Bento XVI |
Na sua última audiência o Papa Bento XVI lembra que é Deus que guia a Igreja e o mundo
Brasília,
(Zenit.org)
Por Thácio Lincon Soares de Siqueira
Bandeiras de diversos países e movimentos eclesiásticos
coloriram a praça de São Pedro na manhã de hoje para a última Audiência
Geral do Papa Bento XVI. Uma média de 150 mil peregrinos vieram dar o
último abraço ao Santo Padre, antes da Sé Vacante, que começa amanhã,
28, às 20h.
Na primeira fila um nutrido grupo de cardeais, bispos e várias
autoridades civis e eclesiásticas. Entre os cardeais estava o arcebispo
de Viena Christoph Schoenborn, o de Boston Sean O’Malley, o cardeal
brasileiro João Braz de Aviz, o filipino Luis Antonio Tagle, o arcebispo
de Mônaco Reinhard Marx, Donal Wuerl (Washington), Roger Mahony (Los
Angeles), o ganense Peter Turkson, o australiano Georg Pell, o mexicano
Norberto Rivera Carrera, John Tong (Hong Kong), Bernard Law, o cardeal
Giovanni Battista Re, o secretário de Estado Tarcisio Bertone.
“Também eu sinto no meu coração o dever de principalmente agradecer a
Deus” disse Bento XVI. “Sinto de levar todos na oração, num presente
que é aquele de Deus, onde coloco cada encontro, viagem, cada visita
pastoral”.
Lembrando o 19 de abril de 2005, momento da sua eleição, elevou aos
céus essa oração “Senhor, por que me pede isso e o que me pede? É um
peso grande que me coloca nas costas, mas se o senhor me pede, nas suas
palavras lançarei as redes, com a certeza de que me guiará, ainda com
todas as minhas debilidades”.
A barca da igreja, nesses oito anos, passou por “momentos de alegria e
luz, mas também momentos não fáceis”, porém, continuou Bento XVI
“sempre soube que naquela barca está o Senhor e sempre soube que a barca
da Igreja não é minha, não é nossa, mas é sua”, e disse “O Senhor não a
deixa afundar; é Ele que a conduz, sem dúvida também por meio dos
homens que escolheu, porque assim o quis”.
Convidou todos a “renovar a firme confiança no Senhor, a confiar-nos
como crianças nos braços de Deus, certos de que aqueles braços nos
sustentam sempre e é o que nos permite caminhar a cada dia, também no
cansaço”. Que cada um de nós “sinta a alegria de ser cristão”.
“Um Papa não está só na direção da barca de Pedro, ainda que seja a
sua primeira responsabilidade”, afirmou enquanto agradecia os seus
colaboradores mais próximos. “Eu nunca me senti só ao levar a alegria e o
peso do ministério petrino”.
O Papa agradeceu também “Principalmente vós, caros Irmãos Cardeais: a
vossa sabedoria, os vossos conselhos, a vossa amizade foram preciosos
para mim; os meus Colaboradores, começando pelo meu Secretário de
Estado que me acompanhou com fidelidade nestes anos; a Secretaria de
Estado e toda a Curia Romana”.
“O coração de um Papa se estende a todo o mundo”, disse Bento XVI
tendo refletido nesse momento sobre a natureza da Igreja, que não “é uma
organização, uma associação com fins religiosos ou humanitários, mas um
corpo vivo, uma comunhão de irmãos e irmãs no Corpo de Jesus Cristo,
que nos une a todos”.
Referindo-se à sua renúncia assegurou que tomou “a decisão mais justa
não para o meu bem, mas para o bem da Igreja” porque “Amar a Igreja
significa também ter a coragem de fazer escolhas difíceis, sofridas,
tendo sempre diante o bem da Igreja e não a si mesmos”.
“Quem assume o ministério petrino não tem mais privacidade”, afirmou
também o Papa, pois a partir do momento que se aceita o ministério
Petrino o Papa “não se pertence mais, pertence a todos e todos pertencem
a ele”.
Para um Papa, portanto, não existe a possibilidade de retornar mais à
privacidade. Portanto, “Não retorno à vida privada, a uma vida de
viagens, encontros, recepções, conferências, etc”, disse o Papa, porque
“Não abandono a cruz, mas permaneço de modo novo junto ao Senhor
Crucificado”.
Bento XVI esclareceu que continuará “a acompanhar o caminho da Igreja
com a oração e a reflexão, com aquela dedicação ao Senhor e à sua
Esposa que sempre procurei viver até agora a cada dia e que gostaria de
viver sempre”.
“Deus guia a sua Igreja, a sustenta sempre também e principalmente
nos momentos difíceis. Não percamos nunca esta visão de fé, que é a
única verdadeira visão do caminho da Igreja e do mundo”, conclui o Santo
Padre.
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