6 maio 2013
Fonte: Apologistas Católicos
INTRODUÇÃO
Como sabemos, é costume protestante afirmar que a Pedra mencionada
por Jesus em Mateus 16, 18, não era o próprio apóstolo Pedro. Já vimos
aqui em outra matéria a análise grega do texto (ser visto aqui) e a analise de como os primeiros cristãos interpretavam a passagem (Podem ser vistas aqui,aqui e aqui).
Apesar disto, muitos protestantes ainda teimam em argumentar que Pedro
era um “pedregulho” ou “pedrinha” e não a própria Pedra menciona por
Jesus. Baseado nisto, resolvi não mais usar meus argumentos e, até mesmo
de estudiosos protestantes para mostrar aos protestantes qual a
interpretação da passagem, e sim mostrar a interpretação de um dos mais
renomados estudiosos e tradutores do grego da história cristã: Eusébio
Jerônimo de Estrídon, mais conhecido como São Jerônimo.
São Jerônimo é reconhecido como um dos quatros doutores originais da
Igreja latina. Padre das ciências bíblicas, presbítero, homem de vida
ascética, eminente literato. Nasceu no ano 347 e morreu no ano 420. Ele
se tornou famoso por sua tradução da bíblia do Hebraico e Grego para o
Latim. Na sua época o grego koiné, no qual o Novo Testamento foi
escrito, ainda era “vivo” e Jerônimo era altamente proficiente, e um dos
mais conhecidos e influentes tradutores de sua época. Vamos então ver
qual era a sua interpretação do texto grego:
“κἀγὼ δέ σοι λέγω ὅτι σὺ εἶ Πέτρος, καὶ ἐπὶ ταύτῃ τῇ πέτρᾳ οἰκοδομήσω μου τὴν ἐκκλησίαν καὶ πύλαι ᾅδου οὐ κατισχύσουσιν αὐτῆς.”
A INTERPRETAÇÃO DE JERÔNIMO SOBRE MATEUS 16, 18
Para mostrar como Jerônimo interpretava o texto grego de Mateus 16,
18 bastaria apenas a sua interpretação no seu comentário ao evangelho de
Mateus no livro III, onde ele mostra que Cristo se referia claramente a
Pedro ao fala “sobre esta Pedra construirei a minha Igreja”:
“Et ego dico tibi. Quid est quod ait: Et ego dico tibi? Quia tu mihi dixisti: Tu es Christus Filius Dei vivi: et ego dico tibi, non sermone casso, et nullum habente opus, sed dico tibi: quia meum dixisse, fecisse est. Quia tu es Petrus, et super hanc petram aedificabo Ecclesiam meam.Sicut
ipse lumen apostolis donavit, ut lumen mundi appellarentur, caeteraque
ex Domino sortiti sunt vocabula: ita et Simoni, qui credebat in petram
Christum, Petri largitus est nomen. At secundum metaphoram petrae, recte dicitur ei: Aedificabo Ecclesiam meam super te. Et portae inferi non praevalebunt adversus eam. Ego
portas inferi reor vitia atque peccata: vel certe haereticorum
doctrinas, per quas illecti homines ducuntur ad tartarum. Nemo itaque
putet de morte dici, quod apostoli conditioni mortis subjecti non
fuerint, quorum martyria videat coruscare.” (Hieronymus Sanctu - Commentariorum In Evangelium Matthaei, Liber Tertius)
“‘Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja’.
Como Ele mesmo deu aos apóstolos a luz para que se chamassem “luz do
mundo” e os demais nomes que foram distribuídos pelo Senhor, assim
também a Simão, que acreditava em Cristo como a rocha,
generosamente recebeu o nome de ‘Pedro’, e como uma metáfora para a voz
de ‘pedra’, ele diz com razão: ‘Eu edificarei a minha Igreja sobre ti” (São Jerônimo – Comentário Sobre o Evangelho de Mateus Livro III).
Jerônimo nos mostra que Jesus ao falar “Tua és Pedro e sobre está
Pedra eu construirei a minha Igreja” estava na realidade falando “Aedificabo Ecclesiam meam super te”, tradução “sobre ti construirei minha Igreja”.
Logo não a dúvidas que tanto ele como estudioso do grego, como a Igreja
de sua época entendia Pedro como sendo a própria Pedra. Parece-me que
um dos maiores eruditos em grego da história cristã, não estava lá assim
de acordo com a interpretação protestante desta passagem.
Da mesma forma existe mais de uma dezena de outras citações de São
Jerônimo mostrando que Pedro era a Rocha de Mateus 16, 18, sobre a qual a
Igreja foi construída. Em outro comentário sobre o evangelho de Mateus:
“ Porque estava fundada sobre a rocha. E todo aquele
que ouve estas minhas palavras e não as pratica, será comparado a um
homem insensato. Sobre esta pedra o Senhor fundou a Igreja (Mt 15): a
partir desta o Apóstolo Pedrou rcebeu o nome da rocha. E quanto
aesse tipo de rocha não são encontrados nos passos da
serpente (Provérbios 30, relativo ao presente e ao profeta
que ela ousadamente diz:. Ele estabeleceu os meus pés sobre uma
rocha (Sl 39, 3) E em outro lugar:. Na rocha de refúgio para os coelhos,
ou para os porcos de hedge (Salmo 103, 8) . temeroso, pois o animal
está nas cavernas das rochas se voltou: o áspero e da pele, e do
todo, armados com flechas, protege-se com tal proteção Daí diz-se de
Moisés, e do Egito no momento em que fugiam de distância, e de coelho,
era do Senhor. Fique no buracoda rocha, e verás minhas
partes traseiras (para Êx. 33, 21).”.(Comentário sobre Mateus 7, 26;)
Dirigindo-se ao papa, ele reconheceu o bispo de Roma como o sucessor do “pescador” e afirma que a igreja foi construída sobre a cátedra de Pedro, a qual compara com a arca de Noé:
“Contudo, ainda que a tua grandeza me aterre, a tua amabilidade
me atrai. Do sacerdote demando o cuidado da vítima, do pastor a proteção
devida às ovelhas… As minhas palavras são dirigidas ao sucessor do
pescador, ao discípulo da cruz. Assim como não sigo outro líder senão
Cristo, não comungo com outro senão com vossa
bem-aventurança, isto é, com a cátedra de Pedro. Pois esta, eu sei, é a
pedra sobre a qual é edificada a Igreja! Esta é a
única casa onde o cordeiro pascal pode justamente ser comido. Esta é a
arca de Noé, e quem não se encontrar nela perecerá quando prevalecer o
dilúvio.” (Carta ao papa Damaso, XV, 2)
Da mesma forma em sua epístola a Marcela diz:
“Se, então, o Apóstolo Pedro, sobre quem o Senhor fundou a Igreja,
disse expressamente que a profecia e a promessa do Senhor foram naquele
momento e ali cumpridas, como podemos reivindicar outro cumprimento
para nós próprios?” (Epístola a Marcela XLI, 2)
Em sua apologia contra Joviniano, o refuta e diz:
“Porém, dizes, a Igreja foi fundada sobre Pedro: ainda que em
outro lado o mesmo é atribuído a todos os Apóstolos, e eles recebem
todos as chaves do reino do céu, e a força da Igreja depende de todos
eles por igual, mas um dentre os doze é escolhido para que estando uma cabeça nomeada, não pudesse haver ocasião para cisma. Mas
por que não foi escolhido João, que era virgem? Foi prestada deferência
à idade, porque Pedro era o mais velho: alguém que era jovem, quase
diria um garoto, não podia ser posto sobre homens de idade avançada; e
um bom mestre que estava disposto a tirar toda a ocasião de contenda
entre os seus discípulos… não deve pensar-se que daria motivo de inveja
contra o jovem que tinha amado… Pedro é um Apóstolo, e João é um
Apóstolo; mas Pedro é somente um Apóstolo, enquanto João é um Apóstolo, e
um Evangelista, e um profeta. Um Apóstolo, porque escreveu às Igrejas
como mestre; um Evangelista, porque compôs um Evangelho, coisa que
nenhum outro dos Apóstolos, exceto Mateus, fez; um profeta, porque viu
na ilha de Patmos, onde tinha sido exilado pelo imperador Domiciano como
um mártir do Senhor, um Apocalipse contendo os ilimitados mistérios do
futuro… O escritor virgem expôs mistérios que não pôde expor o casado, e
para resumir brevemente tudo e mostrar quão grande foi o privilégio de
João, a Mãe virgem foi confiada pelo Senhor virgem ao discípulo virgem.”(Contra Joviniano I, 26)
Não há nada mais claro do que a leitura do mesmo São Jerônimo explicando que não só Cristo é chamado de rocha, mas também Pedro:
“Cristo não é o único a ser chamado de rocha, porque ele concedeu ao apóstolo Pedro que ele deveria ser chamado de rocha” (Jerônimo, comentários sobre Jeremias 3, 65)
CONCLUSÃO
Sabemos que outros padres que também interpretavam a passagem e, de
acordo com a doutrina católica, sustentavam duas interpretações: uma que
a rocha era a fé de Pedro e também o próprio Pedro, e Jerônimo mostra
claramente que Cristo falou que Pedro era a Pedra, isso devido
claramente que sendo fluente no grego Koiné, sabia realmente o que o
texto grego falava, portanto em seus escritos sustentou firmemente essa
interpretação. Logo em quem devemos acreditar, num dos maiores eruditos
no grego da história da Igreja Cristã ou nos protestantes? Que o leitor
decida!
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