FELIPE SELIGMAN
ENVIADOS ESPECIAIS A ROMA
ENVIADOS ESPECIAIS A ROMA
Um mês depois da primeira renúncia de um papa em 600 anos e ainda sob a
sombra de escândalos que mancharam a imagem do Vaticano, a Igreja
Católica começa hoje a definir o seu futuro no conclave que escolherá o
sucessor de Bento 16.
A eleição secreta contará com 115 cardeais e terá início sem um franco
favorito, embora o italiano Angelo Scola e o brasileiro Odilo Scherer,
arcebispo de São Paulo, venham sendo apontados como candidatos mais
fortes nos últimos dias.
O processo termina quando um dos concorrentes forma maioria de dois
terços, ultrapassando 77 votos. Hoje só está prevista uma votação, e os
fiéis devem esperar ao menos mais um dia até verem a fumaça branca na
chaminé da Capela Sistina, simbolizando a escolha de um novo papa.
"Amanhã [hoje] é de se esperar a fumaça negra", avisou o porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi.
Os últimos 15 conclaves levaram no mínimo dois dias. A primeira votação
costuma servir como uma espécie de peneira para selecionar os candidatos
que vão polarizar a disputa.
Além de Scola e Scherer, aparecem nas listas de mais cotados o canadense
Marc Oullet, os americanos Sean O'Malley e Timothy Dolan, o húngaro
Peter Erdo e o italiano Gianfranco Ravasi.
Diante de um cenário incerto, a maioria dos vaticanistas não descarta a
vitória de um azarão, a exemplo da eleição de João Paulo 2º, em 1978.
Entre as principais incógnitas deste ano, está a influência do papa
emérito Bento 16, que continua recolhido na residência de Castel
Gandolfo. Ele nomeou 67 dos 115 votantes e não declarou preferência por
um candidato.
Funcionários instalam cortinas na janela onde o novo papa falará pela primeira vez |
A imprensa italiana tem apresentado Scola como o cardeal que representa a
ala reformista. Scherer é visto como o mais próximo à Cúria.
O ritual da eleição secreta será iniciado às 7h (3h de Brasília), quando
os eleitores começarão a chegar. Às 10h30, eles rezarão missa na
Basílica de São Pedro, em sua última aparição pública.
A procissão para a Capela Sistina, local das votações secretas, está
marcada para as 16h30. A partir daí, as portas serão trancadas e os
eleitores ficarão a sós para decidir diante do afresco do "Juízo Final"
de Michelangelo.
Eles ficarão isolados, sem acesso a telefone, jornais e televisão. O
número de votos de cada candidato nunca será anunciado oficialmente, mas
costuma vazar após a eleição.
Cerca de 90 funcionários do Vaticano que prestarão serviços de apoio,
como médicos e cozinheiros, já fizeram juramento de sigilo.
Ontem, o jornalista italiano Gianluigi Nuzzi, autor do livro "Sua
Santidade", sobre o caso Vatileaks, disse, pelo Twitter, que teve sua
credencial para cobrir o conclave negada pelo Vaticano.
CONCLAVE Saiba como será escolhido o novo papa |
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