Como melhorar a pregação sagrada: coluna do Pe. Antonio Rivero, L.C., professor de Teologia e Oratória no seminário Mater Ecclesiae de São Paulo
Por Pe. Antonio Rivero, L.C.
SãO PAULO, 15 de Março de 2013 (Zenit.org) - Prosseguimos agora com a figura do pregador sagrado.
Vejamos agora as atitudes que favorecem a comunicação do pregador
Primeira, a aceitação incondicional do outro.
Só assim pode haver comunicação. Só assim o ouvinte não será usado como
um meio ou objeto para se atingir um fim. Só assim o ouvinte escutará o
pregador e o aceitará. Os ouvintes não são inimigos do pregador, mas
seus irmãos. Assim foi Jesus. O pregador não está acima de ninguém. Ele é
um irmão mais velho que tenta explicar com carinho a palavra de Deus e
coloca à disposição dos seus irmãos menores o que ele aprendeu. Não é
uma autêntica obra de misericórdia?
Segunda, a compreensão empática.
“Colocar-se na pele do outro” para ver o mundo com os olhos do outro. Os
ouvintes esperam do pregador que não haja nada verdadeiramente humano
que não ecoe no seu coração. Esperam compreensão “das alegrias e das
esperanças, das tristezas e das angústias dos homens do nosso tempo, em
especial dos pobres e de todos os que sofrem” (Gaudium et Spes, 1).
E terceira, a autenticidade. O pregador tem
que se mostrar do jeito que ele é. Para ser autêntico, não basta um
pré-aquecimento na preparação imediata da prédica; é necessária uma
experiência da vida sacerdotal. O ouvinte pode aceitar tanto melhor a
mensagem da pregação quanto mais o pregador estiver vivendo o que prega,
com autenticidade. Não se trata de falar do que foi lido, mas do que
foi vivido. Ninguém dá o que não tem. O lema do cardeal Newman era: “Cor ad cor loquitur”, “o coração fala ao coração”.
O predicador vai crescendo em idade, sabedoria e graça. Vejamos agora as idades do pregador.
O pregador jovem. O primeiro perigo,
normal, é a falta de material e, por consequência, o palavreado vazio.
Outro perigo é a escassa maturidade. As vantagens da juventude são o
fogo, a intensidade e a energia. A entrega se aprende na juventude. Por
isso, urge que o pregador jovem prepare a fundo as suas prédicas, com
bons comentários de Santos Padres ou de autores provados em homilética.
O pregador maduro. A maturidade preserva da
exaltação juvenil e da resignação da velhice. As vantagens da idade
adulta são a maturidade crescente e a força tranquila, recolhida. As
pregações se tornam mais profundas e mais ricas, graças à experiência
que se tem das alegrias e das esperanças, das tristezas e das angústias
dos homens do nosso tempo. O perigo está na rotina e no estancamento,
que impedem renovar-se nas ideias e na forma de dizê-las.
O predicador ancião. Com a velhice, começa o
perigo do cansaço. Prega-se com base no passado, não no presente. O
pregador ancião não deve parecer cansado, mas bondoso; não senil, mas
sábio.
Quero terminar esta parte sobre o pregador com este texto que encontrei, chamado “O decálogo do pregador”[1]:
1. Não subas ao púlpito sem saber o que vais dizer. E quando tiveres dito, desce: não te prolongues inutilmente.
2. Traça o roteiro do que vais dizer: no papel ou na cabeça.
3. Procura despertar no ouvinte o interesse pelo que dizes, ou ele se desligará da tua pregação.
4. Quanto disseres, seja proveitoso para o ouvinte. A missão do pregador não é entreter, mas evangelizar.
5. A brevidade não é o supremo dos valores: não
devemos sacrificar o importante em prol do breve. Mas é verdade que “o
bom, se breve, é bom em dobro”.
6. Fala com naturalidade: o teatral pode repelir.
7. Procura falar de modo que todos te entendam, mas com toda a precisão para que os cultos aceitem o que dizes.
8. Para comunicar uma ideia, é necessário que estejas convicto dela: não pregues o que não vives.
9. Se te serves de aparatos técnicos, preocupa-te de
que funcionem perfeitamente. É um desprestígio para o evangelho usar
aparelhos ruins enquanto o mal se difunde com técnica excelente. A boa
tecnologia pode e deve ser posta a serviço da evangelização.
10. Não pretendas jamais o teu sucesso pessoal, e sim o bem das pessoas. O êxito deve ser apenas para facilitar a evangelização.
O artigo da semana passada pode ser lido clicando aqui.
Padre Antonio Rivero tem licenciatura e doutorado em Teologia
Espiritual pelo Ateneu Pontifício Regina Apostolorum em Roma. Atualmente
exerce seu ministério sacerdotal como professor de teologia e oratória,
e diretor espiritual no Seminário Maria Mater Ecclesiae do Brasil.
Caso você queira se comunicar diretamente com o Pe. Antonio
Rivero escreva para arivero@legionaries.org e envie as suas dúvidas e
comentários.
[1] Cortesia do site de informação para sacerdotes www.vidasacerdotal.org
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