Reflexões de Dom Alberto Taveira Corrêa
Por Dom Alberto Taveira Corrêa
BELéM DO PARá, 05 de Abril de 2013 (Zenit.org)
- No início do Livro do Apocalipse, João, o vidente, faz a experiência
da presença do Senhor Jesus: "No meio dos candelabros havia alguém
semelhante a um filho de homem, vestido com uma túnica comprida e com
uma faixa de ouro em volta do peito. Sua cabeça e seus cabelos eram
brancos como lã alvejada, igual à neve, e seus olhos eram como chama de
fogo.
Seus pés pareciam de bronze incandescente no crisol, e sua voz era como o fragor de águas torrenciais. Na mão direita, tinha sete estrelas, de sua boca saía uma espada afiada, de dois gumes, e seu rosto era como o sol no seu brilho mais forte. Ao vê-lo, caí como morto a seus pés, mas ele pôs sobre mim sua mão direita e disse: Não tenhas medo. Eu sou o Primeiro e o Último, aquele que vive. Estive morto, mas agora estou vivo para todo o sempre. Eu tenho a chave da Morte e da Morada dos mortos" (Ap 1,13-18). Uma cena celeste, que confirma uma outra, terrena, mas igualmente verdadeira, vivida pelos discípulos de Jesus no dia da Ressurreição: "Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, os discípulos estavam reunidos, com as portas fechadas por medo dos judeus. Jesus entrou e pôs-se no meio deles. Disse: A paz esteja convosco. Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos, então, se alegraram por verem o Senhor" (Jo 20,19-21).
Seus pés pareciam de bronze incandescente no crisol, e sua voz era como o fragor de águas torrenciais. Na mão direita, tinha sete estrelas, de sua boca saía uma espada afiada, de dois gumes, e seu rosto era como o sol no seu brilho mais forte. Ao vê-lo, caí como morto a seus pés, mas ele pôs sobre mim sua mão direita e disse: Não tenhas medo. Eu sou o Primeiro e o Último, aquele que vive. Estive morto, mas agora estou vivo para todo o sempre. Eu tenho a chave da Morte e da Morada dos mortos" (Ap 1,13-18). Uma cena celeste, que confirma uma outra, terrena, mas igualmente verdadeira, vivida pelos discípulos de Jesus no dia da Ressurreição: "Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, os discípulos estavam reunidos, com as portas fechadas por medo dos judeus. Jesus entrou e pôs-se no meio deles. Disse: A paz esteja convosco. Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos, então, se alegraram por verem o Senhor" (Jo 20,19-21).
No
centro está Jesus vivo e as duas cenas têm lugar no primeiro dia da
semana, que chamamos "domingo". Este é o espaço de vida da comunidade
cristã, que se reúne, na fé, para o encontro com aquele que é o Senhor e
Salvador, o primeiro e o último, o único que pode dar sentido à
existência humana e apontar-nos a estrada da eternidade feliz. Por isso a
Igreja privilegia o dia de Domingo, valorizado desde os tempos
apostólicos: "Não abandonemos as nossas assembleias, como alguns
costumam fazer. Antes, procuremos animar-nos mutuamente – tanto mais que
vedes o dia aproximar-se" (Hb 10,25).
Quando a Igreja se reúne para a Eucaristia de Domingo, tem como
preparação o anúncio de Jesus Cristo, chamado Kerigma, "o encontro com
Cristo que dá origem à iniciação cristã. Este encontro deve se renovar
constantemente pelo testemunho pessoal, pelo anúncio do Kerigma e pela
ação missionária da comunidade. O Kerigma não é somente uma etapa, mas o
fio condutor de um processo que culmina na maturidade do discípulo de
Jesus Cristo. Sem o Kerigma, os demais aspectos deste processo estão
condenados à esterilidade, sem corações verdadeiramente convertidos ao
Senhor. Só a partir do Kerigma acontece a possibilidade de uma iniciação
cristã verdadeira" (Documento de Aparecida 278). Evangelização e
catequese resumem a formação do discípulo missionário de Cristo. Depois,
tendo celebrado o mistério e a presença de Cristo, aquele que é o
primeiro e o último, o princípio e o fim, alfa e ômega, faz-se
necessário praticar o que se crê e o que se celebra.Toda a vida cristã é então marcada com o sigilo da proclamação do
senhorio de Jesus Cristo. A leitura dos Atos dos Apóstolos, oferecida
pela Igreja e buscada por todos nós, cristãos, durante o tempo pascal,
testemunha o crescimento dos que aderiam "ao Senhor" pela fé, uma grande
multidão de homens e mulheres (Cf. At 5,14). Será então possível
perceber as características dos cristãos de ontem e hoje.Sua vida se fundamenta no reconhecimento de Jesus Cristo como Deus e
Salvador. Não existe fora dele qualquer esperança ou sentido de vida.
Sua Palavra de vida é reconhecida como fonte para todas as decisões,
torna-se norma de comportamento, gera uma nova cultura, estabelece
limites morais e, ao mesmo tempo, escancara as portas da liberdade e da
felicidade. Garimpando os textos das Cartas de São Paulo, é possível
encontrar pérolas como a que se segue: "Tendo vós todos rompido com a
mentira, que cada um diga a verdade ao seu próximo, pois somos membros
uns dos outros. Podeis irar-vos, contanto que não pequeis. Não se ponha o
sol sobre vossa ira, e não deis nenhuma chance ao diabo. O que roubava
não roube mais; pelo contrário, que se afadigue num trabalho manual
honesto, de maneira que sempre tenha alguma coisa para dar aos
necessitados. De vossa boca não saia nenhuma palavra maliciosa, mas
somente palavras boas, capazes de edificar e de fazer bem aos ouvintes.
Não entristeçais o Espírito Santo de Deus, com o qual fostes marcados,
como por um sinal, para o dia da redenção. Desapareça do meio de vós
todo amargor e exaltação, toda ira e gritaria, ultrajes e toda espécie
de maldade. Pelo contrário, sede bondosos e compassivos, uns para com os
outros, perdoando-vos mutuamente, como Deus vos perdoou em Cristo" (Ef
4,25-32).Para anunciar Jesus Cristo aos outros, à luz da Páscoa de Cristo, o
primeiro anúncio e a primeira mudança ocorrem dentro de cada cristão ou
cristã. Depois, tornamo-nos propagadores da mesma verdade que liberta,
tendo ouvido a palavra de missão dita aos primeiros discípulos e
continua a ressoar nas sucessivas gerações: "A paz esteja convosco. Como
Pai me enviou, também eu vos envio" (Jo 20,21).Mudará então o trato com os bens da terra, com o desafio da comunhão
dos bens (Cf. At 2,42-47), o trato com o dinheiro e as relações
familiares e sociais: "Perseverai no amor fraterno. Não descuideis da
hospitalidade; pois, graças a ela, alguns hospedaram anjos, sem o
perceber. Lembrai-vos dos presos, como se estivésseis presos com eles, e
dos que são maltratados, pois também vós tendes um corpo! O matrimônio
seja honrado por todos, e o leito conjugal, sem mancha; pois Deus
julgará os libertinos e os adúlteros. Que vossa conduta não seja
inspirada pelo amor ao dinheiro. Contentai-vos com o que tendes, porque
ele próprio disse: Eu nunca te deixarei, jamais te abandonarei" (Hb
13,1-5).
Desafiador? Possível! Com a graça de Deus, sim! Com aquele que é Senhor, primeiro e último, princípio e fim!
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