Fernanda Calgaro
Do UOL, na Cidade do Vaticano
Do UOL, na Cidade do Vaticano
10.mar.2013
- O cardeal brasileiro dom Odilo Pedro Scherer conduz uma missa neste
domingo (10) na igreja de Santo André no Quirinal, em Roma, na Itália.
Cardeais do mundo todo se reúnem na Capela Sistina a partir de terça
(12) para o conclave, onde vão eleger o novo papa Gabriel Bouys/AFP
A dois dias do início do conclave que irá escolher o sucessor de Bento
16, o cardeal dom Odilo Scherer, apontado como um dos favoritos para o
posto, celebrou neste domingo (10) uma missa na igreja Sant´Andrea al
Quirinale (do italiano Santo André no Quirinal), em Roma.
Em um clima descontraído, dom Odilo cumprimentou as dezenas de
jornalistas brasileiros e de diversos outros países que se acotovelavam
na entrada da igreja: "Que maravilha, veio muita gente hoje". Ele
comentou ainda o grande interesse que a presença dos cardeais em Roma
tem despertado no mundo.
Assim como dom Odilo, cada cardeal fica como titular de uma igreja na
capital romana e, neste fim de semana, vários deles estão celebrando
missas na cidade.
Tempos difíceis
Durante a missa, celebrada em italiano, dom Odilo mencionou os tempos
difíceis vividos pela Igreja Católica. "Convido a orar para a Igreja
fazer bem sua missão nesse tempo. Seguramente um tempo difícil, mas
também alegre".
Em um sermão que durou 22 minutos, ele ressaltou a importância da
reconciliação com Deus e do perdão ao próximo. "Tem muita gente que vive
como se Deus não existisse ou não tivesse importância", disse.
No momento da missa em que são colocadas as intenções das orações, foi
pedido que todos rezassem "pelos cardeais que vão eleger o papa para que
sejam iluminados pelo Espírito Santo" e "pelo papa emérito Bento 16,
que guiou o povo de Deus com caridade".
Antes de encerrar a celebração, o cardeal chamou à frente do altar um
casal de italianos que completava 70 anos de matrimônio. "Há 70 anos eu
não tinha nem nascido", brincou dom Odilo.
Maria e Carmine Persighetti, ambos de 89 anos, se disseram surpresos e
felizes com a oportunidade de ter o sacramento do matrimônio renovado
por um cardeal cotado com chances de se tornar papa. "É uma honra muito
grande", disse Maria, emocionada.
Crise
A eleição do novo papa acontece em meio a uma crise de credibilidade
que afetou parte da Cúria Romana. Até a definição da data do início do
conclave - que será em 12 de março -, passaram-se oito dias desde a
saída oficial de Bento 16, em 28 de fevereiro.
O agora papa emérito justificou a sua renúncia alegando estar com a
saúde fragilizada. No entanto, um dossiê, elaborado a pedido de Bento 16
para investigar casos de corrupção e nepotismo no Vaticano, teria tido
influência na decisão dele. O relatório também identificou os diferentes
grupos que disputam poder na cúpula católica e um esquema de chantagem
contra clérigos homossexuais.
A demora, então, para definir a data do conclave se deveria à exigência
por parte de alguns grupos de cardeais em ter acesso ao dossiê. O
Vaticano, porém, negou com veemência que esse tivesse sido o motivo. Nas
coletivas de imprensa, Lombardi afirmou diversas vezes que os cardeais
não estavam com pressa por se tratar de um processo que exigia reflexão.
Na terça-feira (12), haverá apenas uma votação à tarde. Nos demais
dias, estão previstos dois escrutínios pela manhã e outros dois à tarde.
Se não houver definição após quatro dias, no quinto é feita uma pausa
para orações. A votação é retomada com uma nova rodada no dia seguinte e
segue até o 12º, com pausas no sétimo e no décimo dias. Após 12 dias e
34 votações, o sistema muda e a escolha passa a ser entre os dois mais
votados.
Como é a votação
Não há uma previsão de quanto tempo o conclave poderá durar até sair o novo nome que liderará a Igreja Católica. Em 2005, o conclave que escolheu Bento 16 foi bastante rápido: em apenas dois dias, chegou-se a um consenso sobre o novo pontífice.
O Colégio de Cardeais, composto por aqueles com menos de 80 anos, tem
115 integrantes. Para ser eleito, é necessário receber dois terços mais
um dos votos, equivalente, neste caso, a 77 votos favoráveis.
Entre os eleitores estão cinco brasileiros: dom Odilo Scherer, dom
Raymundo Damasceno, dom Cláudio Hummes, dom João Braz Aviz e dom Geraldo
Majella.
Se nenhum cardeal receber os dois terços dos votos, as cédulas são
queimadas, uma fumaça preta sai da chaminé da Capela Sistina e a votação
é retomada.
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