quinta-feira, 18 de abril de 2013

A calma continua sendo uma qualidade?

[ipco] 
17 abril 2013 


Leo Daniele


"Vem a noite, e com ela aquela segurança dentro da casa, enquanto a intranquilidade da escuridão domina em volta dela. É a alegria, a felicidade das situações" (Plinio Corrêa de Oliveira)


Ser calmo ainda é uma qualidade? Dir-se-ia que, para muitas pessoas, não é mais. Elas julgam que ela difunde um odor de monotonia onde se instala, e para fugir da sonolência é preciso fugir da calma. Calma é “bobeira”. E assim, a agitação, a confusão e mesmo o nervosismo são vistos como algo que deve ser procurado, ou pelo menos tolerado neste ocaso da civilização cristã.
O curioso em muitos dos que assim pensam, é que frequentemente criticam a falta de calma… nos outros. Enquanto isso, os consultórios médicos e hospitais se enchem de pacientes queixando-se de nervosismo e enfermidades conexas.
Fatal  engano: a verdadeira calma não é monotonia. Muito pelo contrário, como diz Dr. Plinio:
Essa calma que estou descrevendo é cheia de frescor e de mobilidade, com disposição para aceitar a variedade das coisas e não ficar atarraxado viciosamente num determinado objeto, com exclusão de outros. É uma espécie de flexibilidade de toda a alma, própria das articulações e da vivacidade de um organismo vivo. Diante de tudo o que vai acontecendo, ela vai aceitando, modelando, recusando, na alegria e no bem-estar da vida. [1]
Calma não é monotonia. Pelo contrário, é movimentação acertada. A tal ponto isso é verdade que na Primeira Guerra Mundial (1914-1918) o Quartel General do Marechal Foch – generalíssimo das forças aliadas, – foi comparado com nada menos que a placidez de uma abadia beneditina. A calma em plena guerra! Assim se ganham as guerras! Assim se vence também a minúscula, mas complexa luta, que é a vida quotidiana.
Calma é força, e quem não tem calma, não tem verdadeira força.
Mas eu não tenho capacidade para ser calmo, diz alguém. É possível encarar o próprio nervosismo, com ainda mais nervosismo? É possível contemplar com calma o nervosismo? A resposta é sim para ambas as perguntas, mas este é um outro assunto.
‒ Bem, mas eu estou nervoso. Que faço?
‒ Este site não faz consultas emocionais que cabem aos psicólogos. Mas, se aceita um conselho, comece por admirar quem é calmo. Pois, dizia Dr. Plinio, que o que admiramos entra dentro de nós.
‒ Outra pergunta: neste site se fala muito sobre a desigualdade, mas isto nada tem a ver com a calma. Ou tem a ver?
‒ “Olhando-se para as estrelas do céu, percebe-se a ordem que existe entre elas, a distância adequada que as separa e com isso o equilíbrio que elas têm entre si pelo qual elas gravitam, e toda ordenação que se estabelece entre os corpos celestes”. Percebe-se a ordem e a calma.
Transpondo esse exemplo para as almas, imagina-se que se todas as almas correspondessem à graça, elas teriam uma posição umas em relação à outras que estabeleceria uma gravitação adequada de todas entre si. A desigualdade é essa gravitação.

[1] 25-9-83.

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