terça-feira, 18 de setembro de 2012

Carta aos Gálatas - Apóstolo Paulo


academus - A partir da leitura da Carta aos Gálatas vemos que o cristianismo se distanciou teoricamente do judaísmo, e isso por intermédio do apóstolo Paulo o qual era um judeu praticante (At.26,4) cidadão romano (At.16,37; 22,25), teve como mestre Gamaliel (At,22,3) fabricante de tendas (At. 18,3), aprova a morte de Estevão ( At.8,1) e depois torna-se o convertido fervoroso (At. 9,4). Por causa de Cristo perdi tudo ( Fl 3,8).

A conversão para Cristo criou em Paulo uma situação nova, imprevista. De um lado, cortado da comunidade judaica, perde o círculo de amizade que tinha com os judeus, os quais o odiavam a ponto de querer matá-lo (At. 9,23). Começa então um grande conflito, quando Pedro batizou Cornélio que era pagão. O pagão que quisesse entrar na comunidade deveria observar toda a lei de Moises, inclusive à circuncisão. Este era um costume dos antigos.
 
A prática dos cristãos de Antioquia modificou o costume secular e provocou uma crise que abalou a vida da comunidade. O problema era: Para poder ser salvo é necessário observar a Lei e fazer a circuncisão, onde o grupo mais aberto em favor da entrada direta dos pagãos sem exigir a circuncisão era a de Paulo e Barnabé em Antioquia. Eles diziam: É pela graça do Senhor que acreditamos ser salvos (At. 15,11). Paulo não se apóia na tradição, ele proclama independência dela, divulgando o evangelho com esmero para não haver esmorecimento da vida cristã. Os Gálatas esfriam por causa de suas dúvidas, e Paulo entra com tudo e tira aquele povo do apego aos antigos.

A carta aos Gálatas é proclamação, assim Paulo com sua experiência de fé e as suas relações com as comunidades cristãs primitivas, expõe sua luta para preservar a fé cristã contra as ameaças que esta sofre, com a disputa entre o cristianismo e o judaísmo e do mesmo modo entre a vida fática e o misticismo, a missão confunde-se com sua vida e a experiência de conversão é expressa na proclamação o “tornar-se cristão”. Após se converter ele prega fora da Palestina para os não-judeus; começam as brigas com Tiago irmão de Jesus, para os judeus seguidores de Jesus o cristianismo de Paulo era uma traição, ele não se opunha aos dominadores e teria desvirtuado imagens de alguns judeus como os fariseus, ele também criticava os saduceus cúmplices dos romanos e ainda censurava os eleatas que pegavam em armas contra os romanos.

A apropriação filosófica das cartas paulinas visa impedir o esvaziamento fático da própria filosofia, a originalidade cristã que sobrevive em nossas vidas, há afinidade entre a proclamação apostólica e a filosófica, a filosofia é uma batalha versus seu esvaziamento fático pela razão ela enfrenta a si mesmo, algo a ver com o conhecimento originário da fé cristã, investiga a origem da oposição racional/ irracional, antes de tornar-se dogma.

 
O cristianismo se distanciou teoricamente do judaísmo com a “Luta de Paulo” contra o mundo clássico grego-judáico e judaico-cristão partindo da compreensão prévia do fenômeno religioso, ele indica um caminho originário de acesso à fé, o apóstolo dos pagãos luta em várias frentes e em Gálatas contra as versões judaizantes que era a conexão entre cristianismo e judaísmo tradicional, seu maiores adversários consistiam em os que ameaçavam refrear a inovação do cristianismo aos mandamentos da lei mosaica (relativo a Moises, profeta e legislador bíblico) a influência dessa tradição ameaçava igreja da Galácia, porém Paulo enfrenta afirmando que receberá seu evangelho diretamente de Jesus. “Proclamar é lutar contra a tendência ao esmorecimento da vida cristã” Paulo se dirige não aos adversários, mas aos gálatas para mantê-los na fé.

“Cristo crucificado é escândalo para os judeus e insanidade para os gregos.” Mas o centro da doutrina cristã rompeu categoricamente com a blindagem de estilo elevado,  substituindo pela figura de Cristo suas aflições atribulações que depois são substituídas pela Providência Divina.” Ser judeu ou ser pagão se tornou irrelevante para o cristianismo, os de formação judaica não devem mais explicar sua fé pela lei mosaica, esse obstáculo desaparece com o “tornar-se cristão”. Todos os que forem batizados em cristo se revestem de Cristo.

Bibliografia:

HEBECHE, Luiz Alberto e Delamar José Volpato Dutra. História da Filosofia II —Florianópolis  FILOSOFIA/EAD/UFSC, 2008. 207p.

JAPIASSÚ,  Hilton, Dicionário Básico de Filosofia de Hilton Japiassú e Danilo Marcondes.  
4º.ed. atual. Rio de Janeiro:Jorge Zahar. Ed.,2006.


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