Às vésperas da visita do papa Francisco ao Rio de Janeiro por ocasião
da Jornada Mundial da Juventude, que acontece entre 23 e 28 de julho, a
Secretaria de Segurança Pública do Estado decidiu modificar o
planejamento de pacificação na capital para incluir a comunidade do
Cerro-Corá, no Cosme Velho, zona sul, no programa.
Segundo reportagem
publicada neste sábado (27) no jornal "O Dia", o Cerro-Corá, aos pés do
Cristo Redentor, furará a fila e será a próxima favela a ser ocupada por
forças policiais, já na segunda-feira (29).
O conjunto de comunidades de Cerro-Corá, Guararapes e Vila Cândido,
localizado sobre o túnel Rebouças, é o último na zona sul a ainda não
contar com ocupação de forças de segurança. O Santo Amaro, no Catete,
também não tem UPP (Unidade de Polícia Pacificadora), mas está ocupado
pela Força Nacional de Segurança.
PÚBLICO
A organização da Jornada Mundial da Juventude espera receber público de 2,5 milhões a 4 milhões de pessoas. Só em Copacabana, durante as principais atividades, há expectativa de fluxo de 2 milhões de pessoas. Já em Guaratiba, onde ocorrerão a missa e a vigília da JMJ, pelo menos 1,5 milhão de pessoas devem passar pelo local
A ação deve contar com equipes do Bope (Batalhão de Operações
Especiais), do Batalhão de Choque, do BAC (Batalhão de Ações com Cães),
além de helicópteros da Polícia Militar e apoio da Polícia Civil. Após a
ocupação pelo Bope, a UPP deve ser instalada em maio.
Visita do papa
Segundo o coordenador de segurança da Jornada Mundial da Juventude no
âmbito da Sesge (Secretaria Extraordinária de Segurança de Grandes
Eventos), coronel Paulo Cruz, que acompanhou as vistorias feitas
pelo chefe do departamento de viagens internacionais do Vaticano, o
italiano Alberto Gasbarri, durante esta semana, há uma lista de
comunidades pacificadas --Complexo de Manguinhos (Manguinhos, Mandela e
Varginha), Jacarezinho, Mangueira e Tuiuti, todas na zona norte-- que podem receber o papa Francisco em evento paralelo aos atos centrais da Jornada Mundial da Juventude.
A escolha já teria sido feita pelos organizadores do evento, mas a
revelação só será feita no dia 7 de maio. "A escolha segue critérios
técnicos. Existe uma ordem preferencial. Só não dá para dizer que foi
100% porque ainda falta a posição do Vaticano", disse o coronel.
"Nós visitamos várias comunidades e priorizamos a nível de segurança.
Já temos essa pré-definição. O que eu posso falar nesse momento é que se
trata de uma comunidade pacificada. Para que ele possa fazer o seu
trabalho sem risco, levar a sua palavra para as pessoas. Entrar e sair
com segurança dessa comunidade", afirmou.
Cruz disse ainda que a logística de segurança para a visita do
pontífice a uma comunidade da capital fluminense envolve questões como a
mobilidade, o posicionamento de atiradores nas lajes das casas e a
análise de indicadores do ISP (Instituto de Segurança Pública). Também
foi levada em consideração a existência de projetos da Igreja Católica
no interior das comunidades.
EFETIVO
-
8.500 militares.
Segundo a Sesge, as Forças Armadas trabalham com um efetivo de 8.500 militares para a JMJ
-
4.500 policiais.
A Sesge também deve designar 4.500 policiais para garantir a segurança durante o evento
-
60 agentes.
O esquema de segurança pessoal do papa Francisco envolve pelo menos 60 agentes
-
15 a 25 agentes.
Desses, uma equipe de 15 a 25 será responsável pela segurança aproximada do pontífice
Gasbarri retornará ao Vaticano, neste sábado (27), com um relatório
contendo todas essas informações. "Ele ouviu muito a argumentação
técnica. O Gasbarri não é uma pessoa que age com a emoção e respeita a
opinião técnica. Ele olhava tudo, depois fazia questionamentos, mas não
preferiu essa ou aquela comunidade. (...) Durante cada visita, ele já
procurava visualizar como o papa se comportaria e falaria com as
pessoas", afirmou.
Cristo Redentor
Cruz confirmou ao UOL que há a possibilidade de o papa
ir ao Cristo Redentor, ponto turístico localizado próximo à comunidade
que será ocupada nesta semana. No entanto, antes que qualquer decisão
seja tomada, ainda é necessário concluir o trabalho de avaliação de
riscos em relação a principal cartão postal do Rio.
"Iniciamos uma avaliação de todos os pontos nos quais havia a
possibilidade [de presença do papa]. Boa parte desse trabalho ainda não
foi concluído. Há muitos critérios. Projeta-se uma crise em cima desses
indicadores e, dependendo do resultado, classifica-se como risco baixo,
médio ou alto", disse.
Palacete
São Joaquim, na esquina da rua da Glória com rua Benjamim Constant,
zona sul do Rio de Janeiro, que também pode hospedar o papa durante a
Jornada Mundial da Juventude. O local abrigou perseguidos políticos
durante a ditadura, escondidos por dom Eugênio Sales. Carolina Farias/UOL
"Não é simplesmente ir lá e dar uma olhada", completou o general Paulo Cruz.
UPPs
As duas últimas UPPs da cidade foram inauguradas no Caju e na Barreira do Vasco e Tuiuti,
localidades com cerca de 26 mil habitantes cortadas pela avenida Brasil
e pela Linha Vermelha, duas das principais vias expressas da cidade. Ao
todo, as duas novas UPPs abrangem 15 comunidades, 13 delas no Caju.
A próxima comunidade na fila seria o Complexo da Maré, na zona norte, que agora deve ficar para o segundo semestre deste ano.
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