isso aquilo que conta é a fidelidade com relação a Deus, que deve ser vivida em cada condição”, disse o cardeal.
Das “indicações” do Santo de Tarso delineiam-se, portanto, três princípios fundamentais, que, como afirmado pelo cardeal, tornam-se depois “critérios para uma escolha consciente e responsável".
O primeiro "é aquele do dom ou carisma que cada um recebe do Senhor". "Uma pessoa - disse Bertone – pode se casar se recebeu o dom espiritual correspondente, e pode fazer uma escolha virginal e celibatária se recebe este dom”.
"O segundo princípio - prosseguiu - é aquele do chamado de Deus. A partir daqui, podemos entender que a questão não é aquela de inventar, mas de responder ao que somos por iniciativa e vontade divina”. Finalmente, o terceiro "é a aquele da fé no Senhor ressuscitado".
Não se trata, porém, para o Secretário de Estado, de "uma diminuição do presente e dos valores terrenos, mas de colocar o presente e toda realidade humana na perspectiva do eterno”. “As nossas tristezas e as nossas alegrias - acrescentou de fato - toda a nossa experiência e situação é como que redimencionada no sentido de que é atraída para uma nova dimensão por um pólo de insuperável força, que tudo ilumina e transfigura”: o mistério pascal de Jesus Cristo.
Este é "um forte convite para viver na esperança e comunicá-la, como bispos, ao povo cristão” disse finalmente o cardeal dirigindo-se aos bispos presentes. “Neste caminho de fidelidade a Cristo e ao seu Evangelho - concluiu - a Santíssima Virgem é o nosso modelo" do qual podemos desfrutar “a força e a doçura”.
Isto significa colocar o ministério sacerdotal e episcopal “dentro da obediência mariana”, ou seja “obediência da fé, por meio da qual transferimos a propriedade de nós mesmos para nós mesmos em Cristo no serviço generoso e fiel da sua Igreja”.
Uma mensagem de esperança, então, mais do que um convite a não desanimar nas dificuldades que os novos pastores encontrarão ao longo do seu ministério. Depois de ter dirigido palavras de gratidão ao cardeal Marc Ouellet, prefeito da Congregação para os Bispos e aos seus colaboradores pela iniciativa, o cardeal Bertone assegurou a todos os participantes a proximidade espiritual e a benção do Pontífice.

[Tradução do Italiano por Thácio Siqueira]

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