Quem governa a Igreja é Jesus pelo Espírito!
Acredito
que para nós católicos deveriam nos bastar as sábias e sóbrias palavras
do próprio Santo Padre, o Papa Bento XVI, sobre a sua renúncia. Não
precisamos de mais nada!
Aqui, na nossa Arquidiocese de Niterói, velozmente também tivemos o
respaldo da sabedoria muito pontual do nosso Arcebispo Dom José
Francisco. O que ainda nos falta? Do que mais precisamos? Por que tanta
especulação? Estamos no Ano da Fé, e lendo este evento que nos pegou de
surpresa, precisamos ter agora um olhar de fé, uma visão sobrenatural.
Será que isto é pedir muito? Será que não é este o momento oportuno de
passar e fazer os outros passarem pela porta fidei?
Quero recordar-vos as primeiras palavras de Bento XVI ao assumir a Igreja: "Após o grande Papa João Paulo II, os cardeais escolheram a mim, um simples e humilde trabalhador na vinha do Senhor".
Não quero dizer que a atitude do Papa foi fácil. Ele mesmo disse na
audiência desta Quarta Feira de Cinzas, sua primeira aparição pública
após o ato de renúncia: "Nestes dias, não fáceis para mim (...)".
Porém, ele a fez com a sua simplicidade (como assim é o lugar onde ele
irá morar!) e humildade. Aqui, o Papa literalmente nos quebrou e fez
silenciar a tantos que vêem no "Papado" uma força de poder humano. Um
homem que abriu mão de todo privilégio que um papa pode ter e ainda nas
vésperas deste que pode ser o maior evento na história da Igreja
Católica, a JMJ aqui no Rio! Um homem que ficará marcado para sempre na
história da Igreja por tê-la amado-a mais do que a si mesmo. Isto mídia e
especuladores nenhum podem entender porque eles não possuem fé, porque
eles olham a Igreja de fora e como uma república falida, misteriosa e
vacante que espera seu novo presidente.
Preciosas foram também as palavras do Papa quando, ainda no início do
seu Pontificado, lhe foi perguntado sobre sua linha e seu projeto
pessoal e pastoral. Só um santo profeta poderia ter respondido como ele:
"Pôr-me
à escuta, com toda a Igreja, da Palavra e da Vontade do Senhor (...).
Deixar-se guiar por Jesus Cristo de modo que seja Ele quem guia a
Igreja”.
Irmãos, encontrei eco destas palavras naquilo que ele mesmo repetia
emocionado após os aplausos que o interromperam nesta manhã na
audiência:
“Anima-me e ilumina-me a certeza de que a Igreja é de Cristo”.
Sim, este é o momento de termos fé. Não é necessário entender. O novo
sempre causa reações, desconfiança e dúvidas. Não nos esqueçamos, porém,
que a sucessão apostólica vem da vontade explícita do próprio Cristo.
Sim, a fé e a confiança do Papa deveria nos servir também de exemplo
neste momento! Que bom também que o mundo não nos veja como uma "Igreja
poderosa”, uma potência espiritual. Somos um pequenino rebanho como
Jesus nos disse no Evangelho (Cf. Lc 12, 32), porém com uma promessa: “As portas do inferno não prevalecerão” (Mt 16, 18).
Não precisamos de falsos profetas ou desejar a nossa própria vontade.
Será que somos incapazes de perceber que a Vontade de Deus neste
momento da história passa através da liberdade de um homem extremamente
fiel ao Evangelho e zeloso pela Igreja de Deus que se chama Bento XVI?
Será que o Espírito Santo deixaria de inspirar a Igreja logo nestes
tempos difíceis de secularismo e relativismo? Não!
"Estando para ser entregue e abraçando livremente a paixão...".
Estas são as palavras que dão início às palavras da Consagração. Também
nestas palavras da Igreja vejo o gesto corajoso do Papa pastor.
Livremente... Assim como João Paulo II foi livre para continuar até a
morte, Bento XVI, que viveu tudo com João Paulo II e sabe coisas que não
sabemos, respaldado ainda na lei da Igreja, isto é, o Código de Direito
Canônico, também foi livre para dizer que “depois de ter rezado longamente e de ter examinado diante de Deus minha consciência”, e o Papa repete que "já não é capaz de desempenhar o ministério petrino com a força que o mesmo exige”.
Aqui, este mundo tão injusto ao falar da Igreja e do Papa novamente
precisa se calar. Por quê? Porque é um mundo que não reza,não sabe mais o
valor da consciência e desconhece completamente as leis da Igreja.
Aqui, também eu gostaria de fazer duas perguntas aos nossos católicos:
neste momento em que todos quase que unanimemente falam contra o Papa e
torcem por uma “Igreja mais moderna", você já ouviu e levou a sério
algum ensinamento de Bento XVI? Como católico você já rezou pelo teu
Papa?
Sim irmãos, a renúncia do Papa é uma decisão de grande importância na
história da Igreja. O fato de a vivermos exatamente durante a Quaresma
não é fator acidental. Todos estamos sendo chamados ao desapego total do
que somos e do que podemos ter . Bento é o Cordeiro humilde e
silencioso profeta que com sua prova de amor total a Cristo e a Igreja
nos chama à conversão. Soube ser "colaborador da Verdade” (Seu lema)
até o fim. Sabia, como havia dito, que "não possuímos a Verdade, é Ela
que nos possui”.
Como disse um Arcebispo italiano, em 19 de Abril de 2005, sobre a
Cátedra de Pedro sentou-se um verdadeiro padre da Igreja. Conjugou
ciência e humildade, santidade e consciência. Temos uma dívida com este
santo homem! Ele guiou a barca de Pedro por oito anos, que, em termos de
problemas internos da vida da Igreja, poderiam ser comparados a
séculos. Em nome da Verdade e do Amor foi consumido. Veio para os que
eram seus, mas os seus o rejeitaram. Os maiores danos ele já os
denunciou. A tibieza já disse de onde vem. A santidade já falou onde
está. A sujeira já denunciou onde se encontra. Reabriu estradas do
Evangelho na Igreja. Creio piamente que seus riquíssimos ensinamentos
poderão ser alimento espiritual para os verdadeiros católicos que
desejarem viver como cristãos nos próximos e desafiadores anos.
Obrigado Senhor por governar a Tua Igreja por Teus caminhos e da Tua
forma. Obrigado Espírito Santo por guardá-la na Verdade. Obrigado Pai
Bento, tua vida, um Evangelho vivo da Verdade, nunca será apagada da
minha memória. Eu também quero ser autêntico, fiel a Deus que fala à
minha consciência, cônscio dos meus limites, mas desejo me consumir, e
se for possível, também recolhido em oração, até o meu último respiro
neste terra por Cristo e pela Igreja, pelo Avivamento da fé dos cristãos
tíbios e pelos sacerdotes.
Gostaria de pedir aos meus paroquianos que me pediram para escrever
esta mensagem que, após o dia 28, não digam que estão órfãos. Jesus
disse que o Espírito Santo assumiria este espaço vazio que pudéssemos
sentir. Lembram? O Espírito Santo continuará sempre a governar a Igreja!
Enquanto esperamos o novo sucessor do nosso humilde, corajoso e
profético Bento XVI, vamos apenas nos silenciar diante de todas as
especulações e orar muito. Convoco-vos a dias intensos de oração!
Unidos no Cenáculo com Maria!
Padre Dudu
13 de Fevereiro de 2013
(Quarta Feira de Cinzas do Ano da Fé)
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