[ipco]
28 novembro 2012
Gregorio Vivanco Lopes
Leio
no principal jornal colombiano, “El Tiempo”, edição de 24 de novembro,
um artigo do jesuíta Alfonso Llano Escobar, S. J., que constitui um
ataque direto à virgindade perpétua de Nossa Senhora, bem como defende a
idéia esdrúxula e perfeitamente herética de que, enquanto a pessoa
divina de Nosso Senhor teria se formado por ação do Espírito Santo, a
pessoa humana viria do relacionamento de Nossa Senhora com São José.
Trata-se de uma heresia protuberante e descabelada, só possível de
ser publicada num mundo tão conturbado como o atual, em que caminha a
todo vapor o processo de autodemolição da Igreja anunciado por Paulo VI.
Diz o referido sacerdote que seu artigo visa “orientar os leitores” a respeito do último livro do Papa Bento XVI, que trata da infância de Jesus: “quero orientar os leitores sobre este livro do Papa, que oferece uma dificuldade especial, a virgindade de Maria”.
E, para dar essa “orientação”, ele não achou nada melhor do
que negar a virgindade de Maria. Ademais, ele joga indecentemente com a
palavra “irmãos”, utilizada no Evangelho de São Mateus, para afirmar que
Jesus teve diversos irmãos e irmãs carnais, sem esclarecer que na
Bíblia “irmãos” tem o sentido lato de parentes.
Os Padres da Igreja e os “irmãos de Jesus”
Eis o que ensinam os Padres da Igreja a esse respeito.
Santo Agostinho de Hipona (+ 430): “Então
o Senhor tem irmãos? Será que Maria teve ainda outros filhos? Não, de
modo algum!(…) Qual é, pois, a razão de ser da expressão ‘irmãos do
Senhor’? Irmãos do senhor eram os parentes de Maria(…) Como se demonstra
isso? Pela própria Escritura, que chama, por exemplo, Lot de irmão de
Abraão(Gên. 13,8; 14,14) e ele era tio de Lot; e, todavia, chamava-se
ambos de irmãos, unicamente por serem parentes. Também Labão era tio de
Jacó , por ser irmão de Rebeca, esposa de Isaac. Lede a Escritura e
vereis que tio e sobrinho tratavam-se de irmãos” (Comentários sobre o Evangelho de Jo 10,2).
São João Damasceno (+ 749): “Quando
vocês ouvirem falar dos irmão do Senhor, pensem logo que se trata de
algum parentesco que os une a Maria, sem imaginar ter ela tido outros
filhos.” (Comentários sobre o Evangelho de João 28,3).
Santo Atanásio de Alexandria (+ 373) “Como
o corpo do Senhor foi colocado a sós no sepulcro, para que pudesse
demonstrar sua ressurreição, talvez por motivo semelhante seu corpo
proveio de Maria, como filho único, para que crêssemos em sua origem divina” (Da virgindade 2)”
Muitos outros pronunciamentos no mesmo sentido podem ser encontrados no site: http://www.bibliacatolica.com.br/blog/doutrina-catolica/os-irmaos-de-jesus-na-visao-dos-pais-da-igreja/
Ademais, o Catecismo da Igreja Católica é bem claro a esse respeito:
“O aprofundamento da fé na maternidade virginal levou a
Igreja a confessar a virgindade real e perpétua de Maria, mesmo no parto
do Filho de Deus feito homem. Com efeito, o nascimento de Cristo não
diminuiu, antes consagrou a integridade virginal da sua Mãe. A Liturgia
da Igreja celebra Maria ‘Aeiparthenos’ como a ‘sempre Virgem’.
A isso objeta-se, por vezes, que a Escritura menciona irmãos e irmãs de
Jesus. A Igreja entendeu sempre estas passagens como não designando
outros filhos da Virgem Maria. Com efeito, Tiago e José, ‘irmãos de Jesus’ (Mt 13, 55), são filhos duma Maria discípula de Cristo designada significativamente como ‘a outra Maria’ (Mt 28, 1). Trata-se de parentes próximos de Jesus, segundo uma expressão conhecida do Antigo Testamento. Jesus é o filho único de Maria”.(§§ 499 a 501)
O rejeitável artigo do Pe. Llano
Não podendo aqui reproduzir o artigo inteiro, transcrevo o trecho mais caracteristicamente herético, dando em seguida o link
por meio do qual o leitor poderá chegar à peça total, se tiver estômago
para isso. Note-se que ele faz um jogo de palavras no vazio entre uma
espécie de gerar “teológico” e um gerar humano. De fazer inveja aos
protestantes mais contrários à Igreja Católica!
“Maria gera o Filho de Deus virginalmente, no sentido teológico,
sem a intervenção de José, tal como o relata Mateus 1,26, por obra e
graça do Espírito Santo. De outro lado, como mãe do homem Jesus, igual a
nós, o gera com um ato de amor com seu legítimo esposo, José, do qual
teve quatro filhos varões e várias mulheres (Mt 13,53 y ss.)”. (http://www.eltiempo.com/opinion/columnistas/alfonsollanoescobar/la-infancia-de-jesus-alfonso-llano-escobar-s-j-columnista-el-tiempo_12399262-4
Ante tais atentados à sã doutrina, de molde a produzir confusão e
perplexidade entre os fiéis católicos, cabe uma ação dos superiores
jesuítas e dos Bispos responsáveis. Se estivéssemos em dias normais,
essas intervenções viriam sem a menor dúvida e logo. Mas hoje em dia…
Com isso tudo, a influência da Hierarquia da Igreja sobre os fiéis vai caindo vertiginosamente: “Como
poderia essa influência não diminuir se os fiéis encontram na Igreja a
nauseabunda ‘fumaça de Satanás’, a que se referiu pública e oficialmente
Paulo VI?” (Plinio Corrêa de Oliveira, “Folha de S. Paulo”, 20-3-1978)”
Tomará a Santa Sé alguma medida pública, como público foi o artigo do
Pe. Llano? É o que, para o bem da Igreja e salvação das almas,
esperamos e desejamos de todo coração.
Seja como for, permanece firme nossa confiança naquela Virgem Pura que “sozinha esmagou todas as heresias”, como canta a liturgia.
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