Como melhorar a Pregação Sagrada: Coluna do Pe. Antonio Rivero, L.C., professor de Teologia e Oratória no seminário Mater Ecclesiae de São Paulo
Por Pe. Antonio Rivero, L.C.
SãO PAULO, 08 de Março de 2013 (Zenit.org) - Abordaremos a seguir as condições essenciais do pregador.
Ser pregador implica dois elementos, um objetivo e outro subjetivo. Expliquemos ambos.
Primeiro, o elemento objetivo, que se baseia na missão. O ministério
da pregação não se baseia, em última instância, nem na ciência
teológica, nem na comunidade e na sua aprovação, como tampouco na fé
pessoal do pregador ou na sua capacidade de pregar. A pregação se
fundamenta primariamente na missão e na vocação da Igreja, e,
secundariamente, no carisma do pregador.
Segundo, o elemento subjetivo: a competência do pregador. O pregador é
um mediador. Entendemos por competência o conjunto de capacidades que
são de se desejar naquele que desempenhará a tarefa da pregação[1].
Quais são essas capacidades e competências?
Primeiro, a competência jurídica. O pano de fundo deste conceito é a
organização social, o sistema social de distribuição do trabalho, em que
há diferentes papéis e correspondentes incumbências a ser respeitadas. O
pregador sagrado tem a competência jurídica, um cargo pastoral, uma
missão canônica, uma nomeação como representante da Igreja.
Segundo, a competência profissional. Competência significa, aqui, o
conhecimento de certa ciência ou matéria, a especialização ou aptidão no
tema a ser desenvolvido. O pregador sagrado deve ter esta competência
profissional, deve conhecer a tradição cristã e, a partir da
interpretação da Sagrada Escritura, saber iluminar as situações humanas.
Terceiro, a competência comunicativa. Pressupõe uma competência
pessoal. Significa que o pregador tem que estar repleto de Deus para
transmiti-lo ao povo cristão. Quem mais pleno estiver de Deus, mais o
comunicará.
Depois de ver as condições do pregador, vejamos agora as dimensões da formação homilética no pregador.
Primeiro, a dimensão intelectual. “O fundamento da eloquência”,
afirma o célebre orador romano Cícero, como o de qualquer outra cosa, “é
a sabedoria”. O que o orador latino chama de “sabedoria” é o que nós
poderíamos chamar de “bom senso”. O estudo proporciona ao pregador os
conhecimentos necessários e o familiariza com o estado atual da pesquisa
teológica. É o que chamamos de competência profissional: conhecimento
da tradição da Igreja, da Sagrada Escritura, da teologia, do mundo de
hoje, etc.
Segundo, a dimensão pastoral. Trata-se de conquistar segurança nos objetivos para com as pessoas confiadas a mim.
Terceiro, a dimensão humana. A pregação é pregação para pessoas.
Portanto, o pregador tem que se preparar para esta comunicação com os
outros. Será de grande ajuda manter sempre a proximidade com as pessoas,
com simplicidade e humildade, e dialogar com elas com franqueza e
respeito.
Quarto, a dimensão espiritual. Esta é a dimensão que dá profundidade
às outras. A dimensão espiritual implica ver tudo com os olhos de Deus e
dar respostas a partir de Deus para todas as situações e problemas
pessoais e comunitários.
O artigo da semana passada pode ser lido clicando aqui.
Padre Antonio Rivero tem licenciatura e doutorado em Teologia
Espiritual pelo Ateneu Pontifício Regina Apostolorum em Roma. Atualmente
exerce seu ministério sacerdotal como professor de teologia e oratória,
e diretor espiritual no Seminário Maria Mater Ecclesiae do Brasil.
Caso você queira se comunicar diretamente com o Pe. Antonio
Rivero escreva para arivero@legionaries.org e envie as suas dúvidas e
comentários.
[1] São Tomás recopila as várias imagens com que a Escritura designa o pregador: “O apóstolo denomina com diversos nomes o ofício do pregador, posto que o chama, em primeiro lugar, de soldado,
pois ele defende a Igreja contra os inimigos; em segundo lugar,
vinhateiro, já que poda os sarmentos supérfluos; também pastor, pois
apascenta os súditos com o bom exemplo; boi, porque em tudo deve
proceder com gravidade; arador, posto que tem de abrir os corações à fé e
à penitência; (...) arquiteto do templo, dado que há de construir e
reparar o edifício da Igreja; e, finalmente, ministro do altar, pois há
de desempenhar um ofício grato a Deus” (In I ad Cor., c. 9, leit. 1).
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