Por Alessandra Prentice
LONDRES, 20 Nov (Reuters) – A Igreja da Inglaterra rejeitou na
terça-feira a possibilidade de permitir que mulheres sejam sagradas
bispas, num assunto que há anos causa divisões internas.
Após horas de debates no Sínodo Geral, um “poder legislativo”
composto por câmaras separadas de bispos, clérigos e leigos, a proposta
de reforma ficou ligeiramente aquém da maioria necessária – dois terços
nas três casas.
“Ela passou nas câmaras dos bispos e do clero, mas perdeu na câmara dos leigos”, explicou o arcebispo de York, John Sentamu.
Algumas sacerdotisas sentadas nas galerias enxugaram lágrimas depois
que Sentamu leu os resultados. Na votação entre os leigos, faltaram
quatro votos.
“É esmagador para o moral, clérigas graduadas devem se sentir
desanimadas, e a maioria dos bispos e a maior parte do clero masculino e
feminino se sente enormemente triste, e pior do que triste,
constrangida e irada”, disse Christina Rees, membro do Sínodo e
ex-presidente do grupo Mulheres e a Igreja.
“As bispas virão, mas essa é uma demora desnecessária e nada santa”, disse ela à Reuters.
Mulheres já são bispas anglicanas na Austrália, Nova Zelândia, Canadá
e Estados Unidos, mas a Igreja da Inglaterra, igreja-mãe dos mais de 80
milhões de anglicanos do mundo, enfrenta uma forte disputa entre
reformistas e tradicionalistas a respeito dessa questão.
A Igreja já havia aprovado em princípio a presença de mulheres entre
os bispos, mas a votação de terça-feira, tratando de questões levantadas
por teólogos conservadores, era necessária antes que a medida entrasse
em vigor.
O resultado será um desafio para Justin Welby, que substituirá Rowan
Williams neste ano como arcebispo de Canterbury e líder espiritual dos
anglicanos. Ambos apoiavam a reforma.
“Quanta energia queremos despender nisso na próxima década e até que
ponto queremos vincular a extraordinária energia e as habilidades do
novo arcebispado?”, disse Williams ao implorar ao Sínodo que votasse
pela aprovação.
Graham James, bispo de Norwich, disse que os atuais bispos a Igreja,
que apoiaram fortemente a proposta, vão se reunir na quarta-feira para
analisar os próximos passos.
Ele admitiu que as mulheres, que compõem cerca de um terço do clero,
poderão se sentir como sacerdotisas de segunda classe. “Acho que há um
sinal e disposição por parte de muitas pessoas neste Sínodo de encontrar
a legislação que permita que isso vá adiante. Espero que não leve
muitos anos até que isso surja”.
(Por Michael Holden)
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