[bibliacatolica]
17 outubro 2012
Os cristãos sempre sofreram intensas perseguições, matanças e saques
durante o transcorrer dos séculos, principalmente no início da formação
da Igreja. Por essa razão muitos dos escritos produzidos pelos primeiros
cristãos foram queimados ou destruídos de outra forma. Sendo assim, a
memória da Igreja, às vezes, tem dados insuficientes sobre a vida e a
obra de santos e mártires do seu passado mais remoto. Para que essas
poucas evidências não se perdessem, ela se valeu das fontes mais fiéis
da literatura mundial, que nada mais são do que as próprias narrações
das antigas tradições orais cristãs preservadas pela humanidade.
Interessante
é o caso dos dois santos com o nome de Dionísio, venerados no
cristianismo.
A data de 3 de outubro é consagrada ao Areopagita,
enquanto o outro santo, o primeiro bispo de Paris, é festejado no dia 9
deste mês. O Dionísio homenageado ao dia 3 foi convertido pelo apóstolo
Paulo (At 17,34) durante a sua pregação aos gregos no Areópago, daí ter
sido agregado ao seu nome o apelido de Areopagita.
O Areópago era
o tribunal supremo de Atenas, na Grécia, onde eram decididas as leis e
regras gerais de conduta do povo. Só pertenciam a ele cidadãos nascidos
na cidade, com posses, cultura e prestígio na comunidade. Dionísio era
um desses areopagitas.
Nascido na Grécia, no seio de uma nobre
família pagã, estudou filosofia e astronomia em Atenas. Em seguida, foi
para o Egito finalizar os estudos da matemática. Ao regressar a Atenas,
foi nomeado juiz. Até ele chegou o apóstolo Paulo, quando acusado ante o
tribunal em que se encontrava Dionísio. Dionísio, ao assistir à
eloqüente pregação de Paulo, foi o primeiro a converter-se. Por isso
conseguiu para si inimigos poderosos entre a elite pagã que comandava a
cidade. Foi então que são Paulo acolheu o areopagita entre seus
primeiros discípulos.
Logo em seguida, Dionísio foi consagrado
pelo próprio apóstolo como bispo de Atenas. Nessa condição, ele fez
muitas viagens a terras estrangeiras, para pregar e aprender a cultura
dos outros povos. Segundo se narra, nessas jornadas teria conhecido
pessoalmente são Pedro, são Tiago, são Lucas e outros apóstolos. Além de
os registros antigos fazerem referência sobre ele na dormição e
Assunção da Virgem Maria, a mãe do Filho de Deus.
Em Atenas, seus
opositores na política conseguiram sua condenação à morte pelo fogo, mas
ele se salvou, viajando para encontrar-se com o papa, ou bispo de Roma.
Depois, só temos a informação do Martirológio Romano, na qual consta
que são Dionísio Areopagita morreu sob a perseguição contra os cristãos
no ano 95.
Dionísio o Areopagita (+ 96dC), sobre a Dormição da Deípara:
“Pois até mesmo entre os nossos hierarcas inspirados, quando, como tu sabes, nós juntamente com ele [um presbítero ateniense chamado Hierotheos] e muitos de nossos santos irmãos se reuniram para contemplar aquele corpo mortal [de Maria], Fonte da Vida, que recebeu o Deus encarnado, e Tiago, irmão de Deus [isto é, Tiago de Jerusalém] estava lá, e Pedro, o chefe maior dos escritores sagrados, e então, depois de terem contemplado isso, todos os hierarcas ali presentes celebraram, segundo o poder de cada um a bondade onipotente da fraqueza Divina [ou seja, que Deus se fizesse homem]”.
“Naquela ocasião, eu digo, ele [isto é, Hierotheos] ultrapassou todos os Iniciados com exceção dos escritores divinos, sim, ele estava completamente transportado, completamente absorto, e ficou tão emocionado através da comunhão com aqueles mistérios que ele estava comemorando, que todos os que o ouviram, viram e conheceram (ou melhor, não o conheceram) considerou que ele foi arrebatado por Deus e um hinografo divino”. (Dionísio o Areopagita -Sobre os Nomes Divinos 3:2)
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