Artigo científico sobre os aspectos psicológicos do pós-aborto, elaborado pela psicóloga Patrícia Bernardo
BRASíLIA, 10 de Abril de 2013 (Zenit.org)
- Após a nota de esclarecimento ao público do Dr. Ubatan Loureiro
Júnior sobre a Circular 46/2013 do Conselho Federal de Medicina (CFM)
que despenaliza o aborto até 12 semanas de gestação, a Comissão de
Bioética da Arquidiocese de Brasília encaminha outro artigo científico,
desta vez elaborado por uma psicóloga.
Trata-de de um
artigo científico sobre os aspectos psicológicos do pós-aborto,
elaborado pela psicóloga Patrícia Bernardo, que é Mestre em Psicologia
Comportamental pela UnB (Universidade de Brasília) e Membro da Comissão
de Bioética e Defesa da Vida da Arquidiocese de Brasília.
Publicamos a seguir:
***
Direito, liberdade e escolha são algumas palavras usadas por aqueles
que defendem a descriminalização do aborto. Nesse debate muito tem se
falado sobre a saúde física da mulher e que, hoje em dia, o aborto no
Brasil é uma questão de saúde pública. Entretanto, pouco tem se falado
sobre os aspectos psicológicos do pós-aborto e o impacto do mesmo sobre a
mulher.A mulher, muitas vezes, decide pelo aborto exposta a uma situação de
desespero, medo, falta de alternativa, pressão e falta de apoio durante a
descoberta da gravidez. Em um instinto de autopreservação a escolha por
retirar a criança de seu ventre parece uma alternativa que trará
alívio, solucionando todos os problemas a qual ela está passando. Porém,
após o aborto ter sido efetivado e a situação acalmado ela pode ficar
confusa.Nesse momento, muitos sentimentos emergem, tais como mágoas,
frustração, culpa, necessidade de reconciliar-se com a criança abortada,
vergonha, vontade de isolar-se, depressão, baixa autoestima, medo da
reação das pessoas diante do que ela fez, raiva, problemas para dormir,
incluindo pesadelos relacionados ao aborto, flashbacks ou “escuta” de
sons de um bebê chorando, dificuldades em estabelecer vínculos afetivos e
perda do interesse sexual.Esse impacto negativo do aborto sobre a mulher tem sido estudado nos
Estados Unidos, evidenciando que ele pode ser um estressor traumático
com resultados adversos. Dois estudos científicos mais conhecidos
(Fergusson et al., 2006, 2008) demonstraram que o aborto aumenta
significativamente os riscos de doenças mentais em jovens mulheres:27% das mulheres que cometeram aborto apresentam ideias suicidas, uma
taxa quatro vezes maior que as mulheres que nunca engravidaram e mais
de três vezes maior que as mulheres que deram à luz;Houve um aumento de
61% dos riscos de pensamentos suicidas associados ao aborto;Houve um
aumento de 31% do risco de forte depressão na faixa dos vinte e cinco
anos de idade.Outros estudos científicos com mulheres adultas mostram riscos semelhantes:Mulheres com histórico de aborto têm aproximadamente três vezes mais
chances de apresentar depressões significativas em comparação com as que
nunca abortaram (Pedersen, 2008);A taxa de suicídio é aproximadamente
seis vezes maior entre as mulheres que abortaram em comparação com as
que deram à luz (Gissler et al. 1996, 2005);O risco de suicídio é 154%
mais alto entre mulheres que abortaram em comparação com as que deram à
luz (Reardon et al. 2002);O aborto aumenta as chances de desenvolvimento
de transtorno bipolar em 167% e de forte depressão em 45% (Coleman et
al. 2009b).Diante desses resultados o que devemos fazer? Que caminhos devemos
seguir como profissionais de saúde dedicados ao estudo e bem estar
daqueles que atendemos? A ciência e seu desenvolvimento devem estar a
serviço e progresso da humanidade e toda prática deve avaliar e informar
as consequências a curto, médio e longo prazo. O ser humano deve ser
estudado em todas as suas dimensões: físicas, psicológicas e
espirituais. O aborto seguro, como muitos argumentam como solução para o
suposto problema de saúde pública enfrentado pelo Brasil, não garante
que a mulher estará psicologicamente bem e adaptada para enfrentar seu
dia-a-dia, correndo outros riscos que não estão sendo avaliados.
Portanto, o aborto, ao invés de um caminho que trará alívio pode se
tornar, do ponto de vista psicológico, fonte de futuros problemas
psíquicos.
Patrícia Bernardo
Psicóloga, Mestre em Psicologia Comportamental pela UnB e Membro da
Comissão de Bioética e Defesa da Vida da Arquidiocese de Brasília.
Nenhum comentário:
Postar um comentário