13/09/2012

A reportagem é de Maria Teresa Pontara Pederiva, publicada no sítio Vatican Insider, 11-09-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O
programa divulgado nestes dias prevê intervenções de homens e mulheres,
leigos e leigas, religiosos e religiosas, e padres, em uma sinfonia de
vozes dignas de um aniversário conciliar: a biblista Rosanna Virgili, o historiador Giovanni Turbanti, os teólogos Pe. Carlo Molari e Cettina Militello, o ensaísta Raniero La Valle, mais uma mensagem de Dom Loris Capovilla (também estarão presentes Dom Luigi Bettazzi, Giovanni Franzoni, Paolo Ricca, Felice Scalia e Adriana Valerio, além de responsáveis de todas as organizações patrocinadoras).
Pedimos a Franco Ferrari, coordenador da rede I Viandanti, que nos ilustrasse a assembleia.
Eis a entrevista.
Por ocasião dos 50º aniversário da abertura do Vaticano II, um congresso não é uma novidade: em que ele se diferencia dos outros?
Por ocasião dos 50º aniversário da abertura do Vaticano II, um congresso não é uma novidade: em que ele se diferencia dos outros?
O
congresso se move em dois níveis. O primeiro é fazer memória, também
para dizer às gerações que não viveram o Concílio que tipo de
"atualização" foi esse evento para a Igreja da época. Mas todo "fazer
memória" também deve servir para olhar para o futuro: acreditamos que a
novidade do congresso está justamente aí. As palestras da teóloga Cettina Militello e de Raniero La Valle, que acompanhou os trabalhos conciliares para o jornal L'Avvenire d'Italia,
irão abrir as perspectivas futuras na esperança de uma verdadeira
atualização da Igreja. Em outras palavras, a mensagem que se quer enviar
é que o Vaticano II não está atrás de nós, mas ainda está à nossa frente.
Explique-nos
o título: "Igreja de todos", mas "Igreja dos pobres". Um ditame do
Concílio que vocês consideram ainda não totalmente implementado?
O título se refere a uma expressão utilizada por João XXIII e que remete, em certo sentido, a um modelo de Igreja. O problema dos pobres e da pobreza "na" e "da" Igreja
é uma questão que, em particular, uma parte dos padres conciliares
havia posto com força, mas, na bem da verdade, provém do próprio
Fundador da Igreja e, portanto, do Evangelho.
Questões como
pobreza, poder, autoridade interpelam sempre toda a Igreja
(particularmente a parte institucional). Pensemos apenas no uso dos bens
imóveis sem falar das questões financeiras. Sobre esses assuntos,
certamente ainda há e sempre há uma grande lacuna entre a realidade e o
dever ser. Por isso, uma vigilância crítica sempre é necessária por
todos.
As realidades promotoras do encontro são inúmeras e diversas: o que as congrega além da ocasião do 50º aniversário?
Seguramente
o ser e o sentir-se Igreja. É extraordinário que um número tão amplo de
grupos, de associações e de comunidades eclesiais de base ou não, que
na vida cotidiana também se caracterizam por escolhas de práxis eclesial
muito diversas, tenham encontrado uma convergência justamente no Vaticano II.
Para alguns, o Concílio foi o início da diáspora e da fragmentação.
Agora parece ser ainda o Concílio quem cria convergências. Nas
esperanças dos promotores está a de que esse seja um primeiro começo de
uma opinião pública expressão do laicato adulto, da qual se sente muita
falta na Igreja.
Se o senhor tivesse que quantificar em termos de representatividade, de qual fatia dos católicos italianos vocês se sentem voz?
Um
exame atenta das muitas realidades que copromovem essa assembleia
permite capturar as várias nuances que se expressam no congresso. Por
isso eu diria que, mais do que representação de uma fatia dos católicos
italianos, estamos como que de frente a uma amostra que representa o
todo. Em outras palavras, estamos diante de uma seção completa da
Igreja, de fato, encontramos tanto realidades de base, quanto realidades
mais institucionais, por exemplo: paróquias, Pax Christi, revistas de
ordens religiosas etc.
Vocês já pensaram em uma fase posterior, a famosa presença de católicos na política?
O
compromisso político certamente é uma das responsabilidades de um
laicato cristão consciente do bem comum, mas o horizonte político e
partidário não se refere a essa iniciativa. As preocupações são
eminentemente eclesiais.
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