10 maio 2013
Lendo alguns textos de Frei Ângelo Bernardo tive
a feliz constatação de que não estou sozinho na busca pela preservação
do sagrado, das coisas do Senhor. Em uma forma de desabafo, com a
autorização expressa do dito Frei, publico parte dos seus textos, em que
ele revela a sua indignação pela banalização do Culto Divino, ou como
ele mesmo diz, pela “missa que não foi ‘católica’”, isto é, infinitos
acréscimos, invenções, cantos, modas, contos e etc.
Frei Ângelo Bernardo revelou-se no último ano qual outro Santo
Antônio, como um “martelo dos hereges”. Seu artigo mais famoso e
publicado em diversos sites, é o “Não, não és franciscano”:
uma refutação à entrevista que Leonardo Boff deu à revista IstoÉ em
Maio de 2010. No momento, ele está preparando a segunda parte – e última
– em que abordará temas como “missas-show”, Padres famosos, pedofilia,
dentre outros temas polêmicos.
Exímio conhecedor dos documentos do Magistério da Igreja, como um
franciscano que é, não deixa de, a exemplo de São Francisco de Assis,
querer o melhor para O Senhor e nada para si. Por este motivo, tem
preparado muitos artigos que visam alertar o povo de Deus quanto aos
“lobos” que o assombra. É Irmão religioso, portanto, não é sacerdote e,
por isso mesmo, obviamente, não celebra o Santo Sacrifício da Missa.
Segundo ele, prefere ficar no anonimato, para que seja preservada a
sua “liberdade de expressão”, assim como o seu colega que anda em sua
mesma linha, Frei Clemente Rojão.
O texto que segue está sem as suas costumeiras citações documentais;
até porque, para saber mais profundamente das coisas que ele fala, aqui
mesmo no Salvem existem postagens que tratam dos termos aos quais ele se
refere.
*******
“Estou cansado de ter que procurar uma Santa Missa, com dignidade e
sem modas, como uma agulha no palheiro. Parece até uma sina: onde chego,
logo na porta principal da Igreja já está o cartaz com o convite para a
“Missa de Cura e Libertação”, com Padre Fulano de Tal… ou pior ainda,
quando olho para o outro lado do mural, está agendada a “Missa
Sertaneja”; no grupo de oração da semana que vem, “Missa Carismática”…
(ah, se Padre Pio ainda vivesse para ouvir o que fizeram com os ‘grupos
de oração’…). Por outro lado, quando encontro algumas pessoas que
costumam assistir a Santa Missa em sua forma extraordinária ou,
vulgarmente chamada de “Tridentina”, chamam-na de “Missa de Sempre”. É
que não tenho a pele branca para ver quão vermelho de irritação eu fico
quando ouço certos “jargões”.
“Missa de Cura e Libertação”, “Missa Sertaneja”, “Missa Carismática”,
“Missa de Sempre”… a que ponto chegamos! Manipular o único e eterno
memorial do Sacrifício do Calvário… quanto desgosto sinto! Acredito que
seja o mesmo que muitos, quando têm que aturar padres (e alguns até
‘muito bem preparados’, academicamente), falando abobrinhas
sentimentais…
Foi-se o tempo em que o início da Santa Missa era feito pelo Padre e
não pelos cantores; foi-se o tempo em que o ato penitencial levava a uma
contrição autêntica; foi-se o tempo em que o glória era um louvor ao
Pai e ao Cordeiro e não um “hino trinitário”; foi-se o tempo em que o
salmo era responsorial e não de “meditação”; foi-se o tempo em que a
homilia era o momento de catequese; foi-se o tempo em que o canto do
Sanctus proclamava, já antecipadamente, a vinda escatológica Do que vem
em nome do Senhor; foi-se o tempo em que, após a consagração, era o
momento de olhar o Senhor e adorá-lo e não cantar ou bater palmas, e que
apenas ‘quem falava eram os sinos’; foi-se o tempo em que a comunhão
era de joelhos e na boca; foi-se o tempo em que se guardava silêncio,
mesmo que breve, após a comunhão… enfim, foi-se o tempo de tantas
coisas… e estas “tantas coisas” geraram Santos, verdadeiros homens de fé
e uma fé madura, não infantilizada, à estatura de NSJC.
É certo que a Palavra de Deus é viva e eficaz e que nos toca ao
coração. Mas não se trata de banalizar ou denigrir o seu valor. Ela é
cortante e penetra o íntimo das nossas almas. A grande questão é o
desvio de foco. Se hoje temos concepções de “Missas” como essas, é
devido ao subjetivismo de tantos padres, ou seja, eles desviam o foco de
NSJC e levam-no para si. Também é certo que o sacerdote age in persona Christi, mas ele deve se re-cordar (= trazer ao coração) sempre o exemplo do Senhor Jesus Cristo que, “embora
sendo de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus,
mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e
assemelhando-se aos homens… Por isso, Deus o exaltou soberanamente…” (Fl 2,6-7.9).
Mas, o que realmente me deixa consternado é a manipulação da Santa
Missa para os gostos pessoais e intimistas de cada padre… E nem adianta
dizer que é o povo quem quer assim. Errado! Todo sacerdote (ou
presbítero, como queiram chamar), recebeu uma formação específica da
Santa Igreja Católica Apostólica e Romana. Ora, se assim o é, então,
deve obedecer, como prometeram no dia da sua ordenação a tudo o que está
escrito e não transgredir ou inventar ou, pior ainda, modificar, sem
poder algum para tal coisa. O povo recebe o que o padre dá.
Penso que o dever primeiro de cada sacerdote é a salvação e cura das
almas, a começar da sua própria. E rezo para que cada qual tenha
consciência do que faz e que temam o juízo. De fato, constato que muitos
já não têm mesmo medo da condenação eterna e se afugentam na
historinha: ah, o céu ou inferno é aqui e agora… Que Deus lhos perdoe
por tanta insanidade e falta de fé. Esta sim é a grande “crise” pela
qual muitos deveriam passar. Mas apenas o fazem no sentido mais fraco do
termo, que seja, modificação e não no sentido real da palavra, de
‘purificação’. Sim, é necessária uma grande purificação dos pensamentos,
palavras, atos e até de omissões!
Acredito que muitos dos que lêem o que escrevo fazem apenas com o
intuito de criticar ao final das leituras; mas se pararem para “pensar”,
isto é, avaliar onde está o ‘peso’ real das coisas, hão de concordar
que os erros não estão em quem lhos constatam; antes, estão nos que são
os sujeitos das situações, no caso, dos Padres em relação às concepções
da Santa Missa.
Concluindo esta breve conversa, dirijo-me aos “Ministros do Divino
Altar”. Se tiverem consciência de que cada um é realmente “um outro
Cristo nesta terra”, começarão a executar os seus ofícios com um
gostinho de céu, como uma antecipação já aqui e agora do Reino que
pregamos e anunciamos. Espero que ao ensinarem as ovelhas confiadas a
cada um, quando falarem em “Missa de Cura e Libertação”, “Missa
Sertaneja”, “Missa Carismática”, “Missa de Sempre”, façam com a
consciência de que em cada denominação errônea dessas, ainda assim, não
desviem o foco: NSJC!”
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