"É claro que o pecado é um produto
da liberdade do homem. Porém, no profundo dessa realidade humana,
existem fatores em ação que a colocam para além do meramente humano, na
área limite onde a consciência do homem, a sua vontade e a sua
sensibilidade estão em contato com as forças das trevas. Elas, de
acordo com São Paulo, estão ativas no mundo quase a ponto de dominá-lo
(Rm 7,7-25; Ef 2,2; 6,12)" (Papa João Paulo II, Exortação Apostólica à Reconciliação e à Penitência, julho 1993)
Neste trabalho, procuramos apresentar os
ensinamentos do Catecismo da Igreja Católica a respeito da existência
dos demônios, em linguagem simples, para ser mais acessível. Aqui não
há idéias particulares, mas somente o que a Igreja Católica atesta
serem verdades de fé em que todo católico deve acreditar.
Em resumo, a Igreja nos ensina que
existem seres chamados demônios, que eram anjos, autoconscientes e
inteligentes, que se revoltaram contra Deus, e que espalham o mal no
mundo. O chefe destes anjos é Lúcifer, chamado de Satanás ou Diabo.
É por isso que antes de receber os
sacramentos do Batismo, Crisma e Eucaristia o católico deve renunciar a
Satanás e todas as suas obras.
Os Anjos (§328-330)
A existência de seres espirituais,
não-corporais, que a Sagrada Escritura chama de anjos, é uma verdade de
fé. São criaturas puramente espirituais, dotadas de inteligência e
vontade. São criaturas pessoais e imortais. Superam em perfeição todas
as criaturas visíveis.
A Queda dos Anjos (§391-395)
A desobediência dos primeiros pais
(Adão e Eva) foi incitada por Satanás, o Diabo. Ele é um ser, um anjo
destronado. Antes ele era um anjo bom, criado por Deus. Mas agora ele
se opõe a Deus e por inveja, leva os homens à morte. O Diabo e os
outros demônios foram criados bons por Deus e se tornaram maus por sua
própria iniciativa.
Esses anjos cometeram um pecado. Essa
queda foi uma opção livre desses espíritos criados, que rejeitaram de
forma total e definitiva a Deus e o seu Reino. Temos um reflexo desta
rebelião nas palavras que o Tentador disse a nossos primeiros pais:
"Vocês serão como deuses."
O Diabo é pecador desde o princípio,
assassino desde o princípio e pai da mentira. Ele até chegou a tentar
desviar Jesus de sua missão. Pois Jesus se manifestou para destruir as
obras do Diabo.
Mas o poder de Satanás não é infinito.
Ele é poderoso por ser um espírito, mas é apenas uma criatura. Não pode
impedir a edificação do Reino de Deus. Ele age no mundo por ódio a
Deus e ao seu reino em Jesus Cristo.
Deus permite que o Diabo aja, e isso é
um grande mistério, mas nós sabemos que Deus coopera em tudo para o bem
daqueles que o amam.
Um Duro Combate (§407-411)
Pelo pecado original o Diabo adquiriu
uma certa dominação sobre o homem, embora este continue livre. O pecado
original causa a servidão debaixo do poder daquele que tinha o império
da morte, isto é, do Diabo.
O mundo está em uma situação dramática: o mundo inteiro está sob o poder do Maligno.
Mas Deus não nos abandonou. Deus
anunciou o combate entre a serpente (o Diabo) e a Mulher (Maria
Imaculada) e a vitória final de Jesus Cristo.
O Nome de Jesus (§434)
A Ressurreição de Jesus glorifica o
nome do Deus Salvador, pois a partir de agora é o nome de Jesus que
manifesta totalmente o poder supremo do nome acima de todo nome. Os
espíritos maus temem seu nome.
A Tentação de Jesus (§538-539)
Após o retiro de Jesus ao deserto,
Satanás o tentou por três vezes. Pela sua obediência a Deus, Jesus
tornou-se o vencedor do Diabo. Ele venceu o Tentador por nós.
Jesus Desceu à Mansão dos Mortos (§635)
Cristo desceu às profundezas da morte. Jesus, o Príncipe da vida, destruiu pela morte o dominador da morte, isto é, o Diabo.
Por isso, ao nome de Jesus todo joelho se dobra no Céu, na Terra e nos Infernos.
A Obra de Cristo na Liturgia (§1086)
Jesus nos libertou do poder de Satanás e da morte e nos transferiu para o reino do Pai.
O Batismo (§1237)
Como o Batismo significa a libertação
do pecado e do seu instigador, o Diabo, pronuncia-se um exorcismo sobre
o candidato. Este é ungido com o óleo dos catecúmenos ou então o
celebrante impõe-lhe a mão, e o candidato renuncia explicitamente a
satanás.
Exorcismo (§1673)
Quando a Igreja exige publicamente e
com autoridade, em nome de Jesus Cristo, que uma pessoa ou objeto sejam
protegidos contra a influência do maligno e subtraídos a seu domínio,
fala-se em exorcismo. Jesus o praticou e é dele que a Igreja recebeu o
poder e o encargo de exorcizar.
O exorcismo visa expulsar os demônios ou
livrar da influência demoníaca, e isto pela autoridade espiritual que
Jesus confiou à sua Igreja. Bem diferente é o caso de doenças,
sobretudo psíquicas, cujo tratamento depende da ciência médica. Antes
de celebrar o exorcismo, é importante ter certeza de que se trata de
uma presença do maligno e não de uma doença.
O Homem Imagem de Deus (§1708)
Pela sua paixão, Cristo livrou-nos de Satanás e do pecado.
A Idolatria (§2113)
Existe idolatria quando o homem presta
honra e adoração a uma criatura em lugar de Deus. Por exemplo: deuses
ou demônios - o satanismo.
A Mentira (§2482)
Mentira é dizer o que é falso com a
intenção de enganar. O Senhor denuncia na mentira uma obra do Diabo:
Vós sois do diabo, vosso pai, ... nele não há verdade: quando ele
mente, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira.
A Inveja (§2538)
É pela inveja do demônio que a morte entrou no mundo.
Livrai-nos do Mal (§2851-2855, 2864)
Neste pedido da oração do Pai-Nosso, o
Mal não é uma abstração (uma idéia, uma força, uma atitude), mas
designa uma pessoa: Satanás, o Maligno, o anjo que se opõe a Deus.
O Diabo é aquele que se atravessa no meio do plano de Deus e de sua obra de salvação realizada em Cristo.
Assassino desde o princípio, mentiroso e
pai da mentira, Satanás, sedutor de toda a terra habitada. Foi por ele
que o pecado e a morte entraram no mundo e é por sua derrota
definitiva que a criação toda inteira será liberta da corrupção do
pecado e da morte.
Nós sabemos que todo aquele que nasceu
de Deus não peca; o Gerado por Deus se preserva e o Maligno não o pode
atingir. Nós sabemos que somos de Deus e que o mundo inteiro está sob o
poder do Maligno.
O Senhor que arrancou vosso pecado e
perdoou vossas faltas está disposto a vos proteger e a vos guardar
contra os ardis do Diabo que vos combate, a fim de que o inimigo, que
costuma engendrar a falta, não vos surpreenda. Quem se entrega a Deus
não teme o Demônio. Se Deus é por nós, quem será contra nós?
A vitória sobre o príncipe deste mundo
foi alcançada, de uma vez por todas, na Hora em que Jesus se entregou
livremente à morte para nos dar a sua vida. É o julgamento deste mundo e
o príncipe deste mundo é lançado fora. Ele põe-se a perseguir a Mulher
(Maria), mas não tem poder sobre ela: a nova Eva, cheia de graça por
obra do Espírito Santo, é libertada do pecado e da corrupção da morte
(Imaculada Conceição e Assunção da Santíssima Mãe de Deus, Maria,
sempre virgem).
Enfurecido por causa da Mulher, o Dragão
foi então guerrear contra o resto dos seus descendentes. Por isso o
Espírito e a Igreja rezam: Vem, Senhor Jesus, porque sua Vinda nos
livrará do Maligno.
Ao pedir que nos livre do Maligno,
pedimos igualmente que liberte de todos os males, presentes, passados e
futuros, dos quais ele é autor ou instigador.
O príncipe deste mundo atribuíra a si
mentirosamente os três títulos de realeza, poder e de glória; Cristo, o
Senhor, os restitui a seu Pai e nosso Pai, até entregar-lhe o Reino
quando será definitivamente consumado o Mistério da salvação e Deus
será tudo em todos.
Neste pedido, "livrai-nos do mal", o
cristão pede a Deus, com a Igreja, que manifeste a vitória, já
alcançada por Cristo, sobre o Príncipe deste mundo, sobre Satanás, o
anjo que se opõe pessoalmente a Deus e a seu plano de salvação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário