[odia]
22/11/2012
Um dia após Bento 16 contestar presença de animais, fiéis e representantes da Igreja no Rio alegam que mula, boi e estrela cadente são simbólicos e nada mudará no Natal
POR Flavio Araújo
Rio -
O Papa não é pop. Bento 16 entrou em polêmica que mexe com 800 anos de
história do catolicismo e com uma figura emblemática da Igreja: São
Francisco de Assis. A tese do livro do Pontífice "A Infância de Jesus",
que contesta a presença de mulas, bois e estrela cadente no presépio,
será ignorada, às vésperas do Natal, por fiéis e representantes da
Igreja.
“São Francisco leu nas escrituras sobre o presépio, palavra que em
aramaico, traduzida para o latim, quer dizer estábulo. Então, pediu
emprestados animais como o boi e o burrico e montou uma representação viva para mostrar que Jesus nasceu no mundo todo.
Ele é chinês, africano, brasileiro, europeu. É uma questão simbólica”,
explica o frade franciscano Paulo Roberto Gomes, da Igreja dos
Capuchinhos, na Tijuca.
Presépio, com mula, no Centro Cultural Cesgranrio, no Rio Comprido | Foto: Fábio Gonçalves / O Dia |
A aposentada Iedda Jordão, 56 anos, já viu representações do presépio
tradicional até fora do Brasil. “Acho estranho, porque o burrinho levou
Maria, José e Jesus a Jerusalém. Ano passado, vi uma apresentação, no
RadioCity, em Nova Iorque, que tinha todos os animais: ovelha, burro,
vaca, cavalo. Eu creio nisso, e não vou deixar de montar meu presépio
com os animais”, contesta. “No Vaticano, na Via Sacra, e em vários
locais sagrados vemos esses animais, em esculturas lindíssimas de bronze”, completa.
O jornaleiro Michael Prado, 26 anos, concorda: “É uma mudança radical.
Acho desnecessário mudar uma tradição que acontece há séculos no mundo
todo”.
A Arquidiocese do Rio não informou se haverá orientação para que
presépios nas paróquias dispensem bois e burros. Sobre o concurso de
presépios, realizado em outros anos com apoio da prefeitura e da
Arquidiocese, os dois órgãos informam não haver previsão de acontecer
neste Natal.
A estudante Stefany Rodrigues, 19, está inconformada: “Não creio na
posição do Papa. Todos os animais poderiam ser representados”. “Nada
precisa mudar na simbologia do Natal”, pondera frade Paulo.
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O Papa Bento XVI, em seu mais novo livro "A Infância de Jesus", nega o seguinte: Várias imagens relativas ao Natal que são comuns no imaginário de muitos cristãos. Segundo o Papa Bento XVI, não havia mula nem boi
em Belém na época do nascimento de Jesus. Ele também afirmou que a
Estrela de Belém era, provavelmente, uma supernova — explosão estrelar.
No livro, o Papa diz que no Evangelho “não se fala em animais” no lugar
onde nasceu Jesus, mas, tratando-se de um presépio, “o lugar onde comem
os animais, a iconografia cristã captou rapidamente esse motivo e preencheu essa lacuna”.
Mas o papa fez questão de reafirmar que, para a Igreja, a virgindade de
Maria na concepção de Jesus Cristo “não é um mito, mas uma verdade”.
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Com relação a estrela, no evangelho de São Mateus está escrito o seguinte: Tendo eles ouvido as palavras do rei, partiram. E eis que a
estrela, que tinham visto no oriente, os foi precedendo até chegar
sobre o lugar onde estava o menino e ali parou. A aparição daquela estrela os encheu de profunda alegria.(Mt 2, 9-10)
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