Do livro "Reflexões de um Católico" de Edson Luiz Sampel
*Edson Luiz Sampel
SÃO PAULO, sexta-feira, 28 de setembro de 2012 (ZENIT.org)
- Um importante antístite disse certa vez que os coroinhas são “fonte
de vocação”. Realmente, concordo com o conspícuo prelado em gênero, grau
e número. Todavia, o ministério do acolitato (coroinhas) precisa
receber maiores e melhores cuidados.
Há uns vinte anos, eram apenas os coroinhas que ajudavam o padre no
altar. Não havia os “coroas”, ou seja, os ministros extraordinários da
comunhão. Permitem-me o emprego jocoso e carinhoso da expressão
“coroas”, que, na gíria, quer dizer “pessoa mais velha”; faço-o não por
desdém dessa gente impoluta e laboriosa que se entrega ao apostolado, a
quem rendo homenagens, mas somente para enfatizar uma antítese semântica
e litúrgica, que restará esclarecida neste artigo. Não tenciono macular
suscetibilidades. Desde já, peço desculpas pelo chiste.
Bem, voltando ao tema principal. Hoje em dia, os coroinhas são
pouquíssimos. É raro encontrá-los em nossas celebrações. Quando os
vemos, ocupam o mesmo espaço que os “coroas”. Todos no presbitério:
“coroas” e coroinhas. Aqui vem a minha sugestão. Por que não deixar só
os coroinhas ao redor do presidente da celebração, sentados ao seu lado,
auxiliando-o no altar? Os ministros extraordinários da comunhão, isto
é, os coroas, permanecem na assembleia, no lugar social deles. Penso que
esta disposição é bastante didática e litúrgica, porquanto na hora de
ajudar a distribuir as hóstias consagradas – e somente nesta hora –, os
ministros extraordinários, ao saírem dos bancos, frisarão sobremaneira
sua vocação de leigos, que vão ao encontro das necessidades da
comunidade e, assim, exercem autenticamente o ministério extraordinário.
Vejam, a própria palavra o explica: “extraordinário”, ou seja, fora da
ordem, incomum. Demais, no meu modo de ver, os ministros extraordinários
da comunhão não deveriam portar nenhuma vestimenta que os diferencie do
resto do povo, como jalecos, por exemplo. Usem roupa normal, com
asseio, para que ninguém pense que os “coroas” sejam algum tipo de fiel
especial. Os coroinhas, por seu turno, encarregam-se de todas as funções
no altar, como era antigamente. Acolitam o celebrante em tudo que for
necessário e litúrgico. Somente eles ficam no presbitério.
Creio que a experiência de ser coroinha é maravilhosa. Quantos padres
não passaram pelo altar quando eram meninos. Mas, para que essa
experiência seja realmente frutífera, suscitando vocações sacerdotais, é
mister devolver o acolitato eucarístico-litúrgico aos coroinhas,
outorgando-lhes a responsabilidade plena e exclusiva do manuseio de
todos os instrumentos e funções coadjuvantes da mesa eucarística.
*Edson Luiz Sampel é Doutor em Direito Canônico pela Pontifícia
Universidade Lateranense, do Vaticano; Professor do Instituto Teológico
Pio XI (Unisal) e da Escola Dominicana de Teologia (EDT); Membro da
Sociedade Brasileira de Canonistas (SBC).
Nenhum comentário:
Postar um comentário