15 de outubro
Nunca um santo ou santa mostrou-se tão “carne e osso” como Teresa
d’Ávila, ou Teresa de Jesus, nome que assumiu no Carmelo. Nascida no dia
28 de março de 1515, seus pais, Alonso Sanchez de Cepeda e Beatriz
d’Ávila y Ahumada, a educaram, junto com os irmãos, dentro do exemplo e
dos princípios cristãos. Aos sete anos, tentou fugir de casa e
peregrinar ao Oriente para ser martirizada pelos mouros, mas foi
impedida. A leitura da vida dos santos mártires tinha sobre ela uma
força inexplicável e, se não fossem os parentes terem-na encontrado por
acaso, teria fugido, levando consigo o irmão Roderico.
Órfã de mãe aos doze anos, Teresa
assumiu Nossa Senhora como sua mãe adotiva. Mas o despertar da
adolescência a levou a ter experiências excessivas ao lado dos primos e
primas, tornando-se uma grande preocupação para seu pai. Aos dezesseis
anos, sua atração pelas vaidades humanas era muito acentuada. Por isso,
ele a colocou para estudar no colégio das agostinianas em Ávila. Após
dezoito meses, uma doença grave a fez voltar para receber tratamento na
casa de seu pai, o qual se culpou pelo acontecido.
Nesse período, pela primeira vez, Teresa
passou por experiências espirituais místicas, de visões e conversas com
Deus. Todavia as tentações mundanas não a abandonavam. Assim
atormentada, desejando seguir com segurança o caminho de Cristo, em
1535, já com vinte anos, decidiu tornar-se religiosa, mas foi impedida
pelo pai. Como na infância, resolveu fugir, desta vez com sucesso. Foi
para o Convento carmelita da Encarnação de Ávila.
Entretanto a paz não era sua companheira
mais presente. Durante o noviciado, novas tentações e mais o
relaxamento da fé não pararam de atormentá-la. Um ano depois, contraiu
outra doença grave, quase fatal, e novamente teve visões e conversas com
o Pai. Teresa, então, concluiu que devia converter-se de verdade e
empregou todas as forças do coração em sua definitiva vivência da
religião, no Carmelo, tomando o nome de Teresa de Jesus.
Aos trinta e nove anos, ocorreu sua
“conversão”. Teve a visão do lugar que a esperaria no inferno se não
tivesse abandonado suas vaidades. Iniciou, então, o seu grande trabalho
de reformista. Pequena e sempre adoentada, ninguém entendia como
conseguia subir e descer montanhas, deslocar-se pelos caminhos mais
ermos e inacessíveis, de convento em convento, por toda a Espanha. Em
1560, teve a inspiração de um novo Carmelo, onde se vivesse sob as
Regras originais. Dois anos depois, fundou o primeiro Convento das
Carmelitas Descalças da Regra Primitiva de São José em Ávila, onde foi
morar.
Porém, em 1576, enfrentou dificuldades
muito sérias dentro da Ordem. Por causa da rigidez das normas que fez
voltar nos conventos, as comunidades se rebelaram junto ao novo geral da
Ordem, que também não concordava muito com tudo aquilo. Por isso ele a
afastou. Teresa recolheu-se em um dos conventos e acreditou que sua obra
não teria continuidade. Mas obteve o apoio do rei Felipe II e conseguiu
dar seqüência ao seu trabalho. Em 1580, o papa Gregório XIII declarou
autônoma a província carmelitana descalça.
Apesar de toda essa atividade, ainda
encontrava espaço para transmitir ao mundo suas reflexões e experiências
místicas. Na sua época, toda a cidade de Ávila sabia das suas visões e
diálogos com Deus. Para obter ajuda, na ânsia de entender e conciliar
seus dons de espiritualidade e as insistentes tentações, ela mesma expôs
os fatos para muitos leigos e não apenas aos seus confessores. E ela só
seguiu numa rota segura porque foi devidamente orientada pelos últimos,
que eram os agora santos Francisco Bórgia e Pedro de Alcântara, que
perceberam os sinais da ação de Deus.
A pedido de seus superiores, registrou
toda a sua vida atribulada de tentações e espiritualidade mística em
livros como “O caminho da perfeição”, “As moradas”, “A autobiografia” e
outros. Neles, ela própria narra como um anjo transpassou seu coração
com uma seta de fogo. Doente, morreu no dia 4 de outubro de 1582, aos
sessenta e sete anos, no Convento de Alba de Torres, Espanha. Na
ocasião, tinha reformado dezenas de conventos e fundado mais trinta e
dois, de carmelitas descalças, sendo dezessete femininos e quinze
masculinos.
Beatificada em 1614, foi canonizada em
1622. A comemoração da festa da transverberação do coração de Santa
Teresa ocorre em 27 de agosto, enquanto a celebração do dia de sua morte
ficou para o dia 15 de outubro, a partir da última reforma do
calendário litúrgico da Igreja. O papa Paulo VI, em 1970, proclamou
santa Teresa d’Ávila doutora da Igreja, a primeira mulher a obter tal
título.
Santa Teresa d’Ávila, rogai por nós!
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