24 Feb 2013
Beato Francisco Palau y Quer O.C.D. (1811-1872) |
Fundou em Barcelona a “Escola da Virtude”,
modelo de ensino catequético. Em 1860-61 fundou congregações de irmãos e
irmãs carmelitanas terceiras, que deram origem posteriormente às
congregações de Carmelitas Missionárias Teresianas e às Carmelitas
Missionárias.
Pregou missões populares e difundiu a devoção a Nossa Senhora. Foi beatificado em 24 de abril de 1988. Sua festa litúrgica se celebra em 7 de novembro.
Pregou missões populares e difundiu a devoção a Nossa Senhora. Foi beatificado em 24 de abril de 1988. Sua festa litúrgica se celebra em 7 de novembro.
Ele teve que partir para o exílio e usou o resto de sua vida o hábito carmelita por baixo de uma batina de padre secular. Escolheu
para morar uma gruta a dois quilômetros de Aitona, hoje conhecida como
Cueva del Padre Palau e transformada em santuário mariano.
Mas a
perseguição chegou até ali. Ele sofreu atentados de morte e teve de
partir para o exílio na França, onde residiu por onze anos até 1851. Na
França, a sua fama de santidade se espalhou entre o povo e a nobreza,
pelo que também foi perseguido pelo anticristianismo.
Voltou à
Espanha em 13 de abril de 1851. Nomeado diretor espiritual do seminário
diocesano de Barcelona, ele organizou a “Escola da Virtude” na paróquia
de Santo Agostinho.
Gruta de Aitona, onde foi ermitão, hoje é local de romaria |
O extraordinário sucesso da Escola em tirar o povo da influência
revolucionária anticristã motivou arruaças socialistas e comunistas.
O
governo liberal desterrou então o Beato Palau para a ilha de Ibiza,
onde ele permaneceu durante seis anos e fundou uma ermida consagrada a
Nossa Senhora das Virtudes, primeiro santuário mariano da ilha.
É autor de vários livros. No fim de sua vida dirigiu e foi o principal redator do semanário “El Ermitaño”, onde publicou suas reflexões sobre o presente e o futuro da Igreja. Seus escritos se destacam pelas suas luzes proféticas.
Nos
anos finais de sua vida o Beato Palau trabalhou muito como exorcista.
Até concebeu o projeto de uma Ordem de exorcistas e enviou ao Concilio
Vaticano I um amplo escrito sobre o tema.
Muitas das formulações
mais caras ao Beato encontram-se incluídas no exorcismo para uso
público e privado aprovado por S.S. Leão XIII.
Em seu jornal “El Ermitaño”, o Beato Palau tratou especialmente dos eventos de sua época.
Ele
via os problemas religiosos, políticos, sociais, econômicos – e até
tecnológicos – como fazendo parte de um só e imenso movimento que,
animado por Lúcifer e seus sequazes, procurava derrubar a Igreja
Católica e a ordem social cristã.
Arguto e intenso analista das
informações que chegavam a Barcelona através dos jornais e telégrafos,
ele teceu visualizações inspiradas pela Fé e pelos seus estudos
teológicos às quais é difícil recusar uma inspiração profética.
Sua linguagem, como era usual em seu tempo, utiliza muitas figuras e símbolos.
Por
exemplo, no artigo seguinte, intitulado “Um cometa”, publicado em 25 de
Agosto de 1870. O cometa simboliza aqui a libertação de Satanás para
fazer o dano ao mundo previsto no Apocalipse:
Exilado a Ibiza, ia ao rochedo Vedrà (foto) a fazer retiro espiritual |
“Eu
vi um cometa, o mesmo cometa, aquele sinal misterioso, sobre o qual fiz
tantas reflexões. Sua cauda tinha forma de espada, de uma espada de
fogo que lançava bolas de fogo em direção à terra. Eu fiquei atento
olhando para a espada. Horrivelmente fiquei tomado de espanto, porque
apareceu uma mão misteriosa que empunhou a espada, e na hora pelo orbe
inteiro se ouviram hinos de guerra: guerra no mundo oficial político,
guerra entre os reis, guerra por razões de interesse puramente material.
“Enquanto
eu olhava a mão que empunhava a espada de aço voltada contra a cabeça
dos reis, saiu do cometa outra cauda, e apareceu na hora uma outra mão
que pegou a cauda do cometa que era toda de fogo e em forma de espada, e
entre trovões e relâmpagos a espada jogava raios e faíscas contra o
globo terrestre, e as duas espadas, batendo entre elas, acendiam sobre a
terra a mais encarniçada guerra que os séculos já viram: na política e
na religião: uma guerra universal. (...)
“O cometa era um sinal
colocado no firmamento do mundo espiritual. Ele joga uma luz que ilumina
a história presente e vindoura deste mundo material visível onde
acontece a atividade humana. (...)
“A luz desse cometa ilustra o
cumprimento desta profecia: ‘Satanás será solto da prisão. Sairá dela
para seduzir as nações dos quatro cantos da terra’ (Apoc. cap. XX, 7-8).
“À
luz deste cometa se vê a obra de Satanás, aquele mistério de iniquidade
que começou a se tramar contra a Igreja, quando Ela estava ainda em
seus primórdios. Satanás desencadeado seduziu todos os reis e todos os
príncipes da terra; ele voltou suas espadas e cetros contra a Igreja:
esta é a sua obra.
“O cometa mostra duas mãos e as duas empunham
uma espada, e as duas vão contra Cristo e sua Igreja, e anunciam uma
guerra igual à dos primeiros séculos, porém mais horrorosa, sem
comparação. (...)
“Satanás desencadeado consumou sua maldade, porque obteve nesta ordem material política a apostasia de todos os reis e governos.
“Eu, o Ermitão, percebendo este fato, peguei dois pedaços de madeira, fiz uma Cruz e escrevi nela Quis ut Deus? (...)
“O
cometa significa e desvenda o desencadeamento e a libertação do diabo
e, em consequência, a apostasia predita pelo apóstolo: um reino de
trevas e de maldade, uma época de incredulidade e de erros.
“O
cometa descobre anátema, maldição, morte, guerra anarquia social, dias
de luto e pranto; e quando o Ermitão vir este sinal, quer dizer, o diabo
desencadeado, vos dirá, e vos repetirá sempre a mesma coisa, certo de
que o tempo confirmará a verdade destes fatos.”
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