academus - A
partir da leitura da Carta aos Gálatas vemos que o cristianismo se
distanciou teoricamente do judaísmo, e isso por intermédio do apóstolo
Paulo o qual era um judeu praticante (At.26,4) cidadão romano (At.16,37;
22,25), teve como mestre Gamaliel (At,22,3) fabricante de tendas (At.
18,3), aprova a morte de Estevão ( At.8,1) e depois torna-se o
convertido fervoroso (At. 9,4). Por causa de Cristo perdi tudo ( Fl
3,8).
A
conversão para Cristo criou em Paulo uma situação nova, imprevista. De
um lado, cortado da comunidade judaica, perde o círculo de amizade que
tinha com os judeus, os quais o odiavam a ponto de querer matá-lo (At.
9,23). Começa então um grande conflito, quando Pedro batizou Cornélio
que era pagão. O pagão que quisesse entrar na comunidade deveria
observar toda a lei de Moises, inclusive à circuncisão. Este era um
costume dos antigos.
A
prática dos cristãos de Antioquia modificou o costume secular e
provocou uma crise que abalou a vida da comunidade. O problema era: Para
poder ser salvo é necessário observar a Lei e fazer a circuncisão, onde
o grupo mais aberto em favor da entrada direta dos pagãos sem exigir a
circuncisão era a de Paulo e Barnabé em Antioquia. Eles diziam: É pela
graça do Senhor que acreditamos ser salvos (At. 15,11). Paulo não se
apóia na tradição, ele proclama independência dela, divulgando o
evangelho com esmero para não haver esmorecimento da vida cristã. Os
Gálatas esfriam por causa de suas dúvidas, e Paulo entra com tudo e tira
aquele povo do apego aos antigos.
A
carta aos Gálatas é proclamação, assim Paulo com sua experiência de fé e
as suas relações com as comunidades cristãs primitivas, expõe sua luta
para preservar a fé cristã contra as ameaças que esta sofre, com a
disputa entre o cristianismo e o judaísmo e do mesmo modo entre a vida
fática e o misticismo, a missão confunde-se com sua vida e a experiência
de conversão é expressa na proclamação o “tornar-se cristão”. Após se
converter ele prega fora da Palestina para os não-judeus; começam as
brigas com Tiago irmão de Jesus, para os judeus seguidores de Jesus o
cristianismo de Paulo era uma traição, ele não se opunha aos dominadores
e teria desvirtuado imagens de alguns judeus como os fariseus, ele
também criticava os saduceus cúmplices dos romanos e ainda censurava os
eleatas que pegavam em armas contra os romanos.
A
apropriação filosófica das cartas paulinas visa impedir o esvaziamento
fático da própria filosofia, a originalidade cristã que sobrevive em
nossas vidas, há afinidade entre a proclamação apostólica e a
filosófica, a filosofia é uma batalha versus seu esvaziamento fático
pela razão ela enfrenta a si mesmo, algo a ver com o conhecimento
originário da fé cristã, investiga a origem da oposição racional/
irracional, antes de tornar-se dogma.
O
cristianismo se distanciou teoricamente do judaísmo com a “Luta de
Paulo” contra o mundo clássico grego-judáico e judaico-cristão partindo
da compreensão prévia do fenômeno religioso, ele indica um caminho
originário de acesso à fé, o apóstolo dos pagãos luta em várias frentes e
em Gálatas contra as versões judaizantes que era a conexão entre
cristianismo e judaísmo tradicional, seu maiores adversários consistiam
em os que ameaçavam refrear a inovação do cristianismo aos mandamentos
da lei mosaica (relativo a Moises, profeta e legislador bíblico) a
influência dessa tradição ameaçava igreja da Galácia, porém Paulo
enfrenta afirmando que receberá seu evangelho diretamente de Jesus.
“Proclamar é lutar contra a tendência ao esmorecimento da vida cristã”
Paulo se dirige não aos adversários, mas aos gálatas para mantê-los na
fé.
“Cristo
crucificado é escândalo para os judeus e insanidade para os gregos.”
Mas o centro da doutrina cristã rompeu categoricamente com a blindagem
de estilo elevado, substituindo pela figura de Cristo suas aflições
atribulações que depois são substituídas pela Providência Divina.” Ser
judeu ou ser pagão se tornou irrelevante para o cristianismo, os de
formação judaica não devem mais explicar sua fé pela lei mosaica, esse
obstáculo desaparece com o “tornar-se cristão”. Todos os que forem
batizados em cristo se revestem de Cristo.
Bibliografia:
HEBECHE, Luiz Alberto e Delamar José Volpato Dutra. História da Filosofia II —Florianópolis FILOSOFIA/EAD/UFSC, 2008. 207p.
JAPIASSÚ, Hilton, Dicionário Básico de Filosofia de Hilton Japiassú e Danilo Marcondes.
4º.ed. atual. Rio de Janeiro:Jorge Zahar. Ed.,2006.

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