“A Eucaristia é um Sacramento que, pela admirável conversão de toda a
substância do pão no Corpo de Jesus Cristo, e de toda a substância do
vinho no seu precioso Sangue, contém verdadeira, real e substancialmente
o Corpo, Sangue, Alma e Divindade do mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor,
debaixo das espécies de pão e de vinho, para ser nosso alimento
espiritual”. (Catecismo de São Pio X)
A PRESENÇA REAL DE CRISTO NA EUCARISTIA – PARTE 1
ARTIGO 1 – O fato da presença real
Neste artigo nos propomos unicamente a expor o fato da presença real de Cristo na Eucaristia tal como nos propõe a fé, sem entrar em averiguação alguma do modo com que se produz tal fato. Isto nós veremos no artigo seguinte.
Vamos estabelecer a doutrina católica em forma de conclusão.
CONCLUSÃO.
Na Eucaristia se contém verdadeira, real e substancialmente o Corpo, o
Sangue, a alma e a divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, que se faz
realmente presente sob as espécies sacramentais. (de fé divina,
expressamente definida)
Se prova:
1. PELA SAGRADA ESCRITURA.
Transcrevemos em colunas paralelas os textos dos evangelhos sinóticos
alusivos à instituição da Eucaristia, completados com o de São Paulo aos
Coríntios:
MATEUS, 26 26. Durante a refeição, Jesus tomou o pão, benzeu-o, partiu-o e o deu aos discípulos, dizendo: “Tomai e comei, isto é o meu corpo”. 27. Tomou depois o cálice, rendeu graças e deu-lho, dizendo: “Bebei dele todos, porque isto é meu sangue, o sangue da Nova Aliança, derramado por muitos homens em remissão dos pecados”. | MARCOS, 14 22. Durante a refeição, Jesus tomou o pão e, depois de o benzer, partiu-o e deu-lho, dizendo: “Tomai, isto é o meu corpo”. 23. Em seguida, tomou o cálice, deu graças e apresentou-lho, e todos dele beberam. 24. E disse-lhes: “Isto é o meu sangue, o sangue da aliança, que é derramado por muitos”. | LUCAS, 22 19. Tomou em seguida o pão e depois de ter dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: “Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim”. 20. Do mesmo modo tomou também o cálice, depois de cear, dizendo: “Este cálice é a Nova Aliança em meu sangue, que é derramado por vós”. |
23.
Eu recebi do Senhor o que vos transmiti: que o Senhor Jesus, na noite
em que foi traído, tomou o pão 24. e, depois de ter dado graças,
partiu-o e disse: “Isto é o meu corpo, que é entregue por vós;
fazei isto em memória de mim”. 25. Do mesmo modo, depois de haver ceado,
tomou também o cálice, dizendo: “Este cálice é a Nova Aliança no meu sangue;
todas as vezes que o beberdes, fazei-o em memória de mim”. 26. Assim,
todas as vezes que comeis desse pão e bebeis desse cálice lembrais a
morte do Senhor, até que ele venha. 27. Portanto, todo aquele que comer o
pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será culpável do corpo e do sangue do Senhor. 28. Que cada um examine a si mesmo, e assim coma desse pão e beba desse cálice. 29. Aquele que o come e o bebe sem distinguir o corpo do Senhor, come e bebe a sua própria condenação.
Compare-se
estes textos com os da promessa da Eucaristia na sinagoga de Cafarnaum e
se verá claramente o realismo indiscutível daquelas expressões que
tanto escandalizaram os judeus:
“Em verdade, em verdade vos digo, se não comerdes a carne do Filho do homem, e não beberdes o seu sangue, não tereis a vida em vós mesmos. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia. Pois a
minha carne é verdadeiramente uma comida e o meu sangue,
verdadeiramente uma bebida. Quem come a minha carne e bebe o meu sangue permanece em mim e eu nele”. (Jo, 6, 53-56)
É
impossível falar mais claro e de maneira mais realista. O que Cristo
prometeu em Cafarnaum o realizou em Jerusalém na última Ceia. Consta
claríssimamente pela Sagrada Escritura a presença real de Cristo na Eucaristia.
2. PELO MAGISTÉRIO DA IGREJA.
A doutrina da presença real de Cristo na Eucaristia, repetida constante
e unanimemente pela tradição cristã, recebeu no Concílio de Trento a
sanção infalível da Igreja. Eis aqui o texto das principais declarações
dogmáticas contra os erros protestantes:
“Se
alguém negar que no Santíssimo Sacramento da Eucaristia está contido
verdadeira, real e substancialmente o corpo e sangue juntamente com a
alma e divindade de Nosso Senhor Jesus Cristo, e por conseguinte o
Cristo todo, e disser que somente está nele como sinal, figura ou
virtude — seja excomungado”. (D 883)
“Se
alguém negar que no venerável sacramento da Eucaristia, debaixo de cada
uma das espécies e debaixo de cada parte dessas espécies, quando elas
se dividem, está presente o Cristo todo — seja excomungado”. (D 885)
“Se
alguém disser que no admirável sacramento da Eucaristia, depois da
consagração, não estão o corpo e o sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo,
mas somente no uso, quando se recebe, e não antes nem depois; e que nas
hóstias ou partículas consagradas, que se guardam ou sobram depois da
comunhão, não permanece o verdadeiro corpo do Senhor — seja excomungado”. (D 886)
3. PELA RAZÃO TEOLÓGICA.
É evidente que a razão humana não pode demonstrar por si mesma a
presença real de Cristo na Eucaristia, já que se trata de uma verdade
estritamente sobrenatural, que só pode ser conhecida por divina
revelação. Mas, suposta essa divina revelação, a razão teológica
encontra facilmente argumentos de altíssima conveniência. Santo Tomás
expõe esplendidamente as seguintes principais razões (Cf.III, 75, I):
a)
Pela perfeição da Nova Lei, que deve expressar em sua plena realidade o
que na Antiga se anunciava por meio de símbolos e figuras.
b)
Pelo amor de Cristo para conosco, que lhe impulsionou a ficar na
Eucaristia como verdadeiro amigo, já que a amizade impulsiona a conviver
com os amigos. “Por isso, este sacramento é o sinal da maior caridade e
reconforto de nossa esperança por causa da união tão familiar de Cristo
conosco”.
c) Para a perfeição da fé, que se
refere a coisas não visíveis e deve exercitar-se com relação à divindade
de Cristo (na Encarnação) e com relação à sua humanidade (na
Eucaristia).
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FONTE: MARIN, A.R. Teologia Moral para Seglares. Madrid: Biblioteca de Autores Cristianos, 1958. v.II: Los Sacramentos. p.127-128.
FONTE: MARIN, A.R. Teologia Moral para Seglares. Madrid: Biblioteca de Autores Cristianos, 1958. v.II: Los Sacramentos. p.127-128.
Veja aqui a segunda parte direto da fonte.
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