Rimsah é libertada sob fiança (imagem capturada do Youtube)
26 Set. 12
MADRI (ACI/Europa Press).-
O caso da menina paquistanesa de quatorze anos que foi acusada de
blasfêmia em agosto deste ano por ter supostamente queimado várias
páginas do Corão, Rimsha Masih, será visto por um tribunal de menores,
informou seu advogado ao canal americano CNN.
O advogado, Tahir Naveed Choudhry, ordenou a transferência do caso nesta segunda-feira. A investigação policial permitiu descobrir que a garota, que é cristã, é inocente e que um imã muçulmano armou-lhe uma armadilha.
"Não há provas legais contra Rimsha", declarou o policial Munir Jafri à CNN.
O diretor da ONG Human Rights Watch (HRW) no Paquistão, Ali Dayan Hasan, indicou que "isto é um passo prévio ao fim do caso" e "é algo que não tem precedentes nos 25 anos durante os quais estiveram vigentes as leis contra a blasfêmia no Paquistão".
O advogado, Tahir Naveed Choudhry, ordenou a transferência do caso nesta segunda-feira. A investigação policial permitiu descobrir que a garota, que é cristã, é inocente e que um imã muçulmano armou-lhe uma armadilha.
"Não há provas legais contra Rimsha", declarou o policial Munir Jafri à CNN.
O diretor da ONG Human Rights Watch (HRW) no Paquistão, Ali Dayan Hasan, indicou que "isto é um passo prévio ao fim do caso" e "é algo que não tem precedentes nos 25 anos durante os quais estiveram vigentes as leis contra a blasfêmia no Paquistão".
A Polícia apresentou suas
conclusões ao tribunal e a próxima audiência será no dia 1 de outubro.
Normalmente, os tribunais paquistaneses costumam atuar em função da
recomendação da Polícia.
Jafari assegurou que há muitas provas
que demonstram que o imã Jalid Jadoon Chishti preparou uma armadilha
para a adolescente e que na verdade foi ele quem destruiu as páginas do
livro sagrado dos muçulmanos.
Hasan destacou a importância que tem este fato porque "nunca antes um falso acusador tinha necessitado prestar contas".
Leis contra a blasfêmia
O
diretor da HRW no Paquistão explicou que quando foram aprovadas as
primeiras leis contra a blasfêmia neste país, o objetivo era manter a
paz entre as distintas comunidades religiosas.
Mas um dirigente
militar as tornou mais rígidas na metade da década de 80, introduzindo
umas emendas que "convertiam a blasfêmia em um crime capital",
acrescentou.
"Estavam redigidas com uma linguagem ambígua (...) e
se transformaram em instrumentos de coação e perseguição", denunciou.
"As leis foram utilizadas de forma desproporcional contra os grupos mais
fracos e vulneráveis da sociedade: as minorias religiosas, as mulheres,
crianças e os pobres", acrescentou.
A
maioria das vítimas das leis contra a blasfêmia pertencem a grupos
religiosos minoritários indicam a Human Rights Watch e a Comissão de
Direitos humanos do Paquistão.
O pai da menina Rimsha Masih,
Mizrak, um cristão, sublinhou em entrevista com a CNN no início de
setembro que nenhum membro de sua família cometeria atos de blasfêmia. "Respeitamos o Corão da mesma forma que respeitamos a Bíblia", afirmou.
Segundo
HRW, desde 1986 foram registrados 1.400 casos relacionados com o delito
de blasfêmia. Mais de quinze pessoas acabaram no corredor da morte e 52
foram assassinadas enquanto esperavam julgamento.
Rimsha teme por sua vida
A
adolescente paquistanesa, presa no dia 16 de agosto e posteriormente
libertada sob fiança, também foi entrevistada por telefone no início de
setembro. Ela afirmou que estava feliz por estar com sua família mas que
tinha medo. "Temo que alguém possa nos matar", admitiu.
Segundo
as conclusões da investigação policial, um vizinho a acusou publicamente
de ter queimado páginas do Corão para usá-las como combustível para
cozinhar. Quando a Polícia chegou, prendeu-a.
Os advogados de
Rimsha afirmam que o vizinho a acusou para vingar-se dela, pois não as
duas famílias não mantinham boas relações. Um representante da família
assinalou que várias ONGs dos Estados Unidos, Itália e Canadá
oferecessem ajuda à garota e à sua família para sair do Paquistão. Porém
ela mesma disse recentemente que quer ficar em seu país.
Hasan
indicou que, digam o que digam os tribunais ou a Polícia, as pessoas
pensarão o que quiserem pensar. "Certamente, ela corre um sério perigo
(...). Foi a acusação que pôs em risco a sua vida, e isso pode
perdurar", explicou o diretor da Human Rights Watch no Paquistão.
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