14 março 2013
A
cada conclave, o surgimento da “fumata bianca” na chaminé da Capela
Sixtina assinala o momento em que pelo orbe católico se espalha a
notícia, sempre prenhe de júbilo e de esperança, de que a Barca de Pedro
tem um novo timoneiro; bem como alimenta a expectativa do anúncio
solene do “habemus Papam”, feito pelo Cardeal Protodiácono, quando
todos, afinal, conhecem o nome escolhido para ocupar a Cátedra de Pedro.
Tal a força divina da Santa Igreja que esse evento cria compreensível
emoção até entre muitos daqueles que afirmam não professar qualquer fé
religiosa.
O anúncio da eleição do Cardeal D. Jorge Mario Bergoglio, como Papa
Francisco, repetiu, uma vez mais, todo este ritual solene em que se
mesclam esperanças, preces confiantes e gestos solenes. É fácil perceber
que tal escolha tenha causado especial comoção e alegria entre os
católicos latino-americanos. Ver, pela primeira vez, no Sólio de São
Pedro, um Pastor oriundo do chamado Continente da Esperança é fator
compreensível de orgulho.
Essa escolha de um primeiro Papa argentino reconhece o papel central
da América Latina na vida da Santa Igreja e do mundo contemporâneo e,
mais ainda, o papel primordial que a esta caberá no reerguimento da
civilização cristã.
Vem-nos à memória, nesse particular, as proféticas palavras do diretor do jornal O Legionário,
o então jovem deputado Plinio Corrêa de Oliveira, num artigo de 15 de
outubro de 1933, intitulado precisamente “A missão da América Latina”:
“Nesta tarde de civilização, que
ameaça ser a tarde da própria humanidade, só dois fatores nós vemos
realmente capazes de abrir para o homem uma janela salvadora sobre o
futuro: no plano espiritual, a Igreja Católica, e no plano terreno, a
América Latina.
Uma lenda antiga nos conta que à
beira de certo lago havia um rochedo que crescia à medida que as ondas o
acometiam, de sorte a nunca ser submergido, ainda nas maiores
tempestades. Hoje em dia, este rochedo é a Pedra, é a Cátedra de Pedro,
que tem avultado com as revoluções, zombando das heresias, crescendo em
vigor à medida que seus adversários crescem em rancor. [...] Assistiu ao
nascer de todos os países do Ocidente. Vê-los-ia morrer sem receios por
seus próprios dias, que não se contam com a brevidade dos dias de uma
nação. [...]
Para atuar, porém, ela também se serve de fatores humanos. E, destes, o mais promissor é a América Latina.
Tenham embora os católicos
latino-americanos pecado como pecaram, não pesa sobre os ombros de suas
nações, ainda na infância, a culpa esmagadora de que [outros
continentes] são réus. [...] É certo que a nós, como nações, se poderia
aplicar a frase de Santo Agostinho: “tantilus puer, et tantum
peccator!”- Tão jovem, e já tão grande pecador!
No entanto, nunca partiu daqui um
grito de heresia. [...] Apesar dos pesares, nossos costumes ainda
conservam muito daquela suave urbanidade que é a característica das
índoles cristãs. [...] Quando, portanto, da imensa caldeira em que
fervem os restos de nossa civilização emergirem os primeiros princípios
de uma nova ordem de coisas, tendo por base o respeito à Igreja, à
propriedade e à família, só a América do Sul oferecerá ao mundo um
caminho a ser edificado, com suas regiões imensas, que as crises
econômicas não esgotaram, e seus povos de reservas morais sólidas, que
até lá terão passado pelo cadinho do sofrimento, e nele terão formado
sua têmpera de povos fortes.
A América do Sul será, portanto, o grande laboratório onde a nova civilização católica se vai erguer.”
Numerosos analistas apontam para a eleição e a ação do Papa Wojtyla
como um dos fatores decisivos para a derrubada do Comunismo moribundo na
Europa de Leste. Possam a eleição e a ação do Papa Francisco derrubar o
seu sucedâneo crioulo, o neo-socialismo populista do século XXI, também
ele moribundo depois da saída de Hugo Chávez da cena latino-americana!
O Instituto Plinio Corrêa de Oliveira, nas sendas de
seu inspirador, não pode deixar de almejar ao novo Pontífice, em quem
reside o poder das chaves, graças especiais que inspirem suas decisões
soberanas – independentes dos juízos dos homens – e sua missão pastoral,
atenta às aspirações e necessidades autênticas do rebanho de Nosso
Senhor Jesus Cristo: “Oremos para que sua atuação encha de clareza os
espíritos, dê força aos ânimos, e dê glória à Igreja santa de Deus”.
Foi neste estado de ânimo que o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira dirigiu ao Papa Francisco o seguinte telegrama:
São Paulo, 14 de março de 2013.
À Sua Santidadeo Papa Francisco,
Palácio Apostólico
00120 Cidade do Vaticano
Vaticano
Santidade,
Neste momento de júbilo para os católicos, pela eleição de um novo Pontífice, o Instituto Plinio Corrêa de Oliveira,
seus diretores, membros e simpatizantes, dirigem-se a Vossa Santidade,
após sua eleição ao Trono de São Pedro, para prestar-lhe a filial
homenagem de sua fidelidade.
Vossa eleição enche de especial orgulho e
alegria os corações dos latino-americanos, ao verem pela primeira vez
no Sólio Pontifício um filho deste Continente da Esperança, tão amado de
Deus e que ao longo de seus cinco séculos de história enriqueceu a
Santa Igreja com o vigor de sua Fé e de seu devotamento.
Erguemos a Nossa Senhora de Guadalupe,
Imperatriz das Américas, preces ardorosas a fim de que Ela obtenha da
Divina Providência para Vossa Santidade suas mais escolhidas graças, com
vistas a conduzir a Barca da Santa Igreja com a sabedoria e a firmeza
que as tormentosas circunstâncias do mundo contemporâneo impõem.
Animados por essa esperança, pedimo-Vos, Santo Padre, nos concedais a Vossa Bênção Apostólica.
Instituto Plinio Corrêa de Oliveira
Adolpho Lindenberg
Presidente
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