O porta-voz do Vaticano, padre Federico Lombardi, informou nesta
quarta-feira (6) que 113 dos 115 cardeais que votarão no conclave já
estão em Roma. Um dos dois faltantes chegará ainda hoje à cidade e o
último, amanhã.
A data do início da eleição do novo papa ainda não foi definida,
segundo Lombardi. Tradicionalmente, o Vaticano determina que o conclave
comece entre 15 e 20 dias, depois do início da Sé Vacante --expressão
que designa o período em que o lugar do papa está vago. Mas a
antecipação do processo foi viabilizada por um decreto publicado por
Bento 16 antes da renúncia. A decisão, no entanto, fica a cargo do
Colégio Cardinalício, que ainda não se manifestou sobre o assunto.
Em relação à demora do agendamento da data do conclave, Lombardi
afirmou que os cardeais querem se preparar com calma. "É um processo de
discernimento e reflexão", disse sobre as congregações que antecedem o
conclave. Ele ressaltou ainda que amanhã todos os cardeais eleitores
estarão em Roma e, assim, isso poderá ser debatido mais a fundo.
Os cardeais --eleitores e não eleitores [aqueles com idade superior a
80 anos]-- se reuniram mais uma vez na manhã de hoje para discutir a
sucessão de Bento 16. No encontro, os religiosos fizeram 18 intervenções
para debateram diversos temas, incluindo a missão da Igreja no mundo de
hoje e a necessidade evangelização, a relação da Igreja com as demais e
o que se espera do futuro papa. Cada um daqueles que pediram a palavra
tiveram cinco minutos para se manifestar. No total, desde o início das
reuniões preparatórias para o conclave, foram 51 intervenções.
Durante o encontro, também ficou decidido que amanhã os cardeais se
reunirão duas vezes, uma pela manhã e outra à tarde. No período da tarde
desta quarta-feira, os religiosos se reunirão na Basílica de São Pedro
do Vaticano para rezar pela igreja.
Confidencialidade
Os cardeais americanos haviam marcado uma entrevista coletiva também
para esta tarde para comentar as preparações para o conclave, mas a
coletiva acabou sendo cancelada. Lombardi negou que fosse para atender a
um pedido do Vaticano. "Nós tentamos oferecer as informações mais
precisas sobre o que está acontecendo nas congregações, mas não temos
como dizer aos demais cardeais para não falarem."
Os encontros pré-conclave servem como termômetro da receptividade aos
mais cotados para ocupar o cargo mais alto da Igreja Católica. A eleição
não tem candidaturas formais, mas os cardeais aproveitam o período de
Sé Vacante para articular, nos bastidores, o apoio a seus preferidos
antes de se trancarem na Capela Sistina.
Mas, além desta suposta "propaganda", os religiosos também aproveitam a
reunião para discutir o futuro da igreja, que necessariamente inclui os
escândalos sexuais que ganharam ainda mais evidência com o comunicado
do cardeal escocês Keith O'Brien, acusado de "comportamento inadequado"
nos anos 80, que admitiu que sua "conduta sexual ficou abaixo dos
padrões" que se esperavam dele.
Morte de Hugo Chávez
Lombardi foi questionado durante a coletiva de imprensa sobre a posição
da Igreja Católica diante da morte do presidente da Venezuela, Hugo
Chávez. O porta-voz , no entanto, afirmou que o arcebispo de Caracas já
havia enviado um comunicado. Não soube dizer se a Santa Sé mandará
também uma mensagem própria.O cardeal venezuelano Jorge Ursoa Savino, que celebrará uma missa
solene em Roma em homenagem à Chávez, expressou "condolência" à família
do presidente morto e pediu às autoridades que "apliquem os mecanismos
previstos pela Constituição do país".
Savino também fez um apelo a todos os setores da sociedade para que
promovam "a calma e a harmonia do povo. Em particular, é necessário
excluir qualquer tipo de violência".
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