Santa Gemma Galgani em sua breve peregrinação por esta terra deixou-nos um
exemplo de sua intensa vida espiritual se oferecendo a Deus como
vítima de expiação pelos pecados dos homens.
No participar da paixão ela deseja ajudar
Jesus nas suas dores. Se cria assim um pacto de amor em modo tal que
Jesus a possa oferecer ao Pai como vítima de amor por todos os
pecadores.
Foi assim
favorecida por toda sorte de carismas, como os estigmas da Paixão, a
coroa de espinhos, a flagelação e o suor de sangue. Teve freqüentes
êxtases, espírito de profecia, discernimento dos espíritos e visões
de Nosso Senhor, de sua Mãe Santíssima, de São Gabriel e da Virgem
Dolorosa, e uma incrível familiaridade com o Anjo da Guarda.
Foi
constantemente atacada pelo demônio, que lhe aparecia em forma
humana ou de animais. Enfim, teve o matrimônio místico com Nosso
Senhor Jesus Cristo e morreu como vítima expiatória pelos pecados do
mundo.
“Toda a vida de
Gema foi em síntese uma vida de união com Deus, de sofrimento com
Jesus Cristo e de zelo ardente pela salvação das almas. No trabalho
e no estudo, à mesa e nas conversas, no passeio e até no sono, Deus
não se afasta um ponto de sua mente”.
A figura
mística de Santa Gemma Galgani continua a fascinar pela sua única
experiência espiritual que nos permitiu de conhecer a vontade de
Deus. Uma experiência que ainda hoje pode aquecer o coração e
iluminar a nossa mente.
De uma pureza
angelical e enorme devoção a Nossa Senhora, essa jovem participou,
de modo místico, de praticamente todos os atos da Paixão de Nosso
Senhor Jesus Cristo. É por assim dizer,
uma teóloga simples, imediata e rica de humanidade, sem o uso
daquelas grandes palavras tanto queridas aos Teólogos.
Dos escritos da mística se pode perceber uma linguagem simples,
pobre, que permite, apesar da extrema simplicidade, de compreender e
reviver a sua singular experiência com Jesus Cristo.
Pergunta Gemma.
-
Quem te matou, Jesus?
Jesus, responde
-
O amor.
(II 82).
O
amor a que se refere Gemma não é somente uma emoção, mas um Amor
doado por Cristo através da Sua palavra, e ela se deixa tanto levar
como discípula de colocar-se e sentir-se como ele.
Diversas vezes perguntei a Jesus que me ensine o verdadeiro modo de
amá-lo, e então Jesus parece que me faça ver as suas Santíssimas
chagas abertas. (I,15). Das suas "cartas" se entende todo o seu
imenso amor por Cristo, amor que raramente se pode encontrar na
mesma intensidade em outros Santos.
Esta é a sua missão, salvar os pecadores, não com a palavra ou com o
ensinamento, mas com a vida, com a participação à Paixão de Jesus.
Através dessa graça mariana, descobre o significado místico da virgem aos pés da Cruz e doa a Maria a sua própria alma. Da sua parte, Maria prepara a Santa à graça da estigmatização.
Através dessa graça mariana, descobre o significado místico da virgem aos pés da Cruz e doa a Maria a sua própria alma. Da sua parte, Maria prepara a Santa à graça da estigmatização.
Gemma com a oferta da sua vida concluiu a missão que Deus lhe havia
confiado, amando-o com todo o seu ser. Porém, apesar de tudo, Gemma
não pode revestir o hábito de consagrada a Deus e isto representou,
sem dúvida, a maior desilusão da sua vida, mas consumiu a sua união
de amor com Jesus Crucificado no mundo, na normalidade da vida
laical. Um sinal evidente que esta estrada pode ser percorrida por
todos nós.
A Personalidade de Gema
A
sua personalidade era de asceta: Caminhava descalça e sem
meias, inclusive de inverno. Usava o cilício até quando não lhes
foram proibidos. Nela existem todos os ingredientes de uma Santa
Estigmatização como Padre Pio, cheia de amor como Santa Teresa de
Lisieux. A seguir se pode encontrar tudo aquilo que se pode fazer
arder o coração.
Atrás de uma aparência normal se esconde uma Santa extraordinária.
Uma mística em contínuo e afetuoso dialogo com Jesus. Uma
contemplativa que reza com a simplicidade de uma moça e a
profundidade de um teólogo.
Supera as mais terríveis dificuldades deixando-se guiar pelo seu
Anjo da Guarda. Desde moça mantém a alma cândida com a firme
intenção de uma vida imaculada.
O Nascimento de Gemma.
Gema Galgani
nasceu a 12 de março de 1878 em Camigliano, um vilarejo situado
perto de Lucca, na Itália. Gema em italiano significa jóia. Seu pai
era um próspero químico e descendente do Beato João Leonardi. A mãe
de Gema era também de origem nobre. Os Galgani eram uma família
católica tradicional que foi abençoada com oito filhos.
A Santidade na Infância.
Gema, a quinta
a nascer e a primeira menina da família, desenvolveu uma atração
irresistível pela oração enquanto ainda era muito pequena. Esse
carinho pela oração lhe veio de sua piedosa mãe, que lhe ensinou as
verdades da Fé da Igreja Católica. Foi a sua mãe que infundiu em sua
preciosa alma o amor pelo Cristo Crucificado. A jovem santa
aplicou-se com zelo à devoção.
Quando a mãe de
Gema tinha de se ocupar com suas tarefas diárias de dona-de-casa, a
pequena Gema puxava a saia da mãe e dizia: “Mamãe, conte-me um pouco
mais sobre Jesus”.
Certo dia, por
exemplo, tendo apenas quatro anos de idade, ajoelhou-se diante de um
quadro do Coração de Maria na casa da avó paterna. Com as mãozinhas
postas, ficou absorta rezando. A avó, passando pelo aposento, ficou
encantada com o espetáculo, e correu a chamar seu filho para que
também o visse. Este, depois de ter contemplado detidamente aquela
oração, não achou nada melhor do que interrompê-la:
— Gema, o que
está fazendo? Perguntou-lhe.
Como quem sai
de um êxtase, a menina olhou-o e respondeu com a maior seriedade:
— Estou rezando
a Ave-Maria. Saia, que estou em oração.
Quando Gema
tinha apenas cinco anos, ela lia o Ofício de Nossa Senhora e o
Ofício dos Defuntos no Breviário com tanta facilidade e rapidez
quanto um adulto.
Infelizmente, a
mãe de Gema deveria morrer em breve. No dia em que Gema recebeu o
Sacramento da Confirmação, enquanto rezava ardentemente na missa
pela recuperação de sua mãe (a Senhora Galgani estava gravemente
doente), ela ouviu uma voz em seu coração que dizia, « Tu me darás a
tua mãezinha ? »
“Sim,"
respondeu Gema, “contanto que Tu me leves também.”
“Não," replicou
a voz, "dá-Me a tua mãe sem reservas. Por ora, tu deves esperar com
o teu pai. Vou te levar para o céu mais tarde.”
Gema
simplesmente respondeu “Sim”.
Este “sim”
seria repetido ao longo de toda a breve vida de Santa Gema, como
resposta ao convite de Nosso Senhor para que ela sofresse por Ele.
A Perda da Mãe.
Sua Mãe morreu
quando Gemma tinha apenas 7 amos de idade. Como fizeram outros
santos, pediu à Santíssima Virgem que a substituísse. A partir daí,
sua devoção à Mãe de Deus tornou-se mais terna. Ela a invocava
sempre com o carinhoso apelativo de “mamãe”.
Após a morte da
sua querida mãe, Gema foi enviada pelo pai para um semi-internato
católico em Lucca, dirigido pelas Irmãs de Santa Zita. Mais tarde,
refletindo sobre seus dias na escola, Gema disse: “Eu comecei a ir à
escola das Irmãs, eu estava no Paraíso”. Ela era excelente em
francês, aritmética e música e em 1893 ganhou o grande “Prêmio de
Ouro” por conhecimento religioso. Uma de suas professoras na escola
resume melhor tudo isso, dizendo: “Ela (Gema) era a alma da escola”.
Gema tinha se preparado arduamente para sua Primeira Comunhão. Ela
costumava implorar: “Dá-me Jesus... e verás quão boa eu serei. Eu
vou mudar bastante. Não vou cometer mais nenhum pecado. Dá-me Jesus.
Eu o desejo tanto, e não posso viver sem Ele.”Com nove anos (o que
era mais cedo do que de costume) foi-lhe permitido receber sua
primeira comunhão. Com a permissão de seu pai, ela foi ao convento
local por dez dias para preparar-se dignamente para esse
acontecimento solene. O seu dia chegou finalmente a 20 de junho de
1887, na festa do Sagrado Coração de Jesus. Com suas próprias
palavras, ela assim descreveu o seu primeiro encontro íntimo com
Cristo no Santíssimo Sacramento: “É impossível explicar o que se
passou então entre mim e Jesus. Ele se fez sentir, oh tão
fortemente, na minha alma.”
Erico Galgani
O acontecimento
mais marcante que se seguiu na vida de Santa Gema foi quando seu pai
morreu em 1897. Como conseqüência de sua extrema generosidade, da
falta de escrúpulos de seus interlocutores nos negócios e problemas
com credores, os filhos foram deixados sem nada e não tinham nem
mesmo meios de sobreviver. Gema tinha apenas dezenove anos, mas já
tinha uma grande experiência em carregar a cruz.
Gema afirma em
sua autobiografia: “Morto papai, nos encontramos sem nada, carecendo
absolutamente de meios de vida”.
Santa Gema
padeceu muitos sofrimentos não só morais, mas também físicos.
Curada por um Milagre.
Gema começou
cedo a ficar doente. Ela desenvolveu uma curvatura na espinha. Uma
meningite também deixou-a temporariamente surda. Grandes abscessos
se formaram em sua cabeça, seus cabelos caíram e finalmente ela teve
paralisia nos membros. Um médico foi chamado e tentou vários
remédios, mas nada adiantou. Ela estava apenas piorando.
Gema tornou-se
devota do Venerável Gabriel Possenti de Nossa Senhora das Dores
(agora São Gabriel). Acamada pela doença, ela leu a história de sua
vida. Mais tarde ela escreveu a respeito de São Gabriel:
“... eu comecei
a admirar as suas virtudes e seus hábitos. Minha devoção por ele
crescia. À noite eu não dormia sem ter sua imagem debaixo do
travesseiro e, depois disso, passei a vê-lo perto de mim. Não sei
como explicar isso, mas eu sentia a sua presença. Em todos os
momentos e em cada ação, o Irmão Gabriel vinha à minha mente.”
Gema, agora com
20 anos, estava aparentemente em seu leito de morte. Uma novena lhe
foi sugerida como a única chance de cura. Dia 23 de fevereiro de
1899, à meia-noite, ela ouviu o chocalhar de um rosário e se deu
conta de que o Venerável Gabriel estava aparecendo para ela. Ele
falou a Gema:
“Queres ficar
curada? Reza com fé toda noite ao Sagrado Coração de Jesus. Eu virei
a ti até a novena terminar, e rezarei contigo a este Sacratíssimo
Coração”.
Na primeira
sexta-feira de março a novena terminava. A graça tinha sido
concedida; Gema estava curada. Quando ela levantou-se, os que
estavam à sua volta choraram de alegria. Sim, um milagre havia
acontecido!
Sofre com
Cristo
Gema, agora em
perfeita saúde, tinha sempre desejado tornar-se freira, mas isto não
devia acontecer. Deus tinha outros planos para ela.
A 8 de junho de
1899, depois de receber a comunhão, Nosso Senhor deu a conhecer a
Sua serva que Ele lhe daria uma graça muito grande.
Gema voltou
para casa e rezou. Ela entrou em êxtase e sentiu um grande remorso
por seus pecados. A Mãe Santíssima, de quem Santa Gema era
extremamente devota, apareceu-lhe e disse:
“Meu filho
Jesus te ama sem medida e deseja dar-te uma graça. Eu serei uma mãe
para ti. Serás uma verdadeira filha?” A Santíssima Virgem abriu
então o seu manto e cobriu Gema com ele.
Eis como Santa
Gema relata como ela recebeu os estigmas:
“Naquele
momento, Jesus apareceu com todas as suas chagas abertas, mas
daquelas chagas não mais saía sangue, mas chamas de fogo. Num
instante aquelas chamas vieram tocar minhas mãos, meus pés e meu
coração. Senti como se estivesse morrendo, e eu teria caído no chão,
se minha Mãe não me tivesse segurado, enquanto todo esse tempo eu
permanecia sob o seu manto. Tive de ficar várias horas naquela
posição. Finalmente ela beijou minha testa, tudo desapareceu e eu me
vi de joelhos. Mas eu ainda sentia uma forte dor nas minhas mãos,
pés e coração. Levantei para ir para a cama, e percebi que saía
sangue dessas partes onde sentia dor. Cobri-as o melhor que pude, e,
ajudada então pelo meu Anjo, pude ir para a cama...”
Muitas pessoas,
incluindo respeitosos membros da Igreja, testemunharam este milagre
dos estigmas, que se repetiu praticamente até o fim da vida de Santa
Gema. Uma testemunha ocular afirmou:
“Saía sangue
dos ferimentos dela (St. Gema) abundantemente. Quando ela estava de
pé, ele caía no chão, e quando ela estava na cama, ele não apenas
molhava os lençóis, mas encharcava o colchão todo. Eu medi alguns
desses fluxos ou poças de sangue, e tinham entre cinqüenta e
sessenta centímetros de comprimento e aproximadamente cinco
centímetros de largura”.
Como São
Francisco de Assis e recentemente Padre Pio, Gema pode dizer também:
Nemo mihi molestus sit. Ego enim stigmata Domini Jesu in corpore meo
porto: Que ninguém me faça mal, pois eu levo as marcas do Senhor
Jesus no meu corpo.
Vida de Oração.
Com 21 anos,
Gema foi acolhida por uma generosa família italiana, os Giannini. A
família tinha já 11 filhos, mas estava feliz em receber esta jovem e
piedosa órfã em sua casa. A mãe da família, a Senhora Giustina
Giannini, diria mais tarde sobre Gema: “Posso jurar que, durante os
3 anos e 8 meses em que Gema esteve conosco, eu nunca soube do menor
problema em nossa família que fosse provocado por ela e nunca vi
nela o menor defeito. Repito, nem o menor problema, nem o menor
defeito”.
Pe. Germano Seu diretor espiritual.
Santa Gema
ajudava diligentemente com as tarefas da grande casa. Ela também
tinha tempo para rezar, o que era a sua atividade favorita. Pela
Providência, ela obteve como diretor espiritual o Passionista Pe.
Germano, C.P., a quem ela era totalmente obediente.
Pe. Germano, um
teólogo eminente no tocante à oração mística, percebeu que Gema
tinha uma profunda vida de oração e conseqüente união a Deus. Ele
estava convencido de que esta “Jóia de Cristo” tinha passado por
todos os nove clássicos estágios da vida interior.
Gema assistia à
Missa duas vezes por dia, recebendo a comunhão uma vez. Ela rezava o
rosário com fé, e à noite, com a Senhora Giannini, ia às Vésperas.
Com todos os seus exercícios espirituais, Gema nem mesmo uma vez
negligenciou suas obrigações domésticas diárias na casa Giannini.
No ano 1901,
com 23 anos, Gemma escreve por ordem de Padre Germano, a
Autobiografia, "O quaderno dos meus pecados".
O Anjo da Guarda
O Anjo da
Guarda de Gema aparecia freqüentemente para ela. Eles tinham uma
conversa da mesma maneira que alguém conversa com o seu melhor
amigo. A pureza e inocência de Gema devem ter trazido este Glorioso
Anjo do céu para o seu lado.
Ela via seu
anjo às vezes em adoração à soberana Majestade; outras, estendendo
suas mãos sobre ela em sinal de proteção; no ato de defendê-la
contra os ataques do demônio; ajoelhado junto a ela, sugerindo os
pontos de meditação; ou simplesmente sentado a seu lado, dando-lhe
bons conselhos. As vezes este com suas asas abertas ou ajoelhado ao
lado dela - recitavam orações ou salmos alternadamente. Quando
meditavam a Paixão de Nosso Senhor, o seu Anjo inspirava-lhe as mais
sublimes reflexões neste mistério.
Seu Anjo da
Guarda uma vez falou-lhe sobre as Agonias de Cristo:
“Olha para o
que Jesus sofreu pelo homem. Considera uma por uma estas Chagas. É o
Amor que abriu-as todas. Vê como execrável (horrível) é o pecado, já
que para expiá-lo, tanta dor e tanto amor foram necessários”.
Nosso Senhor
queria dela um desapego total de todas as coisas. Certa vez em que
deveria ir ao palácio arquiepiscopal para receber a medalha de ouro
que merecera no curso catequético, a tia quis vesti-la melhor. Gema
até consentiu em levar ao pescoço uma correntinha com uma cruz e um
relógio de ouro, lembrança de sua mãe. Quando voltou para casa e ia
mudar de roupa, viu a seu lado o Anjo da Guarda, que a olhava com ar
severo:
— Lembra-te, de
que não devem ser outros; mas sim os espinhos e a cruz as jóias que
adornarão a esposa de um Rei crucificado.
Gema atirou
para longe de si aqueles adornos, e prosternando-se no solo, em
lágrimas, tomou a seguinte resolução:
“ Por amor a
Jesus e para agradar só a Ele, proponho-me nunca levar objetos de
vaidade, nem sequer falar deles”.
E afirma em sua
Autobiografia:
“Desde aquele
dia não voltei a possuir nenhuma dessas coisas”.
Era a fidelidade total à via para a qual Deus a chamava.
Outro dia,
anota em seu diário:
“O Anjo da
Guarda, que se mostra bastante severo em repreender-me, me disse:
- Minha
filha, lembra-te de que cada vez que faltas à obediência cometes um
pecado. Por que és tão remissa em obedecer ao confessor?
Lembra-te de que não há caminho mais curto e seguro para chegar ao
Céu que o da obediência.
O confessor lhe
havia mandado escrever as graças espirituais que tinha recebido, e
em sua humildade ela tinha muito escrúpulo em fazê-lo.
Assim, mesmo as
ligeiras negligências de Gema no serviço divino encontravam no Anjo
da Guarda um censor rigoroso. Este desaparecia por algum tempo ou
lhe mostrava o aspecto severo, negava-se a dirigir-lhe a palavra ou
mesmo dirigia-lhe duras admoestações, chegando às vezes a impor-lhe
algum castigo.
Também lhe
dizia o que ela deveria fazer para o progresso espiritual.
Por exemplo:
Se colocou
perto de mim e me dizia carinhosamente:
"Oh filha, mas
não sabes que tu deves ser em tudo conforme a vida de Jesus? Ele
padeceu tanto por ti e tu não sabes que em todas as ocasiões deves
padecer por Ele? Além disso, porque desagradas Jesus todos os dias
deixando de meditar a Paixão?".
Era verdade,
reconhece ela. Lembrou-se de que a meditação sobre a Paixão, não a
fazia senão às quintas e sextas-feiras.
“Deves fazê-la
todos os dias, não te esqueças”.
No final me
dizia:
"Coragem,
coragem! Este mundo não é um lugar de repouso: o repouso será depois
da morte; agora tu deves padecer e padecer por qualquer coisa, para
impedir á alguma alma a morte eterna".
O supliquei
tanto que dissesse a minha Mãe que viesse a mim porque tinha tantas
coisas a dizê-la; disse-me que sim. Esta noite porém não veio.
Ele também a
incentivava no caminho da virtude:
“É pela excelsa
perfeição de tua virgindade que Jesus te concede tantas graças”.
Com efeito, ela
era de uma pureza Angélica. Nas várias intervenções cirúrgicas a que
teve de submeter-se, era tal o seu recato, que chamava a atenção dos
médicos. Uns a tomavam por santa, e os ímpios a consideravam
“fanática”.
Gema nunca saía
só à rua. Quando não tinha alguém da família para sair com ela, o
seu Anjo da Guarda se oferecia para ser seu visível companheiro.
Tinha tanta familiaridade com ele, que chegava mesmo a pedir-lhe
para levar a correspondência ao seu diretor espiritual e trazer a
que ele tinha para si.
A Devoção à Medianeira de todas as graças.
Sua devoção a
Nossa Senhora, como já dissemos, era terna e filial.
A Mãe de Jesus
aparecia-lhe aos sábados, geralmente como Mãe Dolorosa, e lhe
comunicava algum detalhe da Paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Outras vezes lhe aparecia com o Menino Jesus, entregando-O para que
ela o cobrisse de carícias.
Quando Gema se
via atolada naquilo que julgava o abismo de seus pecados, e
não tinha ânimo de dirigir-se diretamente a Nosso Senhor, recorria à
Medianeira de todas as graças:
“Minha mãe,
tenho medo de ir em busca de Jesus sem Vós, porque, se bem que
misericordioso, sei que cometi muitos pecados, e sei também que
Jesus é justo no castigo. Peço-vos uma coisa grande, não é verdade,
minha Mãe? Mas que hei de fazer, se o que perdi por meus pecados não
o acho senão por vossa mediação? Ademais, pouco é o que vos peço em
relação ao muito que podeis fazer por mim”.
Morte Heróica
Em 1902 Gema,
em boa saúde desde a sua cura milagrosa, ofereceu-se a Deus como
vítima pela salvação das almas. Jesus aceitou a sua oferta. A
partir de setembro ela então ficou extremamente doente e sua vida é
marcada profundamente da dor. Começa o período mais escuro da sua
vida. As conseqüências do pecado caem pesadamente sobre o seu corpo
e sua alma.
Seu estômago
não suportava nenhum tipo de comida. Apesar de ter recuperado sua
saúde rapidamente, pela Providência Divina, ela adoeceu novamente.
Em 21 de setembro de 1902 ela começou a expelir sangue com as
violentas palpitações de amor de seu coração. Enquanto isso ela
passava por um martírio espiritual, pois ela experimentava aridez e
nenhum consolo em seus exercícios espirituais. Além disso, seu
inimigo, o demônio, multiplicava seus ataques contra a jovem “Virgem
de Lucca”.
O Inimigo
reforçava sua guerra contra Gema, pois ele sabia que o fim estava
próximo. Ele esforçava-se para persuadi-la de que ela tinha sido
totalmente abandonada por Deus. Usava suas diabólicas aparições e
até mesmo violência física, batendo no frágil corpo de Gema.
Uma testemunha
ocular que cuidava de Gema disse :
“Aquela besta
abominável vai ser o fim da nossa querida Gema - golpes atordoantes,
formas de animais ferozes etc. - eu a deixei com lágrimas nos olhos
porque o demônio a está esgotando.”
Gema clamava
incessantemente os nomes Santos de Jesus e Maria, mas a batalha
continuava. O seu Diretor Espiritual, o Venerável Germano, vendo o
esforço final de Gema, disse :
“A pobre
sofredora passou dias, semanas e meses desse modo, dando-nos um
exemplo de paciência heróica e razões para um medo saudável pelo que
pode acontecer conosco, que não temos os méritos de Gema, na
terrível hora da morte”.
Ainda assim,
mesmo passando por essas provações, Gema nunca se queixou, ela
apenas rezava. Gema estava no fim. Ela era praticamente um esqueleto
vivo, mas ainda linda, apesar da devastação da doença. Ela recebeu o
“Viático”.
Em suas últimas
palavras, disse: “Eu não procuro mais nada; sacrifiquei tudo e todos
a Deus; agora eu me preparo para morrer”. Ela falava com
dificuldade. “Agora é mesmo verdade que não me resta mais nada,
Jesus. Eu recomendo a minha pobre alma a Ti... Jesus !”
Gema então
sorriu um sorriso celestial e deixando pender a cabeça para um lado,
deixou de viver.
Uma das irmãs
presente na hora da morte vestiu o corpo de Gema com o hábito dos
Passionistas, que era a ordem à qual Gema sempre aspirou.
Essa morte
abençoada aconteceu no Sábado Santo, dia 11 de Abril de 1903, quando
Gema Galgani tinha 25 anos.
A Canonização.
As autoridades
da Igreja começaram a estudar a vida de Gema em 1917 e ela foi
beatificada em 1933. O decreto aprovando os milagres para a
canonização foi lido a 26 de março de 1939 - Domingo de Ramos. Gema
Galgani foi canonizada a 2 de março de 1940, apenas trinta e sete
anos depois da sua morte.
Há um verso do
poema de Dante (Paraíso, c. XXX, 19-21) no qual a beleza
sobrenatural é admiravelmente recordada e exaltada. (2) Ele também
se adapta bem à pequena Jóia de Cristo, verdadeira Beatriz, que o
Senhor com tanta alegria enfeitou para Si mesmo:
Santa Gema,
rogai por nós.
A autobiografia de Santa Gemma Galgani.
"O quaderno dos meus pecados"
(Autobiografia da Santa, que o demônio tentou queimar)
Explicações
tidas pelo Anjo da Guarda:
Do Diário de Gemma Galgani (alguns trechos).
Do Diário de Gemma Galgani (alguns trechos).
Na manhã do dia 25 de março, Jesus se fez presente à minha alma mais
vezes: sentia um recolhimento interno, que por graça de Deus nada
podia me distrair; ao meio dia sinto que o meu anjo me bate no ombro
e me diz:
-
Gemma, venho em nome de Jesus a exaurir a sua promessa.
Não sabia o que pensar; fiquei admirada em escutar aquelas palavras.
-
Filha, acrescentou, eu sou o teu guarda, mandado
de Deus; eu venho para fazer-te entender um mistério, maior que
todos os outros mistérios.
Era estupefata, ainda não entendia... O meu anjo percebeu e me
disse:
-
Lembras, 12 dias atrás, aquilo que te prometi?
Pensei e logo me veio à mente.
-
Sabes, oh minha filha, que eu te falarei sobre Maria
Santíssima, de uma moçinha tão humilde diante do mundo, mas de uma
infinita grandeza diante de Deus; te falarei da mais linda, da mais
santa de todas as criaturas; da filha predileta do Altíssimo,
daquela que vinha destinada à incomparável dignidade
de mãe de Deus.
... Era já noite adentro e Maria Santíssima estava sozinha no seu
quarto: rezava, era toda compenetrada em Deus. De repente aparece
uma grande luz naquele mísero quarto e o arcanjo, transformando-se
em corpo humano e circundado de um numero infinito de anjos, vai
perto de Maria, reverente e majestoso. A reverência como Senhora,
sorri a Ela como anunciador de uma bela noticia e com doces palavras
assim lhe diz: "Ave, ó Maria, o Senhor é com ti. A bendita tu és
entre todas as mulheres".
O belo, o grande e sublime augúrio, que na terra nunca se
escutou nem se escutará jamais!
..."Apenas o arcanjo celeste pronunciou estas palavras, silenciou, quase esperando o sinal dela para explicar a sua divina embaixada. Maria porém, escutando a surpreendente saudação, se inquietou; se calou e pensava. Mas talvez crias, ó filha minha, que à Maria não tivessem descido os anjos do paraíso? Ela a cada momento gozava da visita e dos doces colóquios... Ela não vai investigar na sua mente o significado misterioso, mas se inquieta porque; acredita ser indigna da saudação Angélica. Ah! Filha minha", me repetia, "se Maria tivesse sabido quanto a sua humildade fosse de agrado ao Senhor, não se teria sentido indigna dos obséquios de um anjo. "Como, dizia para si mesma, "um anjo de Deus me chama cheia de graça, enquanto eu me reconheço não merecedora de qualquer divino favor? "Como, pensava Maria, "um anjo do paraíso me chama bendita entre as mulheres, enquanto sou entre as mulheres a mais inútil, a mais vil, a mais objeta? Qual mistério se esconde atrás do véu desta sublime saudação?...
..."Apenas o arcanjo celeste pronunciou estas palavras, silenciou, quase esperando o sinal dela para explicar a sua divina embaixada. Maria porém, escutando a surpreendente saudação, se inquietou; se calou e pensava. Mas talvez crias, ó filha minha, que à Maria não tivessem descido os anjos do paraíso? Ela a cada momento gozava da visita e dos doces colóquios... Ela não vai investigar na sua mente o significado misterioso, mas se inquieta porque; acredita ser indigna da saudação Angélica. Ah! Filha minha", me repetia, "se Maria tivesse sabido quanto a sua humildade fosse de agrado ao Senhor, não se teria sentido indigna dos obséquios de um anjo. "Como, dizia para si mesma, "um anjo de Deus me chama cheia de graça, enquanto eu me reconheço não merecedora de qualquer divino favor? "Como, pensava Maria, "um anjo do paraíso me chama bendita entre as mulheres, enquanto sou entre as mulheres a mais inútil, a mais vil, a mais objeta? Qual mistério se esconde atrás do véu desta sublime saudação?...
"À saudação do anjo, Maria não havia dado nenhuma resposta; então
Gabriel para acalmá-la repetiu: "Não temer, ó Maria, tu és a única
que encontrou graça diante o Altíssimo. Deste momento conceberás no
teu seio um filho, o chamará com o nome de Jesus e de todos será
chamado Filho do Altíssimo: a ele será dado o trono de Davi, reinará
em eterno e o seu reino não terá fim". Com estas sublimes palavras o
arcanjo explicou tudo o que devia a Maria...
... O anjo já havia manifestado a Virgem o mistério da grande
missão, isto é, que Ela estava para ser a mãe do Filho do Altíssimo.
Mas Ela, olhando na direção do anjo, lhe disse: "E em que modo
poderá acontecer isto, se conservo o meu candor virginal?" (Já tinha
sido prognosticado por Isaías, que dizia que o Cristo devia nascer
da mãe virgem)...
Saiba, aqui me disse o meu anjo, "que Maria Santíssima, com um
exemplo jamais ouvido, desde do início da sua vida tinha consagrado
ao celeste esposo das almas castas a sua flor virginal e, mesmo que
não fosse sujeita a tentações, não havia deixado de conservar aos
seus lírios entre os espinhos da mortificação.
"Refleti",
me dizia, "como Maria Santíssima silenciou a todas as coisas
que se referiam ao grande mistério, somente falou e se demonstrou
aberta, quando ouviu tratar do seu puro candor e se colocou perto
daquele anjo de Deus com doce vontade… Entendeu, ó
filha, quanto Maria amasse esta bela, Angélica, celeste virtude? Mas
quem acreditas tu que a amasse mais? Jesus ou Maria? Certamente
Jesus que nunca teria escolhido uma mãe, se não virgem pura,
imaculada.
O
anjo Gabriel respondeu:
"Maria, o Espírito Santo descerá sobre ti, a virtude sublime do
Altíssimo te cobrirá; e porém aquele que nascerá da ti santo será o
verdadeiro Filho de Deus. A este ponto te informo que Isabel, tua
parente, na sua velhice concebeu um filho e é já ao sexto mês,
aquela que dizia ser estéril, porque lembras que a Deus nada é
impossível".
O anjo Gabriel continuou a Maria Santíssima com estas palavras:
"Estai tranqüila e consola-te, ó virgem bendita: o divino Espírito
será aquele que descerá para fecundar as tuas vísceras imaculadas. A
onipotente virtude do Altíssimo operará em ti um novo prodígio que,
conservando ao mesmo tempo a honra de virgem, te dará a alegria de
mãe. O santo, que conceberás no teu seio, não será que o Filho de
Deus".
Com estas palavras o arcanjo Gabriel revelava o arcano, explicava o
mistério, tranqüilizava Maria.
"Enfim tudo foi feito, não faltava que a última palavra de Maria,
para que a virgem fosse mãe de Deus. O Verbo divino, gerado do Pai
no esplendor dos santos, não devia ter pai na terra, assim como mãe
não teve no céu. E Maria, sendo eleita genitora do Unigênito do
divino Pai, se transformava do mesmo Pai, a unigênita filha. Sendo
Ela a virgem que devia dar os humanos, membros ao Verbo divino; era
elevada à dignidade de Mãe do Filho de Deus. Sendo Maria aquela,
sobre a qual teria descido o Espírito Santo, que coberta com a Sua
virtude onipotente a teria feita mãe virgem de um filho Deus, era
por isso elevada à grandíssima honra de esposa ao Espírito Santo.
"Explicado o enigma, tranqüilizada completamente a virgem, o mensageiro divino silenciava, ansioso esperando a sua resposta, isto é, a autorização de Maria à encarnação do Verbo eterno... e Ela responde:
"Explicado o enigma, tranqüilizada completamente a virgem, o mensageiro divino silenciava, ansioso esperando a sua resposta, isto é, a autorização de Maria à encarnação do Verbo eterno... e Ela responde:
"Eis
a serva do Senhor, seja feito de mim segundo a tua palavra".
Tudo é feito, Maria é a mãe do Filho do Altíssimo. A estas palavras
exulta o céu, se consola o mundo inteiro. O anjo reverente se
prostra diante à sua Senhora e depois pega o vôo e volta ao paraíso.
Maria, no ato de aceitar a altíssima dignidade de Mãe de Deus, se
declarava humildemente serva do Senhor. Esta humildade profundíssima,
em que a encontrou recolhida e quase abandonada, o anjo do Senhor,
não faltou à gloriosa saudação e a mais gloriosa proposta de ser a
mãe do Verbo divino.
"Maria tinha então proferido o prodigioso Fiat (sim), e em um
instante, formado do divino Espírito no seu seio, da puríssima
virginal substância, um tenro e perfeito corpinho e unindo uma alma
humana, se juntaram em simbiose, à divina Pessoa do Verbo. O
milagre! Aquele Deus, que não pode ser contido na grandeza dos céus,
está dentro do ventre de Maria. Aquele Deus, que sustenta com um
dedo a grande máquina do universo, é sustentado pelo puro seio de
uma virgem. Quem pode dizer portanto qual seja a grandeza da alegria
que inundou e incendiou a alma de Maria naquele feliz momento em que
se transformou em mãe do Filho de Deus? O Rei dos Reis, o grande
Senhor dos dominantes colocou o seu trono no seio de Maria. Um
infinito gáudio inundou Maria, quando se fixou na infinita luz e
pode mirar os arcanos esplendores da divindade.
Aceitando Maria a incomparável dignidade de mãe de Deus, aceitava o generoso dever de mãe do humano gênero.
Aceitando Maria a incomparável dignidade de mãe de Deus, aceitava o generoso dever de mãe do humano gênero.
Devemos alegrar-nos: Maria, dando o seu consentimento ao anjo, nos
adotou como filhos e se transformou na mãe de todos nós.
Mais alguns Trechos do Diário de Gemma Galgani
... Era de muito tempo que suplicava a Jesus a fim de que me tirasse
todos os sinais externos, mas Jesus invés acrescentou um outro; me
fez experimentar pequenas partes da sua flagelação; as dores das
mãos, pés, cabeça e coração acrescentou também alguns outros. Seja
sempre agradecido. Lá pelas cinco horas comecei a sentir uma dor tão
forte dos meus pecados, que me parecia de estar fora de mim: mas a
este pavor logo apareceu a esperança na misericórdia de Deus e logo
me acalmei
... Não experimentava ainda nenhuma dor; depois de mais ou menos uma
hora me pareceu de ver o meu anjo da guarda que tinha na mão duas
coroas: uma de espinhos, feita a forma de chapéu e a outra de lírios
branquíssimos.
A
primeira impressão este anjo me deu um pouco de medo, mas depois,
alegria; juntos adoramos a grandeza de Deus, gritamos; "Viva
Jesus!" forte e depois, mostrando-me as duas coroas, me
perguntou qual preferia. Não quis responder, porque padre Germano me
o havia proibido, mas insistiu, dizendo-me que era ele que o mandava
e para dar-me um sinal que verdadeiramente era ele que o mandava, me
benzeu na maneira que era hábito ele fazer e fez a oferta de mim ao
eterno Pai, dizendo-me que esquecesse naquela noite a mim mesma e
pensasse aos pecadores.
Fui influenciada por estas palavras e respondi ao anjo que
escolheria aquela de Jesus; me mostrou aquela de espinhos e me a
deu; a beijei diversas vezes e o anjo desapareceu, depois de tê-la
colocada sobre a minha cabeça.
Comecei então a sofrer, nas mãos, pés e na cabeça; mais tarde, no
corpo inteiro e sentia fortes socos. Passei a noite deste modo; com
força me levantei na manhã seguinte, para não dar na vista; os socos
e as dores até as duas horas; nesta hora apareceu o anjo (e para
dizer a verdade, quase não podia ficar em pé) e me fez estar bem,
dizendo-me que Jesus tinha tido compaixão de mim, porque sou
pequenina e era incapaz de chegar a sofrer até a hora que Jesus
expirou.
Depois estive bem; porém eu sentia todos os ossos e mal me podia
agüentar em pé. Mas uma coisa me afligia: via que os sinais não
tinham desaparecido, nos braços e em qualquer outra parte do corpo
(notei enquanto me vestia) havia manchas de sangue e alguns sinais
de socos. De manhã, quando fiz a comunhão, rezei com mais fervor a
Jesus, que me tirasse os sinais e me prometeu que no dia da sua
Paixão me teria tirado. Soube que a Paixão era terça-feira e
sextas-feiras, não deveriam mais passar.
A
última sexta-feira, os sinais na cabeça, nas mãos, nos pés e no
coração não mais existiam; mas Jesus pela segunda vez me fez sentir
novamente alguns socos: veio-me um pouco de sangue em algumas partes
do corpo, mas espero que Jesus logo me tirará também estas.
... Hoje que eu
pensava de estar livre daquela fera, invés ela me atormentou muito.
Eu fui com a intenção de dormir mas aconteceu tudo uma outra coisa:
Começou com
socos que temi pudessem me fazer morrer. Era na forma de um grande
cão todo preto e me colocava as pernas sobre os meus ombros; mas me
fez muito mal porque me fez sentir todos os ossos.
As vezes
acredito que ele me segurasse, aliás uma vez, tempos atrás, no pegar
a água benta, me torceu tão forte o braço, que cai no chão com
grande dor e então me tirou o osso do lugar; mas logo voltou, porque
me tocou Jesus e tudo retornou ao normal.
... Ontem
aconteceu a mesma coisa: fui para dormir e adormeci, mas o demônio
não, parecia que não tinha vontade. Se mostrou de uma maneira suja,
me tentava, mas fui forte. Dentro de mim pedia a Jesus que preferia
que me tirasse a vida do que dever ofendê-lo. Que tentações
horríveis são aquelas! Todas me desagradam, mas aquelas contra a
santa pureza quanto me fazem mal!
Depois para
colocar-me em paz, veio o anjo da guarda e me tranqüilizou dizendo
que eu não havia feito mal algum. As vezes reclamo porque gostaria
que me viesse ajudar em determinados momentos, e me diz: Que eu o
veja ou não, está sempre acima da minha cabeça; e ontem, porque
Maria Santíssima Adorada me ajudou de verdade e fui muito forte, me
prometeu que à noite teria vindo Jesus a ver-me.
... Esta
sexta-feira sofri muito mais, porque fui obrigada a fazer pequenas
coisas, e a cada movimento pensava de morrer. Minha tia me tinha
impedido de trazer para cima um pouco de água: fiz com dificuldade,
e me parecia (mas era tudo idéia minha) que as espinhos me fossem ao
cérebro e me começou a cair uma gota de sangue das têmporas. Me
limpei rápido. Me perguntou se eu tinha caído e quebrado a cabeça;
lhe disse que tinha-me arranhado com a corrente do pescoço. Depois
fui procurar as freiras; eram 10 horas e fiquei com elas até às 5.
Voltei para casa, mas Jesus já tinha feito desaparecer tudo.
... Fui dormir
com a firme intenção de dormir; o sono não demorou a vir e me
apareceu quase logo um homem pequeno, pequeno, de cor perto e de
pelo preto. Que susto! Pousou as mãos sobre a cama, pensei que
quisesse surrar-me. Não, não, não posso te surrar, não te amedronte,
e no dizer isso, ia se alongando. Chamei Jesus em minha ajuda, mas
não veio; nem por isso me deixou: depois de ter invocado o nome de
Jesus, me senti logo livre, mas foi tudo de repente.
... Tinha
terminado as orações: fui para a cama. Quando o anjo teve de Jesus a
permissão de vir, voltou e me perguntou:
- "Quanto
tempo faz que não rezas pelas almas do purgatório?... "A cada
pequena pena que sofres, as alivia; também ontem e hoje, se tu
tivesses oferecido a elas aquele pouco...".
Mas respondi um
pouco admirada:
- "Me doía o
corpo; e se as dores do corpo aliviam as almas do purgatório?
- "Sim",
me disse; "sim, filha; o menor padecimento as alivia".
Prometi-lhe
então que daquele momento em diante qualquer coisa seria oferecido
por elas.
... Eram mais
ou menos nove e meia, eu estava lendo: de repente sinto uma mão
apoiada ligeiramente sobre o meu ombro esquerdo. Girei apavorada;
tive medo, pensei em chamar, mas não o fiz. Me girei e vi uma pessoa
vestida de branco: vi uma mulher, a olhei e o seu olhar me fez
entender que não havia nada a temer:
- "Gemma",
me disse depois de alguns minutos, "me conheces?".
Eu disse que
não, porque bem que podia dizer; e ela acrescentou:
- "Eu sou
a irmã Maria Teresa do Menino Jesus; te agradeço muito
por ser tão primorosa porque logo possas alcançar a minha eterna
felicidade".
... Naqueles
momentos o anjo da guarda me sugeria ao ouvido:
- "Mas a
misericórdia de Deus é infinita".
Me acalmei.
Comecei logo a padecer muito na cabeça: eram mais ou menos dez
horas. Quando fiquei sozinha, me coloquei na cama: sofri um pouco,
mas Jesus não demorou a aparecer, mostrando-se, também ele, que
sofria muito. Lhe lembrei os pecadores, pelos quais também
Ele
me estimulou a oferecer todos os meus pequenos padecimentos ao
eterno Pai em nome deles.
... Depois do
que me aconteceu, teria sabido com prazer que alguma coisa quisesse
dizer aquela luz que saia das chagas, em particular da mão direita,
com a qual me abençoou.
O anjo da
guarda me disse estas palavras:
"Filhinha, neste dia a benção de Jesus derramou sobre ti uma
abundante graça".
Os dois Santos
foram quase contemporâneos.
Francisco
Forgiane (Padre Pio) de 9 anos, mais jovem que Gemma, aos 5 anos
sente o desejo de ser totalmente de Deus e inicia a experimentar os
primeiros fenômenos sobrenaturais e durante o seu noviciado
(1903-1904) experimenta plenamente a sua experiência mística (Gemma
tinha apenas morrido).
A semelhança
entre as suas experiências com aquelas de Gemma o leva a intuir e
reconhecer que Gemma é aquela que pode ajudá-lo a compreender o que
está vivendo na própria carne.
Como Gemma
também Padre Pio deve lutar com o demônio, tem as mesmas
experiências celestes feitas de revelações, presenças Angélicas, de
Cristo e da Virgem Maria. Vive depois a dolorida experiência das
estigmatizes, no inicio invisíveis, por quase 8 anos e depois
manifestadas e permanentes.
Padre Pio se
reconhece plenamente nas mesmas excepcionais experiências místicas
de Gemma, dela descritas com uma linguagem muito simples e a escolhe
como modelo. Na verdade em muitas suas cartas (mais ou menos 50)
existem frases e expressões típicas da linguagem de Santa Gemma
tiradas das suas cartas, diário e escritos.
Padre Pio tenha
lido os escritos de Gemma se encontra a confirma em uma sua carta a
padre Bento datado 2 maio 1921. Assim escreve:
"Venho a
pedir-te uma caridade: teria a vontade de ler o livrinho "Cartas e
êxtase da serva de Deus Gemma Galgani, junto com aquele outro da
mesma serva de Deus, que se chama "A hora Santa". Certo que ela
achando justo este meu desejo, me os procurará. Agradeço e peço a
sua benção. O seu Frei Pio.
Santo Padre Pio
recomendava a vários seus filhos espirituais à devoção a Gemma que
chamava "A Grande Santa" e quando falava dela se
comovia até as lágrimas e convidava os devotos visitadores a
conhecer esta alma predileta.
Frequentemente
Padre Pio convidava em Lucca diversos peregrinos vindos da Toscana e
de algumas Regiões do Norte da Itália: "O que vocês vem fazer
aqui? A pedir graças? Correis a Lucca que é mais perto de vós,
porque lá está Santa Gemma, que é uma Santona".
Santa Gemma
Galgani e S. Padre Pio
espalharam por
todo o mundo o perfume de santidade e nós atordoados não resta que
louvar Deus com agradecimentos por ter-nos doado criaturas tão
resplendentes de amor e de virtude.

Nenhum comentário:
Postar um comentário
Só será aceito comentário que esteja de acordo com o artigo publicado.