A pílula anticonceptiva. Crédito: Jess Hamilton (CC BY-NC-SA 2.0). |
ROMA, (ACI).- Médicos e pessoas envolvidas no trabalho pró-vida dizem que a decisão dos bispos
alemães de permitir o uso de pílulas do dia seguinte para vítimas de
estupro levanta grandes preocupações posto que o medicamento em questão
pode causar um aborto químico.
"Há
um precedente verdadeiramente perigoso que poderia ser definido
novamente porque a notícia se espalha tão rapidamente", disse Vicky
Thorn, fundadora do Projeto Raquel, neste 22 de fevereiro em entrevista à
agência do grupo ACI em inglês, CNA (Catholic News Agency).
"Há
perigo real na Europa, no Canadá, nos EUA, América Latina e África, que
em cinco anos as mulheres fiquem na dúvida perguntando-se se é que
perderam ou não a única criança que poderiam ter tido", acrescentou a
também membro da Pontifícia Academia para a Vida que celebra sua
assembleia geral anual no Vaticano.
No dia 21 os bispos alemães decidiram permitir que os hospitais católicos venham a usar a pílula do dia seguinte ou outros anticonceptivos nos casos de estupro, desde que o medicamento atue como um anticonceptivo e não um abortivo.
A
decisão veio depois que uma mulher de 25 anos, afirmou ter sido
estuprada e foi-lhe recusado tratamento em dois hospitais católicos de
Colônia.
O Arcebispo de Colonia, Cardeal Joachim Meisner, emitiu
um pedido público de desculpas no dia 22 de janeiro, dizendo que era
vergonhoso para um hospital católico recusar tratamento a uma vítima de
estupro.
Os bispos alemães já estavam planejando reunir-se em
grupo para tratar alguns temas, de modo que este foi acrescentado à já
agendada reunião de quatro dias em Trier, na Alemanha na qual,
unanimemente, decidiram permitir a pílula do dia seguinte, em casos de
estupro, desde que este seja administrado de tal forma que "tenha um
efeito preventivo e não abortivo".
"Métodos médicos e
farmacêuticos que resultam na morte de um embrião, seguem proibidos,"
diz uma instrução dos bispos de 22 de fevereiro .
Como parte da
discussão, o cardeal Karl Lehmann, presidente da Comissão para a
Doutrina e Fé da Conferência Episcopal Alemã, ilustrou a avaliação moral
e teológica de usar a pílula do dia seguinte", com base em descobertas
científicas sobre a disponibilidade de novo compostos com efeito
modificado”.
No entanto, alguns profissionais médicos questionam a
afirmação de que a pílula do dia seguinte pode funcionar apenas como um
contraceptivo.
"Não há absolutamente nenhuma pílula deste gênero
com 100 por cento de garantia de não causar um aborto", disse Catherine
Vierling, uma médica ativa no movimento pró-vida.
O Doutor Simon
Castellvi, presidente da Federação Mundial de Associações Médicas
Católicas, disse ao grupo ACI no último 07 de fevereiro que a pílula
atua como um fármaco de anti-implantação em “70 por cento dos casos em
que a mulher está fértil".
Vicky Thorn também afirma que não há pílula do dia seguinte, que não venha a afetar a implantação.
"Eu
não acredito que exista uma assim, porque todas as pesquisas que tenho
feito sobre o assunto mostra que a peça faltante é saber quando a
ovulação aconteceu", comentou.
"Eu tenho sérias preocupações
sobre esta questão na Alemanha, e eu sou muito cética a respeito porque
há muito que não sabemos", acrescentou.
Thorn observou que o
corpo humano "é tão complexo, com tantos outros fatores, que eu acho que
estamos em uma posição muito perigosa quando assumimos que possuímos
esses conhecimentos."
Por sua parte, o Doutor John Haas, um
bioeticista no National Catholic Bioethics Center e membro permanente da
Academia Pontifícia para a Vida, não fez comentários sobre as ações
químicas da pílula, mas explicou uma forma que seu uso poderia ser usado
de forma ética.
Ele explicou que é possível saber se a pílula do
dia seguinte causará um aborto químico precoce determinando se uma
mulher está ovulando ou não.
"Há duas maneiras que a ovulação
pode ser determinada; três maneiras na verdade...”. "Você pode tomar o
registro médico do seu ciclo e determinar quando ela poderia estar
dentro dele. Mas há mais testes científicos precisos que podem ser
feitos, usando seu sangue ou urina. Isso permitirá que aos médicos
constatem se determinados hormônios estão ou não presentes nas mostras
de sangue ou na urina, e indicará se a mulher ovulou", completou Dr.
Haas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário