Devido
a grande demanda a cerca da questão dos Santos e suas imagens, o blog
pretende abordar, embora de modo conciso, uma outra face da acusação de
idolatria feita à Igreja Católica, ainda não abordada em outros textos
do site. Grande parte desta controvérsia parece resultar de um problema
básico: a não distinção entro o catolicismo real e a caricatura do
catolicismo difundida nos círculos não católicos.
Assim, introduzo o tema com as seguintes informações:
1- A Igreja NÃO proíbe a veneração dos
Santos, nem tampouco condena o uso de estátuas, imagens sacras,
mosaicos, vitrais, etc. É importante que se esclareça, entretanto, que
no Catolicismo os ícones litúrgicos são apenas memoriais ao original que
eles representam, bem como, elementos ou instrumentos de evangelização,
uma vez que inspiram a piedade e podem incitar a imitação do bom
exemplo dos servos de Deus.
2- A Igreja Católica ensina a Doutrina da
Comunhão dos Santos. A comunhão dos Santos é a doutrina que define que o
Corpo de Cristo é UM único e indivisível Corpo. Este Corpo Místico está
ligado à Cabeça, que é Cristo, Quem, por sua vez, Vive e Reina no Céu.
Cristo é a Vida, a Ressurreição, sendo assim não tem ligados à
Si nenhum membro morto, e sim membros viventes, mesmo que vivos em
Espírito.
180- Quais são os principais pecados contra a religião?
Os principais pecados contra a religião são a adoração de falsos deuses ou ídolos e a doação a qualquer criatura que seja a honra que pertence a Deus somente.
187 - Rezamos às relíquias ou imagens?
Nós não oramos à relíquias e imagens. Estas não podem ver, ouvir, nem nos ajudar. (Catecismo da Doutrina Cristã, Papa São Pio X)
Antes de prosseguir, proponho uma breve
explicação aceita por muitos teólogos, alguns inclusive, protestantes,
sobre o termo morte. A expressão “morte” e suas derivadas,
principalmente no Novo Testamento, é frequentemente usada no sentido não
literal, ou seja, conota o significado de morte espiritual e tem
cunho escatológico.
Assim, quando Jesus falava da morte somática ( ou morte física),
referia-Se a ela de modo analógico como sono, adormecer, descanso, etc…
Aqui é relevante lembrar que Jesus sempre pregava seus ensinamentos sob a
perspectiva escatológica, de modo que seu foco estava nos eventos do
mundo vindouro, do Reino de Deus, das coisas do Céu e nunca das
preocupações mundanas ou da carne. Contudo, isso não implica que Ele não
fizesse uso da linguagem comum entre aqueles à quem falava, para
transmitir seus ensinamentos e doutrinas. Não pretendo me estender muito
no tema da linguagem escatológica da Bíblia, mas uma ilustração
clássica deste aspecto é o diálogo entre Jesus e seus apóstolos sobre a
morte somática ou a morte física de Lázaro. Lázaro, enquanto um judeu
que confessava fé em Jesus Cristo era, efetivamente, um cristão. Jesus,
em sua divina sabedoria, sabia claramente que Lázaro fora salvo pela
graça de sua própria fé. Por isso não Se referiu à morte somática de
Lázaro pelo termo morte – que como dito, na linguagem escatológica
significa a condenação perpétua, ou a morte espiritual – ao invés
disso, Jesus disse apenas que Lázaro ‘dormia’. Alguns podem se
perguntar, por que Jesus disse que Lázaro dormia quando, de fato, estava
morto? Parece razoável concluir que Jesus referiu-se à morte de Lázaro
como sono porque pretendia fazer uma clara distinção entre a “morte do
corpo” e a “morte da alma” ( por “morte da alma” entenda-se aqui a
condenação eterna ou não salvação, pois a Bíblia ensina que a alma é
eterna). No mesmo capítulo Jesus esclarece isso à Marta, irmã de Lázaro.
*A Escatologia é a parte da teologia que se dedica ao estudo dos quatro derradeiros eventos: morte, julgamento, Céu e Inferno.
O que ensina o Catolicismo de Fato
Se nada pode nos separar do amor de Deus
(Romanos 8, 38-39), os servos de Deus, aqueles creem em Jesus como
Salvador, enquanto membros do Corpo de Cristo, estão e unidos à Cabeça e
continuam unidos à ela também após sua morte somática (do corpo). É
nesse sentido que devemos interpretar Romanos 8, 38-39. Ou seja, nem a
morte somática nos separa de Jesus, pois se em vida vivemos Nele,
quando partimos do mundo da carne, continuamos vivos nEle também em
Espírito. Nisto acreditavam os Cristãos primitivos e, por conseguinte,
nisto acredita a Igreja Católica.
A – Comunhão dos Santos
Etimologicamente a palavra comunhão, que
vem do Latim, define-se como: Com + União – Portanto, a Doutrina da
Comunhão dos Santos nada mais é que afirmação de que o Corpo de Cristo, a
Igreja, está unido entre si à Cristo. Sendo assim, o fiel membro do
Corpo não deixa de ser parte dele depois da morte. Isso equivale dizer
que tudo que se aplica aos seguidores de Cristo na terra também é valido
aos que vivem no Céu. Assim, se em vida oramos uns pelos outros,
amamos uns aos outros, etc, do mesmo modo fazem os Santos no céu.
Contudo não oram por si mesmos, porque já alcançaram a vida eterna.
Oram, portanto, pela Igreja na Terra que peregrina à
Jerusalém celestial, como os israelitas no deserto peregrinaram rumo à
terra prometida.
Explicada a Comunhão dos Santos,
compreendemos porque os Cristão primitivos reverenciaram a memória
daqueles que os antecederam na fé e deram testemunho exemplar na
Imitação de Cristo.
Como dito acima, a Bíblia instrui-nos a
amarmos uns aos outros ( Cf. João 13,34), a orarmos uns pelos outros (
Cf. Tiago 5,16), e ainda pede-nos que façamos o bem a todos,
especialmente aos da família da fé ( Cf. Gálatas 6,10). É neste espírito
que a Igreja entende que a oração dos Santos – na terra e no céu –
podem e devem ser dirigidas aos Céus em benefícios de outros.
Entretanto, para os Católicos, os santos falecidos (mas vivos em
Espírito), em nada diferem dos fiéis na terra, exceto pelo fato que
aqueles no céu já não mais pecam e vivem na Glória de Deus. Se vivem na
Glória suas orações são privilegiadas, pois estão justificados aos olhos
de Deus. Ademais, a bíblia nos ensina que as orações dos justos
(santos) tem grande eficácia (Tiago 5, 16 ), deste modo é natural que a
Comunhão dos Santos pressuponha a intercessão dos membros do Corpo de
Cristo também no Céu. Se sem a Santidade ninguém verá a Deus (Cf Hebreus
12, 14), as orações dos santos são, deveras, privilegiadas. Por este
motivo os fiéis na terram voltam-se aos Santos no Céu por sua
intercessão.
Obviamente, é importante esclarecer que a
Comunhão do Santos tampouco o que ensina a Igreja, contradiz a bíblia
no que diz respeito à Mediação de Cristo. A mediação da nossa salvação
cabe apenas ao único Mediador, que é Cristo, as preces dos Santos,
contudo, são como taças cheias de incenso apresentadas diante do trono
de Deus (Apocalipse 5,8), e enquanto membros do Corpo – que é
indivisível – eles são intercessores junto à Cristo e mediando através
dEle.
184 – É proibido dar honra divina ou adoração aos anjos e santos?Sim, é proibido dar honra divina ou adoração aos anjos e santos, pois isso pertence à Deus somente. (Catecismo da Doutrina Cristã – São Pio X)
B- As Imagens dos Santos
Os Santos da Igreja, como vimos, são
aqueles que viveram em consonância com o Evangelho de Cristo e as Leis
de Deus, confessando fé em Jesus como Salvador. A Igreja os reverencia
por seu testemunho de fé e cultiva a perpetuação de suas memórias de
vários modos, pela biografia dos Santos, folhetos de orações, e claro,
pelas imagens ou ícones.
Quando um Católico reza – por vezes até
mesmo ajoelhado – diante de uma imagem ou ícone sacro, sabe que diante
de si encontra-se não um objeto com poderes divinos, forças
supernaturais, etc., mas a mera representação de um servo (a) de Deus
que, apesar de falecido, vive em Espírito junto do Senhor. Os santos são
criaturas e jamais poderiam ser reverenciados da mesma forma que o
Criador. Somente à Deus oferecemos orações de adoração. Assim, a oração
que dirigimos ao santo é tem duas características
importantes: (i) é puramente petitória e
suplica pela intercessão do santo a quem se reza e (ii) nunca é feita
ao objeto que o representa.
C- Exageros e Abusos
Mais adiante, não é incomum que a piedade
católica permita demonstrações mais fervorosas de devoção aos santos,
havendo aqueles que, devido à sua fé e devoção - a exemplo do que já
faziam os primeiros cristãos ( Cf Atos 5,15, – Atos 18, 21 e 19, 12) –
desejam tocar nas imagens e objetos dos santos, beijá-los, senti-los,
como se tivessem diante de si o verdadeiro santo, e não apenas sua
imagem.
A dúvida frequente do não-católico, ou do
ex-católico desinformado, é que a expressão externa da devoção ao
Santo, pode, dependendo da forma como é feita, caracterizar o pecado da
Idolatria, ou no mínimo representar um abuso ou exagero. A isso deve-se
explicar que, no catolicismo o ato de rezar aos santos, com ou sem a
demonstração de uma postura corporal idêntica àquela que se adota no
culto de adoração à Deus, não implica dizer que o fiel esteja direta ou
indiretamente prestando adoração ao santo ou à sua imagem, uma vez que
ele sabe e aceita e conhece dois fatos:
1- Que o santo não é um deus, e que seu
poder é unicamente intercessório – um poder aliás conferido a todo
cristão piedoso – e reconhece ainda que a graça vem de Deus e não do
Santo.
2- A imagem do santo é uma representação do santo. Trata-se de um objeto sem poder como outro qualquer.
Entretanto, não é comum que se agradeça
tanto ao santo quanto à Deus, por uma graça alcançada. A Deus, agradece
pela graça em si, ao santo, pela eficácia de sua intercessão.
O que diz a Igreja sobre as Imagens
AS SANTAS IMAGENS
1159. A imagem sagrada, o «ícone» litúrgico, representa principalmente Cristo. Não
pode representar o Deus invisível e incompreensível: foi a Encarnação
do Filho de Deus que inaugurou uma nova «economia» das imagens:
«Outrora Deus, que não tem nem corpo nem
figura, não podia de modo algum, ser representado por uma imagem. Mas
agora, que Ele se fez ver na carne e viveu no meio dos homens, eu posso
fazer uma imagem daquilo que vi de Deus [...] Contemplamos a glória do
Senhor com o rosto descoberto» (Cf CIC – São João Damasceno, De sacris imaginibus oratio 1, 16: PTS 17, 89 e 92 (PG 94, 1245 e 1248).).
1160. A iconografia cristã
transpõe para a imagem a mensagem evangélica que a Sagrada Escritura
transmite pela palavra. Imagem e palavra esclarecem-se mutuamente:
«Para dizer brevemente a nossa profissão
de fé, nós conservamos todas as tradições da Igreja, escritas ou não,
que nos foram transmitidas intactas. Uma delas é a representação
pictórica das imagens, que está de acordo com a pregação da história
evangélica, acreditando que, de verdade e não só de modo aparente, o
Deus Verbo Se fez homem, o que é tão útil como proveitoso, pois as
coisas que mutuamente se esclarecem têm indubitavelmente uma
significação recíproca» (Cf. CIC II Concílio de Niceia (em 787) Terminus: COD p. 135.).
1161. Todos os sinais da
celebração litúrgica fazem referência a Cristo: também as imagens
sagradas da Mãe de Deus e dos santos. De facto, elas significam Cristo
que nelas é glorificado; manifestam «a nuvem de testemunhas» (Heb 12, 1) que
continuam a participar na salvação do mundo e às quais estamos unidos,
sobretudo na celebração sacramental. Através dos seus ícones, é o homem
«à imagem de Deus», finalmente transfigurado «à sua semelhança» (Cf. Rm 8, 29; 1 Jo 3, 2.), que se revela à nossa fé – como ainda os anjos, também eles recapitulados em Cristo:
«Seguindo a doutrina divinamente
inspirada dos nossos santos Padres e a tradição da Igreja Católica, que
nós sabemos ser a tradição do Espírito Santo que nela habita, definimos
com toda a certeza e cuidado que as veneráveis e santas imagens, bem
como as representações da Cruz preciosa e vivificante, pintadas,
representadas em mosaico ou de qualquer outra matéria apropriada, devem
ser colocadas nas santas igrejas de Deus, sobre as alfaias e vestes
sagradas, nos muros e em quadros, nas casas e nos caminhos: e tanto a
imagem de nosso Senhor, Deus e Salvador, Jesus Cristo, como a de nossa
Senhora, a puríssima e santa Mãe de Deus, a dos santos anjos e de todos
os santos e justos» (II Concílio de Niceia, Definitio de sacris imaginibus: DS 600.).
1162. «A beleza e a cor das
imagens estimulam a minha oração. É uma festa para os meus olhos, e, tal
como o espectáculo do campo, impele o meu coração a dar glória a Deus»
(São João Damasceno, De sacris imaginibus oratio 1, 47: PTS 17.
151 (PG 94, 1268). A contemplação dos sagrados ícones, unida à meditação
da Palavra de Deus e ao canto dos hinos litúrgicos, entra na harmonia
dos sinais da celebração, para que o mistério celebrado se imprima na
memória do coração e se exprima depois na vida nova dos fiéis.
O Mal entendido
O problema da acusação de idolatria dos
protestantes aos católicos está no fato que não possuem um verdadeiro
entendimento da Comunhão dos Santos. Com isso, presumem que o culto aos
santos seja o mesmo do culto a Deus. Infelizmente, conclui-se a partir
da aparência sem o entendimento da essência.
Entretanto, explicado isso, há ainda
muitos protestantes que direcionam sua crítica não à verdadeira doutrina
católica da Comunhão dos Santos ou do uso da Iconografia litúrgica, mas
à caricatura do catolicismo propagada nos meios não-católicos, àquilo que aparentemente parece contradizer os fundamentos do cristianismo. A isso deve-se responder que toda crítica ao catolicismo, alías ao que quer que seja, deve ser voltada ao catolicismo de fato ou à coisa de fato, e não ao que cada um entende ser catolicismo. Em outras palavras, se quero avaliar verdadeiramente o que pensa e ensina Platão, devo ler o que Platão escreveu e não o que Freu escreveu sobre Platão. Infelizmente, não é isso o que acontece quando se trata da crítica neo-protestante ao catolicismo.
à caricatura do catolicismo propagada nos meios não-católicos, àquilo que aparentemente parece contradizer os fundamentos do cristianismo. A isso deve-se responder que toda crítica ao catolicismo, alías ao que quer que seja, deve ser voltada ao catolicismo de fato ou à coisa de fato, e não ao que cada um entende ser catolicismo. Em outras palavras, se quero avaliar verdadeiramente o que pensa e ensina Platão, devo ler o que Platão escreveu e não o que Freu escreveu sobre Platão. Infelizmente, não é isso o que acontece quando se trata da crítica neo-protestante ao catolicismo.
Fatos Importantes
A Igreja Católica ensina categoricamente que há apenas um único Deus, e que o culto de adoração presta-se somente à Ele.
«Não haverá jamais outro Deus, ó Trifão,
e nunca houve outro, desde os séculos [...], senão Aquele que fez e
ordenou o Universo. Não pensamos que o nosso Deus seja diferente do
vosso. É o mesmo que fez sair os vossos pais do Egipto, pela sua mão
poderosa e braço levantado. Nós não pomos as nossas esperanças em qualquer outro, que não há, mas no mesmo que vós, o Deus de Abraão, Isaac e Jacob» (Cf. CIC – Diálgo de Justino Mártir com o Judeu Trifão).
A Igreja Católica não proíbe a
iconografia Sacra pois faz uma distinção importante entre o culto a Deus
– Latria – e o culto aos Santos – dulia e hiperdulia. Assim, aquele
que julga a piedade católica meramente com base naquilo que seus olhos
vêem, provavelmente fará um julgamento errôneo da adoração católica.
Para finalizar, apresento abaixo parte
dos escritos da Igreja à cerca do tema da Adoração, Idolatria, das
Imagens e outros pontos relevantes ao entendimento do tema.
Sobre a Adoração
III. «Não terás outros deuses perante Mim»
2110. O primeiro mandamento proíbe
honrar outros deuses, além do único Senhor que Se revelou ao seu povo: e
proíbe a superstição e a irreligião. A superstição representa, de certo
modo, um excesso perverso de religião; a irreligião é um vício oposto
por defeito à virtude da religião.
A SUPERSTIÇÃO
2111. A superstição é um desvio do
sentimento religioso e das práticas que ele impõe. Também pode afectar o
culto que prestamos ao verdadeiro Deus: por exemplo, quando atribuímos
uma importância de algum modo mágica a certas práticas, aliás legítimas
ou necessárias. Atribuir só à materialidade das orações ou aos sinais
sacramentais a respectiva eficácia, independentemente das disposições
interiores que exigem, é cair na superstição (39).
A IDOLATRIA2112. O primeiro mandamento condena o politeísmo. Exige do homem que não acredite em outros deuses além de Deus, que não venere outras divindades além da única. A Sagrada Escritura está constantemente a lembrar esta rejeição dos «ídolos, ouro e prata, obra das mãos do homem, que «têm boca e não falam, têm olhos e não vêem…». Estes ídolos vãos tornam vão o homem: «sejam como eles os que os fazem e quantos põem neles a sua confiança» (Sl 115, 4-5.8) (40). Deus, pelo contrário, é o «Deus vivo» (Js 3, 10) (41), que faz viver e intervém na história.2113. A idolatria não diz respeito apenas aos falsos cultos do paganismo. Continua a ser uma tentação constante para a fé. Ela consiste em divinizar o que não é Deus. Há idolatria desde o momento em que o homem honra e reverencia uma criatura em lugar de Deus, quer se trate de deuses ou de demónios (por exemplo, o satanismo), do poder, do prazer, da raça, dos antepassados, do Estado, do dinheiro, etc., «Vós não podereis servir a Deus e ao dinheiro», diz Jesus (Mt 6, 24). Muitos mártires foram mortos por não adorarem «a Besta» (42), recusando-se mesmo a simularem-lhe o culto. A idolatria recusa o senhorio único de Deus; é, pois, incompatível com a comunhão divina (43).2114. A vida humana unifica-se na adoração do Único. O mandamento de adorar o único Senhor simplifica o homem e salva-o duma dispersão ilimitada. A idolatria é uma perversão do sentido religioso inato no homem. Idólatra é aquele que «refere a sua indestrutível noção de Deus seja ao que for, que não a Deus» (44).
ADIVINHAÇÃO E MAGIA
2115. Deus pode revelar o futuro
aos seus profetas ou a outros santos. Mas a atitude certa do cristão
consiste em pôr-se com confiança nas mãos da Providência, em tudo quanto
se refere ao futuro, e em pôr de parte toda a curiosidade malsã a tal
propósito. A imprevidência, no entanto, pode constituir uma falta de
responsabilidade.
2116. Todas as formas de adivinhação devem
ser rejeitadas: recurso a Satanás ou aos demónios, evocação dos mortos
ou outras práticas supostamente «reveladoras» do futuro (45). A consulta
dos horóscopos, a astrologia, a quiromancia, a interpretação de
presságios e de sortes, os fenómenos de vidência, o recurso aos
“médiuns”, tudo isso encerra uma vontade de dominar o tempo, a história
e, finalmente, os homens, ao mesmo tempo que é um desejo de conluio com
os poderes ocultos. Todas essas práticas estão em contradição com a
honra e o respeito, penetrados de temor amoroso, que devemos a Deus e só
a Ele.
2117. Todas as práticas de magia ou de feitiçaria, pelas
quais se pretende domesticar os poderes ocultos para os pôr ao seu
serviço e obter um poder sobrenatural sobre o próximo – ainda que seja
para lhe obter a saúde – são gravemente contrárias à virtude de
religião. Tais práticas são ainda mais condenáveis quando acompanhadas
da intenção de fazer mal a outrem ou quando recorrem à intervenção dos
demónios. O uso de amuletos também é repreensível. O espiritismo implica
muitas vezes práticas divinatórias ou mágicas; por isso, a Igreja
adverte os fiéis para que se acautelem dele. O recurso às medicinas
ditas tradicionais não legitima nem a invocação dos poderes malignos,
nem a exploração da credulidade alheia.
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