Instrução Pastoral do Bispo de Olinda
Aos Seus Diocesanos
Dom Vital (*)
Livro de 1875 - 205 págs
"A Maçonaria, o supremo esforço do poder das trevas contra a luz da
verdade, é incontestávelmente o mais temeroso inimigo que a Igreja tem
tido que debelar.
Provas
irrefragáveis de tudo isto têmo-las de sobejo nos assombrosos
acontecimentos e bárbaras cenas da grande Revolução Francesa; no que se
deu no período dos trinta anos que a precederam; e no que atualmente
estamos, com dor imensa, presenciando por toda a parte.
Sob
as odiosas denominações de fanatismo, ultramonianismo, romanismo,
jesuitísmo, etc, não cessa a Maçonaria de mover guerra sem tréguas ao
Catolicismo, combatendo-o a todo o transe, por todos os meios, por todos
os lados.
No momento em que vemos, Irmãos e Filhos caríssimos, a seita maçônica
prosseguir dissimulada e afanosa, mais que nunca, na sua obra de
demolição contra a Igreja Católica, de um lado tentando ilaquear a boa
fé dos homens simples, probos e honestos, e do outro suscitando contra
os venerandos Padres Jesuítas uma dessas tempestades que as Páginas
Sagradas nos representam debaixo da pavorosa figura de turbilhão impetuoso e de chama devoradora, cumpre-nos, a exemplo do grande Apóstolo das nações honrar o nosso ministério: Ministerium meum honorabo, cumpre-nos levantar a voz afim:
1.° de premunir as nossas queridas ovelhas contra as pérfidas ciladas da astuta serpente;
2.° de advogar a causa da inocência caluniada e oprimida."
(*) Nota sobre D. Frei Vital Maria Gonçalves de Oliveira
Dom Vital sofreu a amargura da injustiça, mas se tornou um modelo
fecundo como Pastor fiel às orientações da Igreja. Seu exemplo de
fidelidade à doutrina do Sucessor de Pedro é um valioso estímulo a todos
nós, do clero e do laicato.
Dom Vital nasceu no Município de Pedras de Fogo, Paraíba, a 27 de
novembro de 1844. Foi aluno em Recife e do Seminário de Olinda.
Continuou seus estudos na França e ingressou no Convento dos
Capuchinhos, em Versailles. Chamava-se Antônio e, na ordem, recebeu o
nome de Frei Vital Maria. Completou sua formação em Toulouse e foi
ordenado sacerdote a 2 de agosto de 1868. Nesse mesmo ano retornou ao
Brasil e, em São Paulo, exerceu diversos cargos, inclusive o de
Professor de Teologia. Aí recebeu, a 21 de maio de 1871, o nomeação para
Bispo de Olinda. Ao pedido “para que o livrem de semelhante fardo, em razão da idade e da indignidade”,
Pio IX respondeu: “Hás de estrenuamente defender a causa de Deus e nada
omitir que possa dizer respeito à salvação e proveito do rebanho a ti
confiado”. Uma diretriz marcada por uma premonição.
Ao tomar posse, a 24 de maio do ano seguinte, já se percebiam os sinais de borrasca. Publicações anti-clericais chamavam-no de “ultramontano”. Em novembro desse mesmo ano, escreveu uma Carta Pastoral defendendo a Igreja, atacada pela imprensa. Dom Vital incomodava, por tentar corrigir graves falhas na vida diocesana. A resposta ao Bispo foi o anúncio pomposo de uma Missa e publicações dos nomes de maçons pertencentes a Irmandades, inclusive sacerdotes. O Pastor reage com prudência. Uma circular confidencial procura levá-los a obedecer à determinação da Igreja. Quase todos os eclesiásticos observaram a ordem dada. O interdito canônico a essas associações foi precedida de caridosa exortação, que explicitava “a pena imposta permanece em vigor, até à retratação da Irmandade, que fica em pleno gozo de seus direitos, na parte temporal e na administração de seus bens”.
Houve recurso à Coroa. Pressionado pelo Governo Imperial, Dom Vital responde ao Ministro João Alfredo: “Se a minha resistência vai dar lugar a cenas tristes, só conheço um meio: peça o Governo Imperial à Santa Sé que me mande, quanto antes, para meu convento”. Chegando ao Rio de Janeiro, encarcerado no Arsenal de Marinha, recebe a visita de Dom Pedro Maria de Lacerda, Bispo do Rio, que lhe diz emocionado: “Vejo em Vossa Excelência um prisioneiro de Cristo; meu Clero e Cabido serão felizes pondo-se às suas ordens.” A amizade fraterna e a comunhão na defesa da verdade e da liberdade da Igreja uniram desde então Dom Vital e a diocese do Rio de Janeiro.
O julgamento teve aspectos dramáticos e comoventes. O Sucessor do Apóstolos foi condenado, como incurso no Artigo 96 do Código Penal, a quatro anos de prisão, com trabalhos forçados, por crime inafiançável. A 22 de dezembro de 1873 Dom Vital foi recolhido à Fortaleza de São João.
Pelas pressões do Duque de Caxias, foi anistiado pelo Decreto nº 5.933, de 17 de dezembro 1875 e reconhecida a inocência. A seguir, viaja a Roma, em visita “ad limina”. Ao ser recebido pelo Papa Pio IX, este o abraçou com afeto e disse: “Aprovo tudo o que Vossa Excelência fez, desde o princípio”.
Regressou à Diocese em 6 de outubro de 1876 e recebido triunfalmente. Iniciou, com entusiasmo, suas atividades pastorais. No entanto, agravou-se seu estado de saúde e embarcou para a Europa, em busca de tratamento. Escreveu ao Papa, com sua renúncia à Diocese, sem resultado. A medicina não conseguiu descobrir a enfermidade, que provocou misteriosos sintomas.
Dom Vital morreu em Paris, a 4 de julho de 1878. Ao receber o Viático, diz: “Perdôo de coração aos meus inimigos e ofereço a Deus o sacrifício da minha vida”. Monsenhor de Ségur, na oração fúnebre, por ocasião das exéquias, afirmou que Dom Vital morreu envenenado. Assim terminou esse triste episódio, que é denominado a “Questão Religiosa”. Com ela, foram dados os primeiros passos para a correção de graves obstáculos ao florescimento da vida da Igreja no Brasil. Foi o início de um despertar.
Ao tomar posse, a 24 de maio do ano seguinte, já se percebiam os sinais de borrasca. Publicações anti-clericais chamavam-no de “ultramontano”. Em novembro desse mesmo ano, escreveu uma Carta Pastoral defendendo a Igreja, atacada pela imprensa. Dom Vital incomodava, por tentar corrigir graves falhas na vida diocesana. A resposta ao Bispo foi o anúncio pomposo de uma Missa e publicações dos nomes de maçons pertencentes a Irmandades, inclusive sacerdotes. O Pastor reage com prudência. Uma circular confidencial procura levá-los a obedecer à determinação da Igreja. Quase todos os eclesiásticos observaram a ordem dada. O interdito canônico a essas associações foi precedida de caridosa exortação, que explicitava “a pena imposta permanece em vigor, até à retratação da Irmandade, que fica em pleno gozo de seus direitos, na parte temporal e na administração de seus bens”.
Houve recurso à Coroa. Pressionado pelo Governo Imperial, Dom Vital responde ao Ministro João Alfredo: “Se a minha resistência vai dar lugar a cenas tristes, só conheço um meio: peça o Governo Imperial à Santa Sé que me mande, quanto antes, para meu convento”. Chegando ao Rio de Janeiro, encarcerado no Arsenal de Marinha, recebe a visita de Dom Pedro Maria de Lacerda, Bispo do Rio, que lhe diz emocionado: “Vejo em Vossa Excelência um prisioneiro de Cristo; meu Clero e Cabido serão felizes pondo-se às suas ordens.” A amizade fraterna e a comunhão na defesa da verdade e da liberdade da Igreja uniram desde então Dom Vital e a diocese do Rio de Janeiro.
O julgamento teve aspectos dramáticos e comoventes. O Sucessor do Apóstolos foi condenado, como incurso no Artigo 96 do Código Penal, a quatro anos de prisão, com trabalhos forçados, por crime inafiançável. A 22 de dezembro de 1873 Dom Vital foi recolhido à Fortaleza de São João.
Pelas pressões do Duque de Caxias, foi anistiado pelo Decreto nº 5.933, de 17 de dezembro 1875 e reconhecida a inocência. A seguir, viaja a Roma, em visita “ad limina”. Ao ser recebido pelo Papa Pio IX, este o abraçou com afeto e disse: “Aprovo tudo o que Vossa Excelência fez, desde o princípio”.
Regressou à Diocese em 6 de outubro de 1876 e recebido triunfalmente. Iniciou, com entusiasmo, suas atividades pastorais. No entanto, agravou-se seu estado de saúde e embarcou para a Europa, em busca de tratamento. Escreveu ao Papa, com sua renúncia à Diocese, sem resultado. A medicina não conseguiu descobrir a enfermidade, que provocou misteriosos sintomas.
Dom Vital morreu em Paris, a 4 de julho de 1878. Ao receber o Viático, diz: “Perdôo de coração aos meus inimigos e ofereço a Deus o sacrifício da minha vida”. Monsenhor de Ségur, na oração fúnebre, por ocasião das exéquias, afirmou que Dom Vital morreu envenenado. Assim terminou esse triste episódio, que é denominado a “Questão Religiosa”. Com ela, foram dados os primeiros passos para a correção de graves obstáculos ao florescimento da vida da Igreja no Brasil. Foi o início de um despertar.
A
desejada Beatificação será um reconhecimento de uma vida heróica, a
serviço do Evangelho. Dom Vital sofreu a amargura da injustiça, mas se
tornou um modelo fecundo como Pastor fiel às orientações da Igreja. Seu
exemplo de fidelidade à doutrina do Sucessor de Pedro é um valioso
estímulo a todos nós, do clero e do laicato. Agiu com prudência,
corajoso sem ser audacioso, obedeceu ao apelo que, no futuro, seria
feito por João Paulo II, no dia de sua eleição: “Não tenhais medo".
Foto tirada da obra "UM GRANDE BRASILEIRO"
do missionário capuchinho Frei Félix de Olívola
ano de 1935
Trata-se da biografia do ex-Bispo de Olinda Frei Vital Maria Gonçalves de Oliveira mais conhecido por DOM VITAL
Nenhum comentário:
Postar um comentário