segunda-feira, 8 de abril de 2013

O Colapso do Protestantismo no Brasil

vocacionadosdedeus


 
Por mais que as estatísticas digam o contrário, estamos vendo um retorno paulatino do povo brasileiro às suas tradições católicas e um desmoronamento das Igrejas protestantes. O protestantismo clássico está entrando em colapso devido a duas ondas teológicas oriundas no universo protestante: a primeira onda é a chamada teologia da prosperidade e a segunda onda é a teologia da promessa por curas, milagres e prodígios. 
A teologia da prosperidade é a mais alta heresia do cristianismo na contemporaneidade. Trata-se da ideia de exigir e esperar de Deus prosperidade material em troca da fidelidade às doações feitas às diversas Igrejas. Disse Jesus: “Quem procura conservar a sua vida vai perdê-la. E quem perde a sua vida por causa de mim vai encontrá-la” (Mt 10, 37.39). Perder a própria vida significa eliminar as tendências desordenadas que inclinam o homem ao pecado: o egoísmo, a avareza, o consumismo o desejo de ter sempre mais etc.É importante nos lembrarmos da segunda tentação de Cristo no deserto: a tentação da riqueza e do poder. Afirmou satanás a Jesus: “tudo isso me pertence e dou a quem quiser: dar-te-ei caso te ajoelhares e me adorares (Lc 4, 1-13)” Cristo responde: “Vai-te Satanás! Pois está escrito adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás!”. Nenhum reino, nenhuma riqueza pode salvar o homem. A teologia da prosperidade ao invés de educar o povo à fraternidade mostra que a aspiração da riqueza é uma bênção e que devemos exigir e esperar de Deus riqueza, poder e prosperidade. Como posso exigir algo que Deus explicitamente condena? O ideal cristão não é o acúmulo de riqueza, mas a partilha fraterna de todos os bens: “A multidão dos fiéis era um só coração e uma só alma. Ninguém dizia que eram suas as coisas que possuía, mas tudo entre eles era comum” (At 4,32).A decepção é tremenda quando se detecta que só há prosperidade para os líderes das Igrejas, a teologia da prosperidade se torna auto prosperidade e a corrupção moral se esconde por detrás do anúncio inocente da Palavra das Escrituras. Para justificar a teologia da prosperidade se manipula os textos Sagrados e o anúncio de versículos que enfatizam os dízimos são os mais utilizados nos cultos. Num frenesi absurdo se estimula as massas a entregar todos os seus bens por amor a Deus. E maliciosamente aquilo que foi dado a Deus é roubado para o patrimônio pessoal dos que governam as Igrejas. Muitos que buscavam a riqueza nos cultos tornaram-se mais pobres ainda e com um sentimento de desilusão e logro.As vítimas dessa primeira onda descobrem que apesar de suas falhas a Igreja católica educa para a vida eterna e que a essência do cristianismo é a comunhão, a fraternidade, a solidariedade e a partilha tão bem trabalhados pela ortopráxis do catolicismo.Percebendo que a teologia da prosperidade não mais seduz, surge uma segunda onda: a teologia da promessa de curas, milagres e prodígios. É muito interessante que o Estado brasileiro não consegue responder a demanda da população por saúde e bem-estar. Os hospitais, os centros de saúde estão lotados. A população não é bem atendida, não há como suprir todas as demandas, uma saúde cara, um tratamento desumano e, uma população cada dia mais enferma.Diante do drama da população vem à promessa de curas, milagres e prodígios. As Igrejas midiáticas oferecem abertamente este produto à população enormemente carente. Nos cultos são suspensos cadeiras de rodas e muletas diante das câmeras e filas de testemunhos diante do microfone anunciam milagres que não são confirmados por laudos médicos confiáveis.Nos Evangelhos Jesus não faz curas com o objetivo de fazer espetáculos, mas realiza curas e milagres com o objetivo pedagógico. Sempre faz um milagre para ensinar algo ao Povo. Jesus é a “Palavra que se fez carne (Jo 1,1s)”, o objetivo da Palavra é ensinar e não fazer um show pirotécnico.No Evangelho de São João Jesus só realiza sete milagres em três anos de seu ministério: 1) As bodas de Caná (água transformada em vinho [Jo 2, 1-11]). Nesse milagre Jesus mostra que veio transformar a humanidade; 2) A cura do filho de um oficial (Jo 4,46-53) a humildade e a fé são instrumentos indispensáveis para a vida cristã; 3) A cura de um paralítico (Jo 5,1-18) é preciso seguir a Jesus: único caminho para o Pai; 4) A multiplicação dos pães e peixes (Jo 6,1-15) Jesus é o alimento, o Pão da Vida que nutre a fome de infinito; 5) Jesus caminha sobre as águas (Jo 6,16-21) a prova de fé de Pedro; 6) A cura de um cego de nascença (Jo 9, 1-12) Jesus é a luz da Vida e, 7) Ressurreição de Lázaro (Jo 11,1-46) Jesus é a Ressurreição e a vida. Portanto, tornar uma Igreja uma fábrica de produzir milagres, sem nenhuma preocupação pedagógica, curas realizadas com um objetivo claro para chamar uma multidão de desesperados com o objetivo de arrecadação não é nada mais e nada menos que pirotecnia midiática, esta prática não condiz com a verdade do Evangelho.É importante salientar que a massa humana de desesperados que vai a busca de milagres e prodígios nas Igrejas midiáticas, mais uma vez se decepciona com a falácia, o engodo a farsa do show pirotécnico. O milagre que sempre se busca nunca chega, percebe-se que o milagre é dado a uma pequena fração de pessoas, que muitas vezes recebe uma côngrua pelo teatro, um universo de dramas humanos se converte num universo de decepção.A Igreja católica só reconhece um milagre oficialmente quando um comitê de médicos especialistas, depois de estudar profundamente o caso, chega à conclusão que não há explicação científica para o fenômeno. Deus só realiza milagres para educar o povo de Deus e um milagre é sempre algo que supera a capacidade humana, é um modo extraordinário de cura, isto é, fato excepcional que supera os meios convencionais.Muitas Igrejas sérias e líderes religiosos comprometidos com o Evangelho assistem no palco da vida esses tristes episódios. Ficam perplexos diante dessas duas ondas teológicas que eclodem no universo protestante e que fazem o protestantismo no Brasil entrar num profundo colapso. Caso o grande reformador Lutero vislumbrasse o quadro atual ele buscaria uma nova Reforma, não na Igreja Católica, mas nas diversas Igrejas .

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