sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Católicos ignoram Papa e vão manter presépios

[odia]

22/11/2012

Um dia após Bento 16 contestar presença de animais, fiéis e representantes da Igreja no Rio alegam que mula, boi e estrela cadente são simbólicos e nada mudará no Natal

POR Flavio Araújo
Rio -  O Papa não é pop. Bento 16 entrou em polêmica que mexe com 800 anos de história do catolicismo e com uma figura emblemática da Igreja: São Francisco de Assis. A tese do livro do Pontífice "A Infância de Jesus", que contesta a presença de mulas, bois e estrela cadente no presépio, será ignorada, às vésperas do Natal, por fiéis e representantes da Igreja.
“São Francisco leu nas escrituras sobre o presépio, palavra que em aramaico, traduzida para o latim, quer dizer estábulo. Então, pediu emprestados animais como o boi e o burrico e montou uma representação viva para mostrar que Jesus nasceu no mundo todo.
Ele é chinês, africano, brasileiro, europeu. É uma questão simbólica”, explica o frade franciscano Paulo Roberto Gomes, da Igreja dos Capuchinhos, na Tijuca.
Foto: Fábio Gonçalves / O Dia
Presépio, com mula, no Centro Cultural Cesgranrio, no Rio Comprido | Foto: Fábio Gonçalves / O Dia
A aposentada Iedda Jordão, 56 anos, já viu representações do presépio tradicional até fora do Brasil. “Acho estranho, porque o burrinho levou Maria, José e Jesus a Jerusalém. Ano passado, vi uma apresentação, no RadioCity, em Nova Iorque, que tinha todos os animais: ovelha, burro, vaca, cavalo. Eu creio nisso, e não vou deixar de montar meu presépio com os animais”, contesta. “No Vaticano, na Via Sacra, e em vários locais sagrados vemos esses animais, em esculturas lindíssimas de bronze”, completa.
O jornaleiro Michael Prado, 26 anos, concorda: “É uma mudança radical. Acho desnecessário mudar uma tradição que acontece há séculos no mundo todo”.
A Arquidiocese do Rio não informou se haverá orientação para que presépios nas paróquias dispensem bois e burros. Sobre o concurso de presépios, realizado em outros anos com apoio da prefeitura e da Arquidiocese, os dois órgãos informam não haver previsão de acontecer neste Natal.
A estudante Stefany Rodrigues, 19, está inconformada: “Não creio na posição do Papa. Todos os animais poderiam ser representados”. “Nada precisa mudar na simbologia do Natal”, pondera frade Paulo.

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O Papa Bento XVI, em seu mais novo livro "A Infância de Jesus", nega o seguinte: Várias imagens relativas ao Natal que são comuns no imaginário de muitos cristãos. Segundo o Papa Bento XVI, não havia mula nem boi em Belém na época do nascimento de Jesus. Ele também afirmou que a Estrela de Belém era, provavelmente, uma supernova — explosão estrelar.
No livro, o Papa diz que no Evangelho “não se fala em animais” no lugar onde nasceu Jesus, mas, tratando-se de um presépio, “o lugar onde comem os animais, a iconografia cristã captou rapidamente esse motivo e preencheu essa lacuna”.
Mas o papa fez questão de reafirmar que, para a Igreja, a virgindade de Maria na concepção de Jesus Cristo “não é um mito, mas uma verdade”. 

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Com relação a estrela, no evangelho de São Mateus está escrito o seguinte: Tendo eles ouvido as palavras do rei, partiram. E eis que a estrela, que tinham visto no oriente, os foi precedendo até chegar sobre o lugar onde estava o menino e ali parou. A aparição daquela estrela os encheu de profunda alegria.(Mt 2, 9-10)

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