Os participantes do evento sobre a Ecclesia in America (foto grupo ACI)
10 Dez. 12
VATICANO, (ACI/EWTN Noticias).-
Em um discurso pronunciado no primeiro dia do Congresso que se realiza
na Sala do Sínodo no Vaticano com ocasião do 15º aniversário da
Exortação Apostólica Ecclesia in America, o Secretário da Pontifícia
Comissão para a América Latina (CAL), professor Guzmán Carriquiry,
advertiu sobre "o cinzento pragmatismo e a mediocridade" que marca uma
forma de cristianismo morno e sem entusiasmo que se vive no continente.
Em sua conferência titulada "A Exortação apostólica pós-sinodal
Ecclesia in America: profecia, ensinamentos e compromissos", Carriquiry
recordou que ante a tendência crescente de viver a fé com mediocridade,
tibieza e ignorância, o documento "Ecclesia in America" recordou
longamente "o exemplo dos numerosos santos, heróis, campeões da caridade
e mártires para nos recordar o caminho que temos que percorrer hoje os
cristãos da América no Terceiro Milênio".
"Quantos são os cristãos que hoje sepultaram seu batismo
sob uma capa de consumismo e indiferença", disse o Secretário da CAL.
"Quantas devoções se vivem sem um autêntico encontro com Cristo nos sacramentos,
quantos mix de elementos religiosos sincréticos, o abandono da
confissão, a superficialidade na participação eucarística", adicionou.
Carriquiry destacou que o encontro com Cristo requer de uma radical
renovação da catequese –que é o ensinamento da fé– "que tem que ser
apresentada em toda sua grandeza, porque existe uma grave ignorância da
nossa fé, especialmente nas novas gerações".
Segundo o professor uruguaio "vivemos esta crise de uma autêntica
formação católica que se nota em todos os cristãos, mas especialmente
naqueles que têm mais influencia na nossa sociedade".
"Por isso –adicionou– necessitamos repensar a fundo a formação cristã
dos fiéis, seja de iniciação ou reiniciação, para obter uma crescente e
sólida formação de pessoas maduras na fé". Segundo Carriquiry, a
referência fundamental para este processo "tem que ser o Catecismo da Igreja Católica, que o Papa Bento XVI colocou no centro deste Ano da Fé".
Guzmán, um leigo casado com quatro filhos e oito netos que serve no
Vaticano há 40 anos, assinalou que "as famílias cristãs necessitam mais
ajuda neste serviço fundamental de educar na fé; sobretudo se se
considera a extensa rede de escolas e universidades católicas cujos
frutos evangelizadores são insuficientes, sobretudo se se tem em conta o
investimento humano que implicam".
"Acredito –acrescentou– que é o momento de reavaliar profundamente o
papel da educação católica na América Latina e América do Norte".
"Espero que este congresso seja ocasião providencial para uma firme e
inquebrável comunhão afetiva e efetiva das Igrejas no continente
americano, em torno do sucessor de Pedro; para que a Igreja em todo o continente tenha uma presença mais eficaz na vida pública".
Carriquiry assinalou que esta unidade pode ser ocasião para pôr fim
aos preconceitos que existem em alguns norte-americanos que veem nos
imigrantes hispanos uma "invasão" que põe em risco o experimento
norte-americano; porém assinalou que os hispanos devem a sua vez
compreender-se como "uma contribuição providencial à vida nacional com
sua produtividade, assim como com seu sentido do sobrenatural".
"A Igreja Católica respeita a legítima legislação de cada país, mas
não pode deixar de considerar os imigrantes de um ponto de vista humano e
caridoso", adicionou.
"Em toda a América, a Igreja só pede e exige o direito à liberdade
que corresponde. Não pede nenhum privilégio", disse Carriquiry, e
assinalou que o crescente desprezo à liberdade religiosa "é uma
inquietação que compartilha com outros irmãos na fé cristã, como se nota
em importantes e históricos pronunciamentos como a Declaração de
Manhattan".
Carriquiry concluiu recordando que na Igreja das Américas vive mais
da metade de todos os católicos e, portanto "é impossível ignorar o
papel histórico atual e futuro que a esta porção do povo de Deus lhe
corresponde. Esse foi o sonho do Beato João Paulo II e é a visão do Papa Bento XVI".
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