Rio de Janeiro (Sexta-feira, 03-05-2013, Gaudium Press) -
Dom Orani João Tempesta, tratou em um artigo sobre o mês dedicado a
Nossa Senhora. Transcrevemos as reflexões do Arcebispo Metropolitano de
São Sebastião do Rio de Janeiro:
Iniciamos o mês de maio, dedicado à Bem
Aventurada Virgem Maria.
Tivemos a alegria de ter aqui no Rio de Janeiro
o primeiro seminário para refletir sobre trabalho e trabalhador: a
agenda social do trabalho! As conclusões serão levadas às nossas
autoridades. Porém, neste mês, muitas alegrias se descortinam em nosso
coração: a celebração das mães, no segundo domingo; a festa de Nossa
Senhora de Fátima, que neste ano para mim tem um especial significado,
porque estarei em Fátima a convite do Senhor Bispo de Leiria-Fátima,
para presidir as solenidades do dia 13 de maio, quando, a pedido do
próprio Papa Francisco, iremos consagrar o seu Pontificado à Materna
Proteção da Virgem que, através dos pastorinhos, convoca a todos para a
conversão do seguimento de Jesus Cristo. Como não lembrar, neste mês
mariano, das coroações de Nossa Senhora e dos apelos do Santo Padre para
a oração do rosário em família? Ainda teremos as solenidades da
Ascensão e Pentecostes, a Novena de Pentecostes, a Semana de Oração pela
Unidade dos Cristãos e o Dia Mundial das Comunicações Sociais.
O tempo urge e a Jornada Mundial da
Juventude já está a semanas de acontecer aqui no Rio de Janeiro. Também
colocamos a intenção de consagrar toda a JMJ, seus jovens,
colaboradores, organizadores a Maria, para que interceda por todos e nos
ensine a dizer "sim ao Senhor para que o seu plano de amor e salvação
se cumpra em nossas vidas".
Toda a vida de Maria, de cujo seio se
desprendeu e brilhou "a Luz que ilumina todo o homem que vem a este
mundo"(Io. 1, 9) se desenrola em comunhão íntima com Jesus: "Levando, na
terra, uma vida semelhante à do comum dos homens, cheia de cuidados
domésticos e de trabalhos, Ela a todo o momento se mantinha unida a Seu
Filho" (, 4), permanecendo na intimidade com o mistério do Redentor. Ao
longo desse caminho de colaboração na obra redentora, a sua própria
maternidade "veio a conhecer uma transformação singular, sendo cada vez
mais cumulada de "caridade ardente" para com todos aqueles a quem se
destinava a missão de Cristo"(, 39) e para os quais e no Qual, se vê
consagrada Mãe, aos pés da cruz: "Eis o teu filho"! Deste modo, tendo
Ela gerado Cristo, Cabeça do Corpo Místico, deveria também gerar os
membros do mesmo Corpo. Por isso "Maria abraça, com a sua nova
maternidade no Espírito, todos e cada um dos homens na Igreja; e abraça
também todos e cada um mediante a Igreja" (, 47). A Igreja, por sua vez,
não cessa de lhos consagrar.
A mensagem de Fátima é cheia de
esperança, exigente e ao mesmo tempo confortadora, anunciada a todos os
homens e mulheres de boa vontade, particularmente num mundo violento que
clama por paz e por justiça. É centrada na oração, na penitência e na
conversão, que se projeta para além das ameaças, perigos e horrores da
história, para convidar o homem a ter confiança na ação de Deus, a
cultivar a grande boa Esperança, a fazer experiência da graça do Senhor
para se enamorar d'Ele, fonte do amor e da paz.
Vivemos dias de grande violência urbana:
assistimos atônitos ao desrespeito para com as pessoas. Casas são
invadidas por criminosos que não respeitam mais a vida humana. Crianças e
idosos não são mais respeitados. Mata-se pelo simples gosto de "vingar"
quando não há produto lucrativo dos roubos nas residências, e também no
comércio, ou seja, em nossos trabalhos. Maria Santíssima nos traz uma
mensagem de paz, de confiança inabalável em Deus, em primeiro lugar,
para que possamos abrir nossos corações para uma conversão muito
profunda. Uma conversão de mudança de mentalidade: o povo brasileiro
sempre respeitou a família. O povo brasileiro sempre amou as crianças,
como Jesus. Nossa gente sempre respeitou a terceira e melhor idade. O
grande problema da violência reside não na diminuição da maioridade
penal, mas na revalorização da família. Nossos casais não devem ter medo
da maternidade, de constituírem famílias numerosas. Somente dentro de
um lar, alicerçado sob os valores do Evangelho, é que educaremos a
juventude para os valores de Deus, para a cidadania, para a
solidariedade, para a justiça e para o respeito à vida, como primado
principal do Filho de Deus e do cidadão.
Nesse sentido, Maria nos ensina pela sua
verdadeira devoção à imitação das suas virtudes, que Ela nos conduz
sempre a Jesus. Por isso, o saudoso Papa Paulo VI nos ensinou que:
"Porém, nem a graça do Redentor divino, nem a intercessão poderosa da
Sua Mãe e nossa Mãe espiritual, nem a sua excelsa santidade poderiam
conduzir-nos ao porto da salvação, se a tudo isso não correspondesse a
nossa perseverante vontade de honrar Jesus Cristo e a Virgem Santa com a
devota imitação das suas sublimes virtudes. É, pois, dever de todos os
cristãos imitar com espírito reverente os exemplos de bondade que lhes
foram deixados pela Mãe do Céu. É esta, veneráveis Irmãos, a outra
verdade sobre a qual nos agrada chamar a vossa atenção e a dos filhos
confiados aos vossos cuidados pastorais, para que eles aceitem
favoravelmente a exortação dos Padres do Concílio Vaticano II:
'Recordem-se os fiéis de que a devoção autêntica não consiste em
sentimentalismo estéril e passageiro ou em vã credulidade, mas procede
da fé verdadeira que nos leva a reconhecer a excelência da Mãe de Deus e
nos incita a um amor filial para com a nossa Mãe, e à imitação das suas
virtudes'. É a imitação de Jesus Cristo, indubitavelmente, o régio
caminho a percorrer para chegar à santidade absoluta do Pai celeste.
Mas, se a Igreja Católica sempre proclamou esta verdade tão sacrossanta,
também afirmou que a imitação da Virgem Maria, longe de afastar as
almas do fiel seguimento de Cristo, o torna mais amável, mais fácil; na
verdade, havendo Ela cumprido sempre a vontade de Deus, mereceu em
primeiro lugar o elogio que Jesus Cristo dirige aos discípulos: 'Todo
aquele que fizer a vontade de meu Pai que está nos Céus, esse é que é
meu irmão, minha irmã e minha mãe' (Mt 12,50)" (cf. Signum Magnum, 8).
A devoção mariana, particularmente pela
recitação do Rosário em nossas famílias, em nossas comunidades, em
nossas paróquias e em nossos trabalhos nos ajudará, neste mês abençoado,
a nos colocarmos na escola de Maria, que nos ensina a fazer sempre a
vontade de Jesus. Os mistérios contemplados no Rosário são de Jesus. A
repetição das Ave-Marias é um modo contemplativo de estar com Maria a
meditar nos mistérios de nossa salvação, porque o Rosário Mariano é
completamente cristológico.
Maria Santíssima nos ensina a sempre
fazer a vontade de Jesus. Por isso, neste mês vamos valorizar a
recitação do Terço em família e nas nossas comunidades. Convido todos a
fazerem peregrinação paroquial, de grupos, familiares, ou pessoais aos
nossos Santuários marianos de Nossa Senhora da Penha e de Nossa Senhora
de
Fátima, ganhando as graças necessárias adjuntas ao Ano da Fé.
Fátima, ganhando as graças necessárias adjuntas ao Ano da Fé.
Ser filho devoto de Maria nos educa a
fazer a vontade de Deus e a rezar nas necessidades da Igreja, pelo êxito
da JMJ, da qual a Virgem Aparecida é nossa padroeira, e rezar para
todos os que procuram a paz para testemunhar Jesus no mundo.
Rogai por nós, Santa Mãe de Deus, para
que sejamos dignos das promessas de Cristo! Amém, Aleluia! Bom mês de
maio, rosários nas mãos, pés no chão e olhos para o céu!
† Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ
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