[unisinos]
Na quarta-feira passada, o arcebispo Luis Antonio Tagle, de Manila, falou no Sínodo dos Bispos
sobre o poder do silêncio. Em um mundo onde as vozes mais altas dominam
nas salas de reuniões, nos debates políticos, na mídia e nos fóruns de
discussão online, Tagle nos lembra que, "em Jesus, o silêncio se torna o
caminho da escuta atenta, da compaixão e da oração. É o caminho para a
verdade".
A reportagem é de Isabella R. Moyer, publicada no sítio do jornal National Catholic Reporter, 13-10-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A reportagem é de Isabella R. Moyer, publicada no sítio do jornal National Catholic Reporter, 13-10-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O
silêncio é mais do que a ausência de palavras, de sons ou de
distrações. A virtude do silêncio sabe quando ouvir e quando falar. Ao
ouvir, ele ouve com atenção. Ao falar, ele escolhe as palavras
cuidadosamente. Ele permite que um verdadeiro diálogo aconteça em uma
atmosfera de respeito e desejo mútuo por uma compreensão mais profunda.
O lineamenta
original para o Sínodo convidou todos os bispos a promoverem esse
diálogo com as mulheres e os homens em suas dioceses sobre o tema da
nova evangelização. O presente documento de trabalho para o Sínodo é um
resumo das respostas ao lineamenta original dos bispos de todo o
mundo. Espera-se que os bispos realmente tenham ouvido muitas e
diversificadas vozes, e estejam agora trazendo essas experiências para
as discussões sinodais. Afinal, um diálogo sobre a nova evangelização
sem conhecer os desejos e as necessidades daqueles que se deseja
evangelizar é infrutífero.
Espera-se que os bispos se escutem
atentamente entre si, de modo que cada experiência local possa se
refletir dentro da realidade maior e global. Espera-se que o papa ouça
atentamente os relatórios finais do Sínodo e escreva um documento que
reflita as vozes de todos.
A evangelização, seja nova ou velha,
nos obriga a nos ouvirmos atentamente entre si. A realmente ouvir. E
requer que busquemos as palavras certas para expressar a verdade de
maneira que deem vida, e não façam ameaças.
João XXIII condenou
os profetas da desgraça do seu tempo. No entanto, esses profetas ainda
estão entre nós, protestando contra os católicos que se "afastaram" ou
se "desviaram" da Igreja. Sim, muitos deixaram a Igreja por causa da fé
morna ou da indiferença. Alguns se dirigiram para a porta de saída com
raiva e desilusão. Alguns permanecem às margens da Igreja, com um pé
dentro e um pé pronto para fugir. As palavras que eles ouvem de nós são
palavras de esperança que refletem a alegre mensagem do Evangelho? Ou
será que eles só ouvem palavras que são acusatórias e julgadoras? As
nossas palavras oferecem boas-vindas de volta ao coração da comunidade
ou providenciam um empurrãozinho final para fora da porta?
A
responsabilidade para a nova evangelização depende de todos nós, não só
dos padres e dos bispos. Todos nós devemos olhar cuidadosamente para a
virtude do silêncio em nossas interações diárias. Sabemos como ouvir
atentamente? Escolhemos as nossas palavras com cuidado? Nossas palavras
enriquecem a conversa e incentivam o diálogo ou simplesmente gritam a
nossa agenda, esperando abafar as palavras dos outros?
E, sim, às vezes é melhor deixar as palavras totalmente de lado. O arcebispo Rowan Williams, de Canterbury, líder da Comunhão Anglicana mundial,
falou ao Sínodo sobre o importante papel que a contemplação pode
desempenhar em nossos esforços ecumênicos. "Com nossas mentes calmas e
prontas para receber, com as nossas fantasias autogeradas sobre Deus e
nós mesmos reduzidas ao silêncio, estamos finalmente no ponto em que
podemos começar a crescer".
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